ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
Contradição só
na aparência
“Tendo olhos,
não vedes? e,
tendo ouvidos,
não ouvis?”
Jesus (Mc.,
8:18.)
A carta de Paulo
aos Coríntios
(1) permanece –
ainda – plena de
atualidade:
“(...) Não que
sejamos capazes,
por nós, de
pensar alguma
coisa, como de
nós mesmos;
mas a nossa
capacidade vem
de Deus,
o qual nos
fez também
capazes de ser
ministros dum
novo testamento,
não da letra,
mas do espírito;
porque a
letra mata, mas
o espírito
vivifica”.
Não raras
criaturas, com
ares de
auto-suficiência
acoplada a muita
presunção e
petulância,
percorrem em
leitura
dinâmica, “a
vol d`oiseau”,
as letras
evangélicas,
atropelando os
conceitos e, com
as distorcidas
lentes da
ignorância,
concluem que o
Meigo Rabi é
contraditório e
que Seus ensinos
estão defasados
frente à
realidade
hodierna, quão
eivados de
paradoxos...
A
“capacidade”
deles vem deles
mesmos e não de
Deus, conforme
assinala Paulo;
por isso têm
olhos e não
vêem, têm
ouvidos e não
ouvem. Suas
ilações ficam na
“horizontal”
da letra que
mata, sem
conseguir alçar
o vôo na
“vertical”
do espírito que
vivifica. E
assim permanecem
incrédulos e
escarnecedores
até que a
misericórdia
divina os atenda
em seu tremedal
de ignorância.
Os ensinamentos
de Jesus são
eternos e não
passarão. Ele
não perdia
oportunidade de
encaminhar as
criaturas para o
auto-aprimoramento.
Há que se
considerar as
injunções e
circunstâncias
de cada
ensinamento, o
seu momento
psicológico de
nuanças muito
sutis...
Assim, quando
Jesus disse ao
Mancebo de
Qualidade:
“Vai, vende tudo
o que tens e dá
aos pobres”
e em outra
oportunidade
repreende a
Judas por querer
vender o bálsamo
que a
ex-equivocada
derramava em
Seus pés,
alegando que
podia vendê-lo e
dar o dinheiro
aos pobres, o
paradoxo é
aparente apenas.
O Moço Rico
precisava da
lição do
desprendimento,
vez que o apego
à riqueza era o
único laço que o
impedia de
progredir
espiritualmente,
enquanto que o
bálsamo
derramado em
Seus pés era a
forma daquela
mulher
demonstrar o seu
carinho e
agradecimento a
Jesus – que
disse: “Os
pobres sempre os
tereis
convosco”.
Quando o Meigo
Rabi perguntou
(2): “Quem é
minha mãe, quem
são meus
irmãos?”,
Ele não estava
menosprezando
Sua
consangüinidade,
pois que o
mandamento
“honrar pai e
mãe” não foi
revogado.
Apenas, naquele
momento queria
mostrar a
imperiosa
necessidade de
colocarmo-nos
todos sob a
custódia de
Deus,
fazendo-Lhe a
vontade.
Ao enunciar:
“Não vim trazer
a paz, mas a
espada”,
absolutamente
não estava
incentivando
estados de
beligerância,
mas apenas
queria dizer que
Seus
ensinamentos
iriam dividir,
muitas vezes na
mesma casa,
aqueles que os
aceitariam e os
que os
rechaçariam,
esgrimindo entre
si a espada da
intolerância.
Jesus é o
Pacificador do
mundo!...
Onde quer que
chegasse, sempre
saudava assim:
“Paz seja
convosco!...”
Como poderia
estimular a
guerra?
Jesus, nosso
Mestre Maior,
“modelo e guia
mais perfeito”,
jamais entrou em
contradição, que
só é apontada
por aqueles que
se comprazem nos
abissais
desníveis da
ignorância,
enovelados em
falsos conceitos
e preocupados
tão-somente em
incensar a
própria ambição
e sua
pseudo-auto-suficiência,
nada admitindo
que possa
modificar seu
“modus-vivendi”
e muito menos de
que existe algo
acima deles.
Com tais, nada
se pode fazer
senão
entregá-los à
própria sorte,
pois só Deus e o
tempo lograrão
alterar sua
indigência
espiritual em
alcandorada
emancipação,
albergando-os em
Sua infinita
misericórdia,
mas, sem
embargo,
permitindo que
Seus mensageiros
“lhes
submetam a
vontade rebelde
ao controle da
dupla ação do
freio e da
espora porque a
nossa capacidade
vem d`Ele para
vermos o
espírito que
vivifica além da
letra que mata”.
Referências:
(2)
Jesus. (Mt.,
12:48.)