MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(2a
Parte)
Damos seguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira. O estudo
será aqui apresentado em
20 partes.
Questões preliminares
A. Onde situar a gênese
da loucura e da
desarmonia mental que
verificamos na
atualidade em nosso
mundo?
R.: No próprio
comportamento da
criatura humana, porque
o que temos feito é
cevar e expandir o
egoísmo, a ambição, a
vaidade e a fantasia na
Crosta Planetária,
contraindo, assim,
pesados débitos e
escravizando-nos aos
tristes resultados de
nossas obras. No passado
mais remoto, as cidades
desapareciam pelo
massacre, ao gládio dos
conquistadores sem
entranhas, ou
estacionavam sob a onda
mortífera da peste
desconhecida. Hoje, as
coletividades ainda
sofrem o assédio da
espada homicida e as
guerras entre povos
continuam; mas, no lugar
de doenças terríveis que
a Ciência conseguiu
erradicar ou controlar,
como a febre amarela, a
cólera, a varíola, a
tuberculose, a lepra,
existe nova ameaça à
humanidade terrena, que
é o profundo
desequilíbrio, a
desarmonia generalizada,
as moléstias da alma,
que se ingerem, sutis,
solapando a sua
estabilidade. (No
Mundo Maior, cap. 2, pp.
27 a 29.)
B. O que é essencial ao
Espírito que deseja
progredir?
R.: A lição vem-nos do
instrutor Eusébio:
"Impossível é progredir
no século, sem atender
às obrigações da hora.
Torna-se imprescindível,
na atualidade, recompor
as energias, reajustar
as aspirações e
santificar os desejos".
"Não basta crer na
imortalidade da alma.
Inadiável é a iluminação
de nós mesmos, a fim de
que sejamos claridade
sublime." Para colimar
esse objetivo, diz ele
de modo peremptório e
direto: "Antes de mais
nada, importa elevar o
coração, romper as
muralhas que nos
encerram na sombra,
esquecer as ilusões da
posse, dilacerar os véus
espessos da vaidade,
abster-se do letal licor
do personalismo
aviltante, para que os
clarões do monte
refuljam no fundo dos
vales, a fim de que o
sol eterno de Deus
dissipe as transitórias
trevas humanas". O
Plano Superior, diz
Eusébio, espera de nós
muito mais: "Nossa meta,
meus amigos, não se
compadece com o
exclusivismo ególatra. A
Porta Divina não se abre
a espíritos que se não
divinizaram pelo
trabalho incessante de
cooperação com o Pai
Altíssimo". (Obra
citada, cap. 2, pp. 30 a
32.)
C. A ascensão espiritual
depende de quê?
R.:
Não devemos intentar o
vôo sem haver aprendido
a marcha.
Nos caminhos da carne é
necessário transitar com
a devida prudência. Não
indaguemos de direitos
prováveis que nos
caberiam no banquete
divino, antes de
liquidar os compromissos
humanos. Impossível o
título de anjos para
quem não se transformar,
primeiro, em criatura
ponderada. Soberanas e
indefectíveis leis nos
presidem aos destinos.
Deus prodigaliza
oportunidades a todos os
seus filhos, mas o
aproveitamento é obra
nossa. As máquinas
terrestres podem
alçar-nos o corpo
físico a consideráveis
alturas, mas o vôo
espiritual, com que nos
libertaremos da
animalidade, jamais o
desferiremos sem asas
próprias. Não devemos
cobiçar o repouso das
mãos
e dos pés; antes de
abrigar semelhante
propósito, procuremos a
paz interior na suprema
tranqüilidade da
consciência. Abandonemos
a ilusão, antes que a
ilusão nos abandone.
Somente os servos que
trabalham gravam no
tempo os marcos da
evolução; só os que se
banham no suor da
responsabilidade
conseguem cunhar novas
formas de vida e de
ideal renovador.
(Obra citada, cap. 2,
pp. 34 e 35.)
Texto
para leitura
9. Nossas quedas e
fracassos - Com tal
comportamento –
prosseguiu Eusébio –
fazemo-nos réprobos das
leis soberanas, que nos
enredam aos escombros da
morte, como náufragos
piratas por muito tempo
indignos do retorno às
lides do mar. A
conseqüência é
inevitável: enquanto
milhões de almas
desfrutam bons ensejos
de emenda e
reajustamento, de novo
entregues ao esforço
regenerativo nas cidades
terrestres, milhões de
outras deploram a
própria derrota,
perdidas no atro recesso
da desilusão e do
padecimento.
"Referimo-nos às bastas
multidões de almas
indecisas – disse
Eusébio –, presas da
ingratidão e da dúvida,
da fraqueza e da
dissipação, almas
formadas à luz da razão,
mas escravizadas à
tirania do instinto".
"Estudamos a ciência da
espiritualidade
consoladora desde os
primórdios da razão, e,
todavia, desde as épocas
mais remotas,
consagramo-nos ao
aviltamento e ao
morticínio." O
Instrutor reportou-se
então às várias etapas
evolutivas da humanidade
terrestre, lembrando
que, ao mesmo tempo em
que cantávamos hinos de
louvor com Krishna,
descíamos logo depois ao
vale do Ganges, matando
e destruindo para gozar
e possuir. O mesmo se
deu à época de Sidarta
Gautama, bem como nos
tempos distantes da
Esfinge, no Nilo, ou
entre os hebreus e
depois na Grécia.
"Chorávamos de comoção
religiosa em Atenas e
assassinávamos nossos
irmãos em Esparta.
Admirávamos Pitágoras, o
filósofo, e seguíamos
Alexandre, o
conquistador. Em Roma,
conduzíamos oferendas
valiosas aos deuses, nos
maravilhosos santuários,
exaltando a virtude,
para desembainhar as
armas, minutos depois,
no átrio dos templos,
disseminando a morte e
entronizando o crime" –
rememorou Eusébio,
acentuando que mesmo
sob a égide do
Cristianismo não tem
sido diferente. Primeiro
imolamos os mártires,
armando as fogueiras do
sectarismo religioso.
Depois, quando
Constantino nos abriu as
portas da dominação
política,
"convertemo-nos de
servos aparentemente
fiéis ao Evangelho em
criminosos árbitros do
mundo". "Pouco a pouco
esquecemos os cegos de
Jericó, os paralíticos
de Jerusalém, as
crianças do Tiberíades,
os pescadores de
Cafarnaum, para afagar
as testas coroadas dos
triunfadores, embora
soubéssemos que os
vencedores da Terra não
podem fugir à
peregrinação do
sepulcro." (Cap. 2, pp.
25 a 27)
10. Nossos celeiros
de luz estão vazios
- Hoje ainda, lembrou
Eusébio, passados quase
vinte séculos desde a
crucificação de Jesus,
benzemos baionetas e
canhões, metralhadoras e
tanques de guerra, em
nome do Pai, que faz
refulgir o sol da
misericórdia sobre
justos e injustos. "É
por esta razão que
nossos celeiros de luz
permanecem vazios. O
vendaval das paixões
fulminantes de homens e
de povos passa ululante,
de um a outro pólo, a
semear maus presságios",
asseverou o Instrutor,
relembrando que o Cristo
nos exortou a buscar as
manifestações do Pai em
nosso próprio íntimo,
mas o que temos feito é
cevar e expandir
unicamente o egoísmo, a
ambição, a vaidade e a
fantasia na Crosta
Planetária. Contraímos,
assim, pesados débitos e
escravizamo-nos aos
tristes resultados de
nossas obras,
deixando-nos ficar,
indefinidamente, na
messe dos espinhos. Eis
a gênese da loucura e da
desarmonia mental que se
verificam nos tempos
atuais em nosso mundo.
No passado mais remoto,
as cidades desapareciam
pelo massacre, ao gládio
dos conquistadores sem
entranhas, ou
estacionavam sob a onda
mortífera da peste
desconhecida.
Atualmente, as
coletividades ainda
sofrem o assédio da
espada homicida e as
guerras entre povos
continuam; mas, no lugar
de doenças terríveis que
a Ciência conseguiu
erradicar ou controlar,
como a febre amarela, a
cólera, a varíola, a
tuberculose, a lepra,
existe nova ameaça à
humanidade terrena, que
é o profundo
desequilíbrio, a
desarmonia generalizada,
as moléstias da alma,
que se ingerem, sutis,
solapando a sua
estabilidade. (Cap. 2,
pp. 27 a 29)
11. O problema da
alienação mental -
Eusébio estabeleceu
estreita correlação
entre as hostilidades
que se viam então na
Terra e o nosso passado
sombrio, caracterizado
pela opressão e pela
maldade, em que o homem
sempre viveu, odiando-se
uns aos outros. "Homens
e nações perseguem o
mito do ouro fácil;
criaturas sensíveis
abandonam-se aos
distúrbios das paixões;
cérebros vigorosos
perdem a visão interior,
enceguecidos pelos
enganos da personalidade
e do autoritarismo",
asseverou o palestrante,
advertindo que,
conduzidos por ambições
desvairadas, os filhos
da Terra abeiram-se de
novo abismo, que o olhar
conturbado não lhes
permite perceber. "Esse
hiante vórtice, meus
irmãos, – acentuou o
palestrante – é o da
alienação mental, que
não nos desintegra só os
patrimônios celulares da
vida física, senão
também nos atinge o
tecido sutil da alma,
invadindo-nos o cerne do
corpo perispiritual".
"Quase todos os quadros
da civilização moderna
se acham comprometidos
na estrutura
fundamental." O
Instrutor explicou,
então, ser preciso
mobilizar todas as
forças ao nosso alcance,
a serviço da causa
humana. O trabalho
salvacionista não
constitui exclusividade
da religião: é
ministério comum a
todos, porque virá um
dia em que o homem há de
reconhecer a presença
divina em toda a parte.
É preciso, porém, que
todos os que buscam
orientação para esse
trabalho sublime, não
esqueçam a luz própria.
Não devemos contar com
archotes alheios para a
jornada, lembrando-nos
de que, nos planos do
sofrimento regenerador,
nas vizinhanças da
carne, choram
amargamente milhões de
criaturas que abusaram
do concurso dos bons,
precipitando-se nas
trevas ao demandarem o
mundo espiritual,
porque, displicentes e
recalcitrantes,
esquivaram-se a todas
as oportunidades de
acender a própria
lâmpada. "Aborreciam os
atritos da luta,
elegeram o gozo corporal
como objetivo supremo de
seus propósitos na
Terra; e, quando a morte
lhes cerrou as pálpebras
saciadas, passaram a
conhecer uma noite mais
longa e mais densa,
referta de angústias e
de pavores", acrescentou
o Instrutor. (Cap. 2,
pp. 29 e 30)
12. O que é essencial
ao homem - Eusébio
aludiu, em seguida, ao
motivo que levava os
amigos ali presentes a
buscar orientação
espiritual para seus
trabalhos. Todos
desejavam cooperar na
sementeira do porvir. O
Instrutor asseverou que,
sem dúvida, a intenção
não podia ser mais
nobre. Era, contudo,
indispensável considerar
a necessidade de
integração, por parte
de todos, no dever de
cada dia. "Impossível é
progredir no século, sem
atender às obrigações da
hora. Torna-se
imprescindível, na
atualidade, recompor as
energias, reajustar as
aspirações e santificar
os desejos", esclareceu
o Instrutor. "Não basta
crer na imortalidade da
alma. Inadiável é a
iluminação de nós
mesmos, a fim de que
sejamos claridade
sublime." Eusébio foi,
então, peremptório e
direto: "Antes de mais
nada, importa elevar o
coração, romper as
muralhas que nos
encerram na sombra,
esquecer as ilusões da
posse, dilacerar os véus
espessos da vaidade,
abster-se do letal licor
do personalismo
aviltante, para que os
clarões do monte
refuljam no fundo dos
vales, a fim de que o
sol eterno de Deus
dissipe as transitórias
trevas humanas". Dos
vanguardeiros da fé
viva, exige-se a cabal
demonstração de estarem
certos da
espiritualidade divina.
O Plano Superior não
quer a incorporação de
devotos famintos de um
paraíso beatífico.
Espera-se de nós muito
mais. "Nossa meta, meus
amigos, não se compadece
com o exclusivismo
ególatra. A Porta Divina
não se abre a espíritos
que se não divinizaram
pelo trabalho incessante
de cooperação com o Pai
Altíssimo", advertiu o
palestrante. O solo do
Planeta representa o
círculo de colaboração
que o Senhor nos confia.
"Recolhei o orvalho
celeste no escrínio do
coração sedento de paz;
contemplai as estrelas
que nos acenam de longe,
como sublimes ápices da
Divindade; todavia, não
olvideis o campo de
lutas presentes",
complementou Eusébio.
(Cap. 2, pp. 30 a 32)
13. O amor que atende
supera a crença que
espera - O Instrutor
Eusébio referiu-se, na
seqüência de sua
palestra, à necessidade
de não restringirmos
Deus entre as paredes de
um templo qualquer da
Terra, porque a nossa
missão essencial é
converter todo o planeta
no templo augusto de
Deus. Para os obreiros
realmente decididos e
valorosos, já passou a
fase de experimentação
fútil, de investigações
desordenadas, de
raciocínios periféricos.
"Vivemos – disse Eusébio
– a estruturação de
sentimentos novos,
argamassando as colunas
do mundo vindouro, com a
luz acesa em nosso campo
íntimo". Por isso ele
não se dirigia aos que
ainda sonham na clausura
do "eu", enredados nos
mil obstáculos da
fantasia que lhes
cristaliza as
impressões. "Alimentemos
a esperança renovadora
– propôs Eusébio. – Não
invoqueis Jesus para
justificar anseios de
repouso indébito. Ele
não atingiu as
culminâncias da
Ressurreição sem subir
ao Calvário, e as suas
lições referem-se à fé
que transporta
montanhas". "Não
reclamemos, pois,
ingresso em mundos
felizes, antes de
melhorar o nosso próprio
mundo." A seguir, ele
aludiu aos sopros da
onda evolucionista que
varrem os ambientes da
Terra, fazendo ruir
princípios convencionais
tidos antes como
invioláveis. A mente
humana estava sendo
compelida a transições
angustiosas. A
subversão de valores, a
experiência social e o
processo acelerado de
seleção pelo sofrimento
coletivo perturbam os
tímidos e os
invigilantes, que
representam esmagadora
maioria em toda parte.
Para atendê-los, é
preciso ter, primeiro,
harmonia interior,
aquisição espiritual
somente acessível no
templo do Espírito.
"Faz-se, pois, mister
acendamos o coração em
amor fraternal, à frente
do serviço. Não bastará,
em nossas realizações, a
crença que espera;
indispensável é o amor
que confia e atende,
transforma e eleva, como
vaso legítimo da
Sabedoria Divina",
acentuou o Instrutor,
que em seguida
conclamou: "Sejamos
instrumentos do bem,
acima de expectantes da
graça. A tarefa demanda
coragem e suprema
devoção a Deus. Sem que
nos convertamos em luz,
no círculo em que
estivermos, em vão
acometeremos a sombra,
aos nossos próprios
pés". (Cap. 2, pp. 32 a
34)
14. A
evolução requer esforço
e trabalho
- A seguir, Eusébio
destacou a importância
da evangelização das
relações entre as
esferas visíveis e
invisíveis, que ele
considerava, naquele
momento, tão necessária
quanto a evangelização
das pessoas. Mostrou
também a necessidade da
oração e do trabalho
construtivo, que nos
permitem vincular-nos
aos planos superiores,
que suprem a cada um de
nós segundo a justa
necessidade. Era
preciso ter compreensão
melhor da vida. As
ordenações que nos
prendem na paisagem
terrena, por mais
ásperas ou
desagradáveis,
representam a Vontade
Suprema. Os obstáculos
não podem ser
contornados pela fuga
deliberada: é preciso
vencê-los, utilizando a
vontade e a
perseverança, que
ensejam crescimento de
nossos próprios valores.
Nos caminhos da carne é
necessário transitar com
a devida prudência.
"Atendei – disse o
Instrutor – as
exigências de cada dia,
rejubilando-vos por
satisfazer as tarefas
mínimas. Não intenteis o
vôo sem haver aprendido
a marcha. Sobretudo, não
indagueis de direitos
prováveis que vos
caberiam no banquete
divino, antes de
liquidar os
compromissos humanos.
Impossível é o título de
anjos, sem serdes,
antes, criaturas
ponderadas. Soberanas e
indefectíveis leis nos
presidem aos destinos".
E o palestrante
reportou-se a uma
verdade em que raramente
meditamos: "As
facilidades concedidas
aos espíritos
santificados, que
admiramos, são
prodigalizadas a nós,
por Deus, em todos os
lugares. O
aproveitamento, porém, é
obra nossa. As máquinas
terrestres podem
alçar-vos o corpo
físico a consideráveis
alturas, mas o vôo
espiritual, com que vos
libertareis da
animalidade, jamais o
desferireis sem asas
próprias". Eusébio
lembrou ainda que a
consolação e a amizade
dos benfeitores nos
enriquecerão de
conforto, como suaves e
abençoadas flores da
alma; contudo, fenecerão
como as rosas de um dia,
se não fertilizarmos o
coração com a fé e o
entendimento, com a
esperança
inquebrantável e o amor
imortal, sublimes adubos
que permitirão o seu
desenvolvimento no
terreno de nosso esforço
sem tréguas. "Não
cobiceis o repouso das
mãos e dos pés; antes de
abrigar semelhante
propósito, procurai a
paz interior na suprema
tranqüilidade da
consciência", advertiu
Eusébio. "Abandonai a
ilusão, antes que a
ilusão vos abandone.
Empolgando a chefia da
própria existência,
deixai plantado o bem na
esteira de vossos
passos. Somente os
servos que trabalham
gravam no tempo os
marcos da evolução; só
os que se banham no suor
da responsabilidade
conseguem cunhar novas
formas de vida e de
ideal renovador." (Cap.
2, pp. 34 e 35)
(Continua no próximo
número.)