SÉRGIO LUIZ
CAMPANI
campani@volume4.com.br
Araraquara, São
Paulo (Brasil)
Questionamentos
Interiores
No universo
literário
espírita
brasileiro o
romance
mediúnico ocupa
espaço
considerável.
Inaugurado nos
anos 1940 por
Chico Xavier e
Waldo Vieira,
com autorias de
Emmanuel e André
Luiz, o gênero é
hoje responsável
pela presença de
muitas centenas
de títulos nas
estantes das
livrarias. Não
só nas estantes,
mas também nas
listas de mais
vendidos.
Infelizmente nem
todos merecem
estar nas
livrarias. É
produção
mediúnica de
autenticidade
duvidosa, em que
o interesse
comercial fala
mais alto. Em
outra
oportunidade
esse tema será
retomado aqui.
Se há uma farta
produção de
romances
mediúnicos, o
mesmo não se dá
com os
não-mediúnicos.
Poucos títulos
estão
disponíveis.
Apareceu há
pouco no
mercado, nessa
categoria, o
romance
Questionamentos
Interiores,
lançado pela
Mythos Editora,
de São Paulo. O
autor é o jovem
Rodinei Carlos
de Moura, de
Matão-SP. Aos 30
anos, Rodinei
lança seu
segundo livro, o
primeiro
romance.
Em 151 páginas,
o autor utiliza
como argumento
para sua
história um
acidente aéreo
no qual
desencarna um
grupo de jovens
recém-formados
na universidade
e que eram muito
unidos pela
amizade. No
plano
espiritual,
depois do
período de
adaptação, eles
se encontram
novamente,
reunidos por um
mentor
espiritual. São
informados de
uma nova
reencarnação,
após curso
preparatório. Na
nova
experiência,
entretanto, não
estariam mais
reunidos,
devendo seguir
caminhos
diversos.
A partir dessa
situação, o
autor relata a
nova experiência
de cada um dos
seus
personagens, que
vivenciam
problemas
existenciais tão
comuns nos
nossos dias.
Assim, desfilam
pelas páginas de
Questionamentos
Interiores
personalidades
ponderadas,
entusiasmadas,
arrogantes,
pacíficas,
questionadoras,
sonhadoras,
pragmáticas,
racionais,
pessimistas.
Alegrias,
decepções,
descaminhos,
mágoas,
angústias vão
compor o clima
em que são
mergulhadas
essas
personalidades,
no cumprimento
da Lei segundo a
qual a cada um é
dado segundo
suas obras.
Colhem o que
plantaram no
passado. Ao
mesmo tempo
plantam de novo
aquilo que vão
colher mais
tarde com dor e
sofrimento.
Ao relatar os
dramas e
inquietações dos
seus personagens
o autor introduz
em cada história
a presença de
alguém para ser
o porta-voz das
esperanças e
consolações que
o Espiritismo
oferece por
socorro aos
sofredores. É o
dirigente do
Centro Espírita,
o orador, a mãe
devotada, o pai
compreensivo, o
amigo sincero, o
filho ou filha
já esclarecidos
nas verdades da
Espiritualidade.
Aqui o autor tem
o grande mérito
de buscar na
base da Doutrina
Espírita os
textos de que se
vale para os
aconselhamentos
que coloca na
boca desses
personagens.
Revela possuir
uma formação
doutrinária
assentada na
Codificação.
Em tempos
atuais, em que
tanto se ouve
falar, em nome
do Espiritismo,
de teorias
inovadoras que
só desfiguram a
pureza
doutrinária e
que,
infelizmente,
vão sendo
amplamente
disseminadas em
livros e em
centros
espíritas, o trabalho de Rodinei se contrapõe como um alento contra essa
tendência.