A Revue Spirite
de 1861
Allan Kardec
(4a
Parte)
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1861. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 14
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Que significado tinha
entre os antigos o
vocábulo deus?
O vocábulo deus
tinha então um
significado muito
elástico: era uma
qualificação genérica,
aplicada a todo ser que
lhes parecia elevar-se
acima do nível da
humanidade. Esse foi, em
substância, o princípio
da Mitologia. Os deuses
não eram senão os
Espíritos de simples
mortais, que se
manifestavam naquela
época, como hoje se dá.
O Cristianismo despojou
esses deuses de
seu prestígio e o
Espiritismo os reduziu
ao seu justo valor,
mostrando que só existe
um Deus, o Criador de
todas as coisas. (Revue
Spirite de 1861, pp. 126
e 127.)
B. Pode uma pessoa, uma
semana depois de
desencarnada, ter dúvida
de sua própria morte?
Sim, e isso é mais comum
do que se pensa. A
Revue menciona o
caso Jules Michel que,
morto aos 14 anos e
evocado oito dias depois
de sua morte, tinha
dúvida de haver morrido.
Falando de sua
desencarnação, ele
disse: “Estava
entorpecido; queria
mover-me e não podia; as
mãos estavam molhadas de
suor e sentia um grande
trabalho em meu corpo;
depois nada mais senti e
despertei muito
aliviado; não sofria
mais e estava leve como
uma pluma. Então me vi
em meu leito e contudo
não estava nele...”
(Obra citada, pp. 131 e
132.)
C. Kardec aprovava as
reuniões mediúnicas com
público?
Não. O Codificador
rejeitava essa idéia por
entender que primeiro a
pessoa deve estudar para
depois assistir às
manifestações. Afirmou
Kardec: “O Espiritismo é
uma Ciência e, como
qualquer ciência, não se
aprende brincando.”
(Obra citada, pp. 140 a
142.)
Texto para leitura
55. Kardec diz então que
a questão das mesas e
pranchetas é
inteiramente acessória e
não a principal. Elas
foram o prelúdio dos
grandes e poderosos
meios de comunicação,
como o alfabeto é o
prelúdio da leitura
corrente. (PP. 114 e
115)
56. Mostrando a
utilidade da
mediunidade, Kardec
lembra que não faltam os
inimigos no mundo dos
Espíritos. Lá como cá,
os mais perigosos são os
que não conhecemos. O
Espiritismo prático nos
permite conhecê-los. (P.
116)
57. A
Revue transcreve a
análise que o Sr.
Escande fez, no jornal
Mode Nouvelle, da
obra “História do
Maravilhoso”, do Sr.
Louis Figuier. (P. 117 a
125)
58. Analisando um artigo
publicado pelo
Siècle de
4-2-1861, Kardec diz que
entre os antigos o
vocábulo deus
tinha um significado
muito elástico: era uma
qualificação genérica,
aplicada a todo ser que
lhes parecia elevar-se
acima do nível da
humanidade. Tal é, em
substância, o princípio
da Mitologia. Os deuses
não eram senão os
Espíritos de simples
mortais, que se
manifestavam naquela
época, como hoje se dá.
(PP. 126 e 127)
59. O Cristianismo
despojou esses deuses
de seu prestígio e o
Espiritismo os reduziu,
hoje, ao seu justo
valor, mostrando que só
existe um Deus, o
Criador de todas as
coisas. (P. 127)
60. Alfred Leroy, de 50
anos, fisionomia
distinta, enforcou-se a
caminho de Charenton.
Numa carta achada em seu
bolso, Alfred diz que
recorreu ao suicídio por
haver sido abandonado à
própria sorte. Evocado
uma semana depois, na
Sociedade Espírita de
Paris, seu Espírito
disse que o suicídio era
uma prova contra a qual
tinha de lutar. (PP. 127
e 128)
61. São Luís,
esclarecendo o caso
Leroy, disse que a
expiação e o sofrimento
seriam a conseqüência do
seu gesto, porque a
culpa é bem maior quando
o homem é levado ao
suicídio por haver
sucumbido à tentação.
(PP. 130 e 131)
62. Jules Michel, morto
aos 14 anos e evocado
oito dias depois de sua
morte, tinha dúvida de
haver morrido. Ele podia
ver sua mãe e seus
irmãos, e mesmo o seu
corpo, deitado, todo
duro, mas sentia não
estar mais nele. (P.
131)
63. Jules Michel
explicou, falando de sua
desencarnação: “Estava
entorpecido; queria
mover-me e não podia; as
mãos estavam molhadas de
suor e sentia um grande
trabalho em meu corpo;
depois nada mais senti e
despertei muito
aliviado; não sofria
mais e estava leve como
uma pluma. Então me vi
em meu leito e contudo
não estava nele...” (P.
132)
64. Mensagem enviada a
Kardec pelo Conde X...,
de Roma, diz que, não
sendo uma lei nova, o
Espiritismo está
destinado a restabelecer
a unidade da crença,
pois ele é a confirmação
e o esclarecimento do
Cristianismo. (PP. 133 e
134)
65. Falando sobre a
inveja nos médiuns, o
Espírito de Luos diz que
há muitos médiuns que se
tornam vãos, em vez de
humildes, à medida que
seus dons se
desenvolvem, e repelem
com isso comunicações
importantes. (P. 137)
66. No médium -- conclui
Luos -- a inveja é tão
temível quanto o
orgulho. Não é
mostrando-se invejoso
dos dons do vizinho que
o médium receberá dons
semelhantes. (P. 138)
67. Comentando a
mensagem, Kardec diz que
os Espíritos simpatizam
com os médiuns em razão
de suas qualidades ou de
seus defeitos; ora, os
defeitos que mais
afastam os bons
Espíritos são o orgulho,
o egoísmo e o ciúme. (P.
138)
68. Em seu discurso
anual na Sociedade
Espírita de Paris,
Kardec rejeita a idéia
de se tornarem públicas
as sessões da Sociedade,
reafirmando que primeiro
a pessoa deve estudar
para depois assistir às
manifestações. (P. 140)
69. O Espiritismo é uma
Ciência -- assinala
Kardec -- e, como
qualquer ciência, não se
aprende brincando. (P.
142)
70. Outra crítica feita
à Sociedade, segundo
lembrou Kardec, diz que
ela se ocupava de coisas
insignificantes, por
abster-se de tratar de
questões políticas e
religiosas. Kardec
refutou, em seu discurso
anual, essa crítica. (P.
143)
71. Kardec agradeceu, em
sua fala, o concurso
recebido não só dos
Espíritos, mas também
dos médiuns, afirmando
que o mundo dos
Espíritos os espera e lá
todos os devotamentos
serão compensados, na
medida do desinteresse,
da humildade e da
abnegação aqui
demonstrados. (P. 144)
72. Aludindo aos
princípios básicos do
Espiritismo, Kardec diz
que todas as
comunicações que lhe
chegam de fora os têm
confirmado, até mesmo no
tocante à reencarnação,
aceita agora pela força
da evidência. (P. 145)
(Continua no próximo
número.)