A Revue Spirite
de 1860
Allan Kardec
(Parte
10)
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1860. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 11
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Qual é o efeito do
bem que se pratica?
Muito recebe aquele que
muito ajuda. Quem faz o
bem à custa de sua
própria felicidade,
ensina o Espiritismo,
pode desviar o rigor de
muitas provas.
(Revue Spirite, p. 363.)
B. O que é preciso
observar no Espiritismo?
Segundo o Espírito de
Lamennais, o que é
preciso observar no
Espiritismo é a moral
cristã, que, na opinião
desse Espírito,
sobrepuja os ensinos
mais sublimes da
Antigüidade. (Obra
citada, p. 364.)
C. Nas sessões
presididas por Kardec, o
Codificador também fazia
apelo geral aos
Espíritos, sem os evocar
nominalmente?
Sim. A Revue revela que
Kardec também fazia
apelo geral aos
Espíritos sofredores
presentes à sessão que
quisessem se manifestar,
sem nomear nenhum em
especial. (Obra
citada, p. 382.)
D. Como Kardec via o
Cristianismo e as idéias
cristãs?
O Codificador os via com
respeito e chegou a
afirmar que o
Espiritismo se apóia
essencialmente no
Cristianismo e não vem
substituí-lo, mas
completá-lo. "Nas
fraldas do Cristianismo
encontram-se os germes
do Espiritismo; se eles
se repelissem
mutuamente, um renegaria
o seu filho, o outro, o
seu pai", asseverou
Kardec. (Obra citada,
pp. 384 e 385.)
Texto para leitura
208. Kardec,
reportando-se a uma
mensagem atribuída a
Homero, afirma que não
existe um só médium que
se possa gabar de jamais
ter sido enganado. A
propósito da mensagem
atribuída a Homero, cuja
identidade é de difícil
verificação, diz o
Codificador que o fato
mais saliente dela foi a
revelação do sobrenome
de Homero, que os
médiuns ignoravam. (PP.
353 a 355)
209. É um erro, afirma
Kardec, pensar que só se
pode aprender com os
Espíritos dos grandes
homens. Embora só esses
possam nos dar lições de
alta filosofia teórica,
pode-se colher proveito
das comunicações dos
outros, onde, de certo
modo, surpreendemos a
natureza em flagrante.
(P. 356)
210. É o caso de
Baltazar, o Espírito
gastrônomo, que informou
que Espíritos como ele
não têm necessidade de
comer ou beber, mas têm,
sim, o desejo de
fazê-lo. Diz Baltazar
que seu corpo fluídico
possui um estômago, mas
de natureza fluídica,
onde só os aromas podem
passar. (P. 357)
211. O Espírito de
Delphine de Girardin
fala sobre a mudança que
se opera no Espírito
após o transe da morte.
"Ele se evapora dos
despojos que abandona,
como uma chama se
desprende do foco que a
produziu; depois se dá
uma grande perturbação e
essa dúvida estranha:
estou morto ou vivo?"
(P. 361)
212. A Revue traz uma
mensagem sobre os
órfãos, assinada por
Jules Morin. (N.R.:
Essa mensagem foi
incluída no cap. XIII,
item 18, d'O Evangelho
segundo o Espiritismo,
sob o nome de um
Espírito familiar.)
(PP. 362 e 363)
213. Aquele que faz o
bem à custa de sua
própria felicidade --
afirma um Espírito --
pode desviar o rigor de
muitas provas. (P. 363)
214. O Espírito de
Lamennais, asseverando
que a moral ensinada
pelo Cristo sobrepuja os
ensinos mais sublimes da
Antigüidade, diz que o
que é preciso observar
no Espiritismo é a moral
cristã. (P. 364)
215. Falando sobre o
tempo perdido, Massillon
(Espírito) diz que Deus
nos haverá de pedir
contas da missão que nos
foi confiada. Que lhe
responderemos então? (P.
365)
216. O Espírito de
Channing diz que devemos
ter mais firmeza nos
nossos trabalhos
espíritas, porque, assim
como ocorreu com São
Paulo, seremos
perseguidos, não na
carne, mas em espírito.
(P. 367)
217. Lázaro (Espírito)
diz que não existe um
meio infalível para
distinguir a natureza
dos Espíritos, se
abdicarmos da razão, da
comparação, da
reflexão, as três
faculdades
indispensáveis para
fazê-lo em segurança.
(P. 368)
218. O Espírito de
Francisco de Salles
recomenda: Quando
quiserdes receber
comunicações de bons
Espíritos, importa vos
prepareis para esse
favor pelo recolhimento,
pelas intenções sãs e
pelo desejo de fazer o
bem, visando ao
progresso geral. (P.
370)
219. Georges (Espírito)
diz que o Espiritismo
deve ser e será a
consolação e a esperança
dos corações feridos
pela justiça humana.
Assim, é sobretudo ao
povo que os verdadeiros
espíritas devem
dirigir-se, como outrora
os apóstolos, espalhando
por todos os lados a
doutrina consoladora.
(P. 371)
220. A quem quer tudo
saber, diz Massillon
(Espírito), ninguém
chegará a conhecer a
maravilhosa Natureza
senão pelo trabalho
perseverante, nem
entrever o infinito de
Deus senão pela prática
da caridade. (P. 372)
221. Kardec fala sobre
Maria de Jesus D'Agreda,
a religiosa nascida em
Castela (Espanha) em
2-4-1602, a qual, em
estado de êxtase,
transportou-se mais de
quinhentas vezes, de
1622 a 1630, até o Novo
México, e ali doutrinou
os nativos. (PP. 372 a
376)
222. Kardec anuncia para
dezembro de 1860 o livro
"O Espiritismo
Experimental", que na
verdade sairia em 1861
com o nome de "O Livro
dos Médiuns". (P. 377)
223. Comentando a
variedade dos assuntos
tratados na Revue
Espírita, Kardec explica
que tal diversidade não
exclui o método e que a
desordem é nela apenas
aparente. "A variedade
repousa o espírito, mas
a ordem lógica ajuda a
inteligência. O que nos
esforçamos por evitar é
fazer de nossa Revue uma
coletânea indigesta",
diz o Codificador. (P.
380)
224. A Revue mostra que
Kardec também fazia
apelo geral, sem nomear
nenhum em especial, aos
Espíritos sofredores
presentes à sessão que
quisessem se manifestar.
O registro é da sessão
de 2-11-1860. (P. 382)
225. Falando sobre o
objetivo dos trabalhos
da Sociedade Espírita de
Paris, definido por São
Luís em novembro de
1858, diz Kardec que ali
se buscaria sempre a
compreensão dos fatos
espíritas, mas também o
sentimento do amor,
visto que a caridade e a
benevolência mútua
deveriam ser o objetivo
dos seus esforços, o
laço a uni-los, a fim de
mostrar com seus
exemplos o verdadeiro
objetivo do Espiritismo.
(PP. 382 e 383)
226. Alfred de Musset
fala sobre a arte
espírita, valendo-se de
uma notável comparação:
"O verme é verme;
torna-se bicho da seda,
depois borboleta. Que há
de mais aéreo, de mais
gracioso do que uma
borboleta? Então! a arte
pagã é o verme; a arte
cristã é o casulo; a
arte espírita será a
borboleta". (P. 384)
227. Kardec diz que tal
imagem não significa
diminuir o valor da
idéia cristã, visto que
o Espiritismo se apóia
essencialmente no
Cristianismo e não vem
substituí-lo, mas
completá-lo. "Nas
fraldas do Cristianismo
encontram-se os germes
do Espiritismo; se eles
se repelissem
mutuamente, um renegaria
o seu filho, o outro, o
seu pai", assevera
Kardec. (PP. 384 e 385)
(Continua no próximo
número.)