RICARDO BAESSO
DE OLIVEIRA
kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora,
Minas Gerais
(Brasil)
Hormônio do amor
Existem
evidências
rigorosamente
científicas de
que a
generosidade, a
cordialidade e o
amor fraterno
são fatores
geradores de
saúde e
longevidade.
Muitos estudos
realizados em
várias partes do
mundo têm
mostrado que
indivíduos que
desenvolvem
tarefas
altruístas, como
voluntários em
grupos
religiosos ou
ONGs preocupadas
com o bem-estar
dos mais
necessitados,
adoecem menos e
vivem mais.
Até então não se
sabia como isso
se dava.
Pesquisas
recentes têm
mostrado a
possibilidade de
um hormônio,
denominado
ocitocina, ser o
responsável
pelos efeitos
positivos das
qualidades
morais sobre a
saúde humana.
A ocitocina é
uma substância
produzida pelo
hipotálamo e
armazenada na
hipófise
posterior.
Quando liberada
na circulação
sanguínea,
promove a
liberação de
leite durante a
lactação e a
contração
uterina no
parto. Isso já
se sabe, há
muitos anos. A
novidade é a
seguinte: a
ocitocina
liberada no
sistema nervoso
central age de
forma bem
diferente,
influenciando
várias funções
orgânicas e
psíquicas. Ela
inibe dois
sistemas
importantes, o
Sistema nervoso
simpático
(reduzindo a
liberação de
Noradrenalina e
Adrenalina) e a
produção de
cortisol pelas
glândulas
supra-renais. As
conseqüências
dessa inibição
são: dilatação
dos vasos
sanguíneos,
diminuição do
trabalho
cardíaco, queda
da pressão
arterial,
relaxamento
muscular,
diminuição da
tensão e
sensação de
bem-estar. Isso
é tudo o que nós
precisamos para
viver mais e
melhor.
A ocitocina
definitivamente
deixou de ser
apenas um
hormônio
associado à
lactação e
parto. Suas
funções
pró-sociais já
incluem a
formação de
laços afetivos
entre mães e
filhos e entre
namorados, o que
tem levado
alguns
pesquisadores a
denominá-la de
“hormônio do
amor”.
Segundo um
estudo da
Universidade de
Zurique, um
pouquinho de
ocitocina
pingada no nariz
de casais
prestes a
começar uma
discussão
diminui o
estresse e deixa
os casais mais
propensos a
“abrir seu
coração” durante
a briga.
Uma tese de
mestrado
realizada na
Faculdade de
Ciências
Farmacêuticas de
Ribeirão Preto
mostrou que
ocitocina
aplicada de
forma intranasal
reduziu
significativamente
o estresse
advindo de ser
obrigado a falar
em público.
Cientistas da
Claremont
Graduate
University
estudaram os
efeitos da
ocitocina em
voluntários que
deveriam decidir
se davam ou não
dinheiro a
estranhos.
Segundo os
pesquisadores,
os que receberam
o hormônio
ofereceram 80%
mais dinheiro
que aqueles que
tomaram um
placebo.
Em artigo
publicado em
2005, na revista
Nature,
outra
experiência
apontou a
ocitocina como
um hormônio do
bem. Um spray de
ocitocina foi
aplicado a 194
jovens
universitários,
para um estudo
realizado por
pesquisadores de
Zurique, na
Suíça. Depois do
contato com a
substância, eles
deveriam
encontrar um
banqueiro para
decidir o
destino de seus
investimentos.
Resultado: duas
vezes mais
investidores
confiaram
dinheiro aos
bancos, por
conta da
substância. Isso
indicaria que
ela também
desperta a
reação de
confiança.
Curiosamente o
hormônio está
presente em
níveis bem
superiores nas
mulheres que nos
homens. Talvez
isso possa
representar a
causa da maior
valorização do
compromisso por
parte das
mulheres, que
são muito mais
fiéis que os
homens em suas
relações
afetivas.
A
neuroendocrinologista
Sue Cartes, de
Illinois, nos
Estados Unidos,
descobriu que
camundongos,
cujo cérebro
responde à
ocitocina, são
mais fiéis, e
que estímulos
como carinho,
calor e
experiências
agradáveis
aumentam os
níveis dessa
substância.
Todas essas
descobertas são
muito
esclarecedoras e
começam a
construir uma
ponte entre os
valores morais e
o bem-estar
físico e mental,
no entanto, a
ciência
encontra-se
ainda um pouco
distante da
chave que abre o
cofre da real
compreensão de
todos esses
processos. Só a
“Psicologia
Integral”, na
feliz expressão
de Gabriel
Delanne, vai
equacionar
definitivamente
tudo isso: o
Espírito,
através de sua
poderosa
energia, via
perispírito,
sensibiliza o
cérebro, e este,
então, através
de substâncias
específicas,
como a ocitocina,
age promovendo
as respostas
desejadas no
corpo – veículo
transitório
desse mesmo
Espírito em
direção a um
futuro
venturoso.