MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(3a
Parte)
Damos seguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. A vida na colônia
espiritual em que André
se achava era muito
diferente do que ocorre
em nosso plano?
R.: Não muito. O
trabalho na colônia era
intenso, com escassas
horas reservadas a
excursões de
entretenimento, mas o
ambiente de felicidade e
alegria favorecia a
marcha evolutiva. Os
templos constituíam
abençoados núcleos de
conforto e de
revigoramento e nas
associações culturais e
artísticas encontrava-se
a continuidade da
existência terrestre,
enriquecida, porém, de
múltiplos elementos
educativos. O campo
social regurgitava de
oportunidades
maravilhosas para a
aquisição de afeições
inestimáveis e os lares
erguiam-se entre jardins
encantadores. Não
faltavam ali
determinações e
deveres, ordem e
disciplina, mas a
serenidade era o clima
habitual, e a paz, a
dádiva de cada dia.
(No Mundo Maior, cap. 3,
pp. 38 a 40.)
B. O arrependimento é
importante no processo
de regeneração dos
indivíduos?
R.: Sim. O
arrependimento é caminho
para a regeneração, mas
não um passaporte para o
céu, como se ensina em
determinados núcleos
evangélicos. Sua
importância é, no
entanto, muito grande.
(Obra citada, cap. 3,
pp. 39 e 40.)
C. Como o assistente
Calderaro define a
revolta e a
perversidade?
R.: Calderaro disse a
André Luiz que é preciso
compreender a
perversidade como
loucura, a revolta como
ignorância e o desespero
como enfermidade. Ante a
perplexidade do
discípulo, ele explicou
que essas definições não
eram dele. Foram
aprendidas com Jesus, em
seu trato divino com a
nossa posição de
inferioridade na Terra.
(Obra citada, cap. 3,
pp. 40 e 41.)
Texto
para leitura
15. Os ociosos são
considerados sugadores
da Terra -
Destacando o valor do
trabalho e da
responsabilidade,
Eusébio referiu que os
ociosos, sejam eles
monarcas, príncipes,
ministros, legisladores,
sacerdotes ou generais,
classificam-se na ordem
dos sugadores da Terra.
Esses não chegam a
assinalar sua
permanência provisória
na Crosta; adejam como
insetos multicores, mas
tornam depois à poeira
de que se alçaram
temporariamente. É
fundamental, portanto,
estando no corpo de
carne, valer-nos da luz
para as edificações
necessárias. O
desequilíbrio
generalizado e
crescente invade os
departamentos da mente
humana. Os conflitos
ideológicos persistem.
Estabelecida a trégua
nas lutas
internacionais, surgem
as guerras civis,
armando irmãos contra
irmãos. A indisciplina
fomenta greves; a ânsia
de libertação perturba o
domicílio dos povos.
Encarnados e
desencarnados de
tendências inferiores
colidem ferozmente, aos
milhões. Lares inúmeros
transformam-se em
ambientes de
inconformação e
desarmonia. O homem
duela consigo mesmo no
atual processo
acelerado de transição.
"Equilibrai-vos, pois, –
conclamou Eusébio – na
edificação necessária,
convictos de que é
impossível confundir a
Lei ou trair-lhe os
ditames universais!" As
palavras do Instrutor
foram concluídas com
bela e sentida prece, em
que ele invocou as
bênçãos divinas para a
assembléia. Sublimes
manifestações de luz
fizeram-se, então,
sentir sobre todos.
Findo o encontro, os
companheiros encarnados
começaram a retirar-se
em silêncio. Calderaro
apresentou André Luiz a
Eusébio, que o recebeu
com afabilidade e doçura
e, após incentivá-lo no
trabalho que ele vinha
realizando, disse-lhe
ser inadiável servir,
encarecendo as
necessidades de
assistência espiritual
amontoadas em toda a
parte, a reclamar
cooperadores abnegados e
fiéis. (Cap. 2, pp. 35 a
37)
16. Arrependimento
não constitui passaporte
para o Céu - André
Luiz fornece informações
interessantes sobre a
vida na colônia
espiritual em que,
então, se achava. O
trabalho era intenso,
com escassas horas
reservadas a excursões
de entretenimento, mas o
ambiente de felicidade e
alegria, que ali fruía,
favorecia a marcha
evolutiva. Os templos
constituíam, por si sós,
abençoados núcleos de
conforto e de
revigoramento. Nas
associações culturais e
artísticas encontrava-se
a continuidade da
existência terrestre,
enriquecida, porém, de
múltiplos elementos
educativos; o campo
social regurgitava de
oportunidades
maravilhosas para a
aquisição de afeições
inestimáveis; os lares
erguiam-se entre jardins
encantadores; não
faltavam ali
determinações e
deveres, ordem e
disciplina; entretanto,
a serenidade era o clima
habitual, e a paz, a
dádiva de cada dia.
Certo, a primeira
sensação depois da morte
corpórea fora o choque.
O imprevisto o
empolgara. Ele
continuava vivendo,
apenas sem a máquina
fisiológica; porém, as
possibilidades de
crescimento espiritual
haviam aumentado
infinitamente. Em suma,
a passagem pelo sepulcro
conduzira-o a uma vida
melhor. Mas... e os
milhões que transpõem o
limiar da morte,
permanecendo apegados à
Crosta? André diz então
que incalculáveis
multidões desse gênero
mantêm-se na fase
rudimentar do
conhecimento; possuem
apenas informações
primárias da vida;
exoram amparo
espiritual, como as
tribos primitivas pedem
o concurso dos homens
civilizados; precisam
desenvolver faculdades,
como as crianças
necessitam de crescer;
não permanecem chumbadas
à esfera carnal por
maldade, mas como
crianças que se
conchegam ao seio
materno; guardam da
existência apenas a
lembrança do campo
sensitivo, reclamando a
reencarnação quase
imediata, quando não
lhes é possível a
matrícula nos
educandários
espirituais. E tudo isso
sem falar nas falanges
de criminosos e
transviados que se
agitam e consomem, por
vezes, inúmeros anos
entre a revolta e o
desespero,
personificando hórridos
gênios da sombra, mas
que sempre terminam a
louca corrida nos
desvãos escuros do
remorso e do sofrimento,
penitenciando-se, por
fim, de suas
perversidades. "O
arrependimento é, porém,
caminho para a
regeneração e nunca
passaporte direto para o
céu", diz André, razão
pela qual esses
infelizes formam quadros
vivos de padecimento e
de horror. (Cap. 3, pp.
38 a 40)
17. Modificando
conceitos - Em
várias experiências
André vira tais
entidades, assumindo
formas desagradáveis ao
olhar. Nos casos de
obsessões,
convertiam-se em algozes
recíprocos, ou, então,
em verdugos frios dos
encarnados; quando na
erraticidade, aterravam
sempre pelos espetáculos
de dor e de miséria sem
limites. Era forçoso,
contudo, convir que
todos, felizes ou
desventurados,
atravessaram portas
idênticas e até mesmo,
em muitos casos,
abandonaram o invólucro
carnal sob o assédio de
doenças análogas. É que
a Divina Lei não concede
paraísos de favor, nem
estabelece infernos
eternais: cada pessoa
colhe o que plantou.
Algumas dessas
desventuradas criaturas
apresentavam, porém,
uma condição melhor. Os
que André conhecera nas
câmaras retificadoras
reconheciam suas
próprias faltas e sabiam
que gozavam de créditos
espirituais, mercê de
certas forças
intercessoras. Outros,
não. Eram os ignorantes,
os revoltados, os
perturbadores e os
impenitentes, de alma
impermeável às
advertências
edificantes, os
enfatuados e os vaidosos
dos mais variados
matizes, perseverantes
no mal, dissipadores da
energia anímica, em
atitudes perversas
diante da vida. Por que
motivo se demoravam
tanto no hemisfério
obscuro da
incompreensão? por que
adiavam a recepção da
luz? era deliberada sua
atitude? Os traços
fisionômicos de muitos
deles pareciam
monstruoso desenho, a
provocar ironia e
piedade. Que lei regeria
a estereotipagem de suas
formas? Essas dúvidas
foram propostas ao
Assistente Calderaro,
que, antes de qualquer
digressão, pediu a André
Luiz modificasse certos
conceitos. "Para
transformar-nos em
legítimos elementos de
auxílio aos Espíritos
sofredores,
desencarnados ou não,
é-nos imprescindível –
esclareceu o Assistente
– compreender a
perversidade como
loucura, a revolta como
ignorância e o desespero
como enfermidade". Ante
a perplexidade do
discípulo, Calderaro
asseverou que essas
definições não eram
dele. Foram aprendidas
com Jesus, em seu trato
divino com a nossa
posição de inferioridade
na Terra. (Cap. 3, pp.
40 e 41)
18. O cérebro
divide-se em três
regiões distintas -
Calderaro esclareceu
que a cegueira do
Espírito é fruto da
espessa ignorância em
manifestações
primárias, ou da
obnubilação da razão nos
estados de aviltamento
do ser. "Nosso
interesse, no socorro à
mente desequilibrada, é
analisar este último
aspecto da sombra que
pesa sobre as almas",
acentuou o Assistente.
Era preciso, pois,
estudar mais detidamente
o cérebro do encarnado
e o do desencarnado em
posição desarmônica,
porque aí se situa o
órgão de manifestação da
atividade espiritual. O
tempo, porém, era
escasso para esses
estudos. Calderaro
propôs, então, a André
aprenderem juntos, em
serviço, afirmando que o
verbo gasto no trabalho
do bem "é cimento divino
para realizações
imorredouras".
"Conversaremos, pois,
servindo aos nossos
semelhantes de modo
substancial, e nosso
lucro será crescente",
acrescentou o
Assistente. Foi o que
fizeram. Em minutos,
ambos penetraram vasto
hospital, detendo-se
diante do leito de certo
enfermo que Calderaro
deveria socorrer.
Abatido e pálido, o
enfermo mantinha-se
unido a deplorável
entidade desencarnada,
em míseras condições de
inferioridade e de
sofrimento. O doente,
embora tenso e imóvel,
não percebia com os
olhos físicos o
Espírito que o
martirizava. Pareciam
visceralmente jungidos
um ao outro, tal a
abundância de fios
tenuíssimos que
mutuamente os
entrelaçavam, desde o
tórax à cabeça,
parecendo dois
prisioneiros de uma rede
fluídica. Os
pensamentos de um deles
com certeza viveriam no
cérebro do outro. Era
visível, para André, o
fluxo de comuns
vibrações mentais.
Examinando o cérebro do
enfermo encarnado, André
pôde notar que as
circunvoluções separadas
entre si, reunidas em
lobos, igualmente
distantes uns dos
outros pelas cissuras,
davam-lhe a idéia de um
aparelho elétrico, quase
indevassado pelos
homens. E, com grande
surpresa, percebeu,
pela primeira vez, que
as irradiações emitidas
pelo cérebro continham
diferenças essenciais.
Cada centro motor
assinalava-se com
peculiaridades diversas,
através das forças
radiantes. A província
cerebral, pelos sinais
luminosos, dividia-se em
três regiões distintas.
(Cap. 3, pp. 42 a 44)
(Continua no próximo
número.)