A Revue Spirite
de 1860
Allan Kardec
(Parte 11
e final)
Concluímos nesta edição
o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1860. O texto condensado
do volume citado foi
aqui publicado com base
na tradução de Júlio
Abreu Filho publicada
pela EDICEL.
Questões preliminares
A. É certo dizer, como o
Sr. Louis Figuier, que
as manifestações
espíritas são modernas?
Não. Na análise que fez
do livro "História do
Maravilhoso", do Sr.
Figuier, Kardec afirmou
que é falso dizer que as
manifestações espíritas
são inteiramente
modernas, visto que em
todas as épocas há
registros inúmeros de
manifestações dos
chamados mortos. (Revue
Spirite, p. 387.)
B. Qual a receita para
nos livrarmos de um
Espírito que nos
atormente?
Segundo o Codificador do
Espiritismo, ninguém se
livra de um Espírito por
meio da cólera ou de
ameaças, mas pela
paciência, e além disso
é preciso dominá-lo pelo
ascendente moral
e buscar torná-lo melhor
por meio de bons
conselhos. (Obra
citada, p. 397.)
C. O que pode ocorrer,
na vida espiritual, a
uma pessoa que nunca
ajudou a ninguém?
Cada caso tem,
obviamente, suas
particularidades. No
caso de Clara, que nunca
ajudou a ninguém na
Terra, a revista
registra a informação de
que seu sofrimento
crescia dia a dia e, por
isso, ela maldizia as
horas de egoísmo e de
esquecimento em que,
desconhecendo toda
caridade, todo
devotamento, só pensara
aqui no seu bem-estar!
(Obra citada, pp. 402
e 403.)
D. Que é preciso para
adquirir as virtudes?
Para isso, diz Delphine
de Girardin (Espírito),
é preciso trabalhar,
pois a fortuna moral não
se lega com a fortuna
material. "Para vos
depurardes, é preciso
passar por vários corpos
que levam com eles, em
cada despojamento, uma
parte das vossas
impurezas", afirmou o
Espírito. (Obra
citada, pp. 407 e 408.)
Texto para leitura
228. A teogonia pagã e a
mitologia não passam
também, segundo Kardec,
de um quadro da vida
espírita poetizada pela
alegoria. (P. 384)
229. O Codificador
afirma ainda que a arte
cristã se ressente da
austeridade de sua
origem e inspira-se no
sofrimento dos primeiros
adeptos, cujas
perseguições impeliram
os homens ao isolamento
e à reclusão. (P. 385)
230. O Espiritismo abre,
pois, para a arte um
campo novo, imenso e
ainda não explorado.
Quando o artista
trabalhar com convicção,
como trabalharam os
artistas cristãos,
colherá nessa fonte as
mais sublimes
inspirações. (P. 386)
231. Kardec conclui sua
análise do livro
"História do
Maravilhoso", do Sr.
Louis Figuier, e afirma
que é falso dizer, como
faz Figuier, que as
manifestações espíritas
são inteiramente
modernas. (P. 387)
232. Na seqüência, o
Codificador destaca o
progresso incrível das
idéias espíritas, às
quais nenhuma imprensa
prestou o seu concurso,
e informa que a 2a
edição d'O Livro dos
Espíritos esgotou-se em
quatro meses. (PP. 387 e
388)
233. Para o Sr. Figuier,
a filosofia exposta n'O
Livro dos Espíritos é
obsoleta e a moral,
adormecedora. Sem
dúvida, diz Kardec, ele
teria preferido uma
moral galhofeira e viva:
"Mas que fazer? É uma
moral para uso da alma;
aliás, ela teria sempre
uma vantagem: a de fazer
dormir. É, para ele, uma
receita em caso de
insônia". (P. 395)
234. O Espírito que se
identificou como
Baltazar (veja o item
210) é na verdade o
Sr. G... de la R...,
indivíduo conhecido por
suas excentricidades,
sua fortuna e seus
gostos gastronômicos,
que confessa que seu
apego à vida material
"materializou" seu
Espírito a tal ponto,
que lhe seria preciso
muito tempo para quebrar
todos os laços terrenos
das paixões que o
prendiam à Terra. (PP.
395 e 396)
235. Kardec analisa o
caso de um assinante da
Revue que era
atormentado por um
Espírito, num processo
de obsessão simples. A
pedido dele, o
Codificador explicou
que ele não se livraria
do Espírito nem pela
cólera, nem pelas
ameaças, mas pela
paciência, e que era
ainda preciso dominá-lo
pelo ascendente moral
e buscar torná-lo melhor
pelos bons conselhos.
(P. 397)
236. Consultado, o
obsessor confessou que
agia assim por inveja.
Kardec comenta o caso
dizendo que a inveja
cega e por vezes impele
o homem a atos
contrários a seus
interesses, seja no
espaço como na Terra.
(P. 399)
237. A Revue traz uma
mensagem de um Espírito
culpado, que afirma que
nossas dores terrenas
jamais nos permitirão
compreender as angústias
de uma alma que sofre
sem tréguas, sem
esperança, sem
arrependimento. (P. 401)
238. O Espírito de
Clara, que nunca ajudara
a ninguém na Terra, diz
que sua desgraça crescia
dia a dia, e maldizia as
horas culpadas, as horas
de egoísmo e de
esquecimento em que,
desconhecendo toda
caridade, todo
devotamento, só pensava
no seu bem-estar! (P.
402)
239. "Crês, então, que
preces isoladas e o meu
nome pronunciado
bastarão para acalmar o
meu sofrimento? Não, cem
vezes não. Tenho rugido
de dor; erro sem
repouso, sem asilo, sem
esperança, sentindo o
eterno aguilhão do
castigo penetrar em minh'alma
revoltada", eis o
desabafo de Clara. (P.
403)
240. O guia espiritual
da médium comentou a
comunicação de Clara
dizendo que ela não
matou, não roubou, nem
cometeu crime algum aos
olhos humanos. Apenas
divertia-se com aquilo a
que chamamos felicidade
terrena: beleza,
fortuna, prazeres,
adulação, tudo lhe
sorria e nada lhe
faltava. Mas ela foi
egoísta, só amou a si
mesma e agora ninguém a
ama. (P. 403)
241. Alfred de Musset
(Espírito) diz que os
pais da Igreja, que
fundaram essa religião
sublime em sua origem,
eram mais espíritas do
que nós e pregavam a
mesma doutrina ensinada
pelo Espiritismo:
caridade, bondade,
esquecimento, perdão e
abnegação. (P. 404)
242. O Espírito de
Delphine de Girardin
disserta sobre a
reencarnação e sua
lógica e afirma que
basta olhar para dentro
de nós mesmos para
acharmos as provas da
reencarnação. (P. 407)
243. Para adquirir a
virtude, é preciso
trabalhar, diz Delphine.
A fortuna moral não se
lega com a fortuna
material: "Para vos
depurardes, é preciso
passar por vários corpos
que levam com eles, em
cada despojamento, uma
parte das vossas
impurezas". (P. 408)
244. Falando sobre o dia
de Finados, Charles
Nodier (Espírito)
esclarece que nessa data
os Espíritos vão aos
cemitérios porque os
pensamentos e as preces
dos seres amados ali se
apresentam. (P. 408)
245. Nodier assevera:
"Conforme a maneira por
que tiverdes vivido aqui
embaixo, sereis
recebidos perante Deus.
Que é a vida, afinal de
contas? Uma curtíssima
emigração do Espírito na
Terra; tempo,
entretanto, em que pode
amontoar um tesouro de
graças ou preparar-se
para cruéis tormentos".
(P. 408)
246. Lamennais
(Espírito) compara o
mundo atual a Lázaro e
exclama: "Ó mundo! tu
pareces Lázaro: nada te
pode devolver a vida;
teu materialismo, tuas
torpezas, teu ceticismo
são outras tantas faixas
que envolvem o teu
cadáver, e cheiras mal,
pois há muito que estás
morto. Quem te gritará
como a Lázaro: Em
nome de Deus,
levanta-te? É o
Cristo que obedece ao
apelo do Espírito Santo.
Século, a voz de Deus se
fez ouvir! Estarás mais
podre do que Lázaro?"
(PP. 409 e 410)