MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
11)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Nos processos
obsessivos, que
representa o remorso?
R.: O remorso é sempre o
ponto de sintonia entre
o devedor e o credor, e
muitos enfermos da alma,
como o jovem Marcelo,
mencionado neste livro,
trazem a consciência
fustigada de remorsos
cruéis. (No Mundo
Maior, cap. 8, pp. 110 a
112.)
B. A epilepsia decorre
sempre de alterações no
encéfalo?
R.: Diz Calderaro, neste
livro, que o fenômeno
epileptóide mui
raramente ocorre por
meras alterações no
encéfalo, mas é,
geralmente, enfermidade
da alma, independente do
corpo físico, que apenas
registra, nesse caso,
as ações reflexas. Céu e
inferno, em essência,
são estados
conscienciais; se alguém
agiu contra a Lei,
ver-se-á dentro de si
mesmo em processo
retificador, tanto tempo
quanto seja necessário.
Assim como há inúmeras
enfermidades para as
desarmonias do corpo, há
outras inúmeras para os
desvios da alma.
(Obra citada, cap. 8,
pp. 112 e 113.)
C. Que remédio é
essencial à cura das
enfermidades da alma?
R.: Não é possível
curá-las à força de
processos
exclusivamente
objetivos. É
indispensável penetrar a
alma, devassar o cerne
da personalidade,
melhorar os efeitos
socorrendo as causas.
Não se restauram corpos
doentes sem os recursos
do Médico Divino das
almas, que é Jesus
Cristo. Os fisiologistas
farão muito, tentando
retificar a disfunção
das células; no entanto,
é mister intervir nas
origens das
perturbações. Segundo
Calderaro, é preciso
entender que o homem,
por sua conduta, pode
vigorar a própria alma,
ou lesá-la. "O caráter
altruísta, que aprendeu
a sacrificar-se para o
bem de todos, estará
engrandecendo os
celeiros de si mesmo, em
plena eternidade; o
homicida, esparzindo a
morte e a sombra em sua
cercania, estabelece o
império do sofrimento e
da treva no próprio
íntimo." (Obra
citada, cap. 8, pp. 119
e 120.)
Texto
para leitura
58. O caso Marcelo
- Concluída a oração em
família, as entidades
espirituais se
retiraram, enquanto os
encarnados entravam em
carinhosa conversação. O
pai estava feliz e
Marcelo lhe disse estar
bem e maravilhado com
os excelentes resultados
que vinha colhendo nas
reuniões de
quinta-feira. Os ataques
noturnos – disse ele –
não mais voltaram. À
medida que ele se
esforçava no
conhecimento das
verdades divinas,
cooperando com sua
própria vontade no
terreno da aplicação das
lições recebidas,
sentia-se cada vez
melhor, recuperando a
saúde perdida. Quando
se distraía da
necessidade de elevação,
as perturbações voltavam
com intensidade e,
nessas ocasiões,
despertava alta noite
com os membros cansados
e doloridos, com
evidentes sinais das
convulsões... Agora,
porém, que se consagrava
à tarefa
espiritualizante,
reconhecia que os passes
recebidos de sua mãe
eram mais eficientes.
"Estou mais receptivo –
disse Marcelo – e
observo que a boa
vontade é fator decisivo
em meu bem-estar". O
caso do jovem foi
resumido por Calderaro.
Ele possuía, como quase
todos nós, um pretérito
intensamente vivido nas
paixões e excessos da
autoridade. Senhor de
vigorosa inteligência,
planou em altos níveis
intelectuais, de onde
nem sempre desceu para
confortar ou socorrer.
Portador de vários
títulos honoríficos,
muitas vezes os
esqueceu,
precipitando-se na vala
comum dos caprichos
criminosos. Chegada a
época da colheita,
experimentou
sofrimentos atrozes.
Inúmeras vítimas o
esperavam além do
sepulcro, e arremeteram
contra ele, retendo-o
longo tempo nas regiões
inferiores, onde
saciaram velhos
propósitos de vingança,
seviciando-lhe a
organização
perispiritual. Marcelo,
em plena sombra de
consciência, rogou,
chorou e penitenciou-se
vastos anos. Por mais
que suplicasse e por
muito que insistissem os
elementos
intercessórios, a
ansiada libertação
demorou muitíssimo,
porque o remorso é
sempre o ponto de
sintonia entre o
devedor e o credor, e
ele trazia a consciência
fustigada de remorsos
cruéis. Os
desequilíbrios
perispiríticos
flagelaram-no, assim,
logo que atravessou o
pórtico do túmulo,
obstinando-se anos a
fio... (Cap. 8, pp. 110
a 112)
59. Epilepsia e
oração - Calderaro
explicou que o fenômeno
epileptóide mui
raramente ocorre por
meras alterações no
encéfalo, e, geralmente,
é enfermidade da alma,
independente do corpo
físico, que apenas
registra, nesse caso,
as ações reflexas. Céu e
inferno, em essência,
são estados
conscienciais; se alguém
agiu contra a Lei,
ver-se-á dentro de si
mesmo em processo
retificador, tanto tempo
quanto seja necessário.
Assim como há inúmeras
enfermidades para as
desarmonias do corpo, há
outras inúmeras para os
desvios da alma. Depois
de muitos padecimentos,
Marcelo viu clarearem-se
seus horizontes
internos, tendo afinal
logrado entender-se com
prestimoso orientador
espiritual, a quem se
ligara no passado
remoto. Ele o socorreu e
amparou e contou-lhe que
seus familiares mais
queridos já se
encontravam de novo
encarnados, em
testemunhos e labores
dignificantes. Foi assim
que retornou à esfera
carnal e reiniciou o
aprendizado.
Preocupava-se agora,
sinceramente, em
reajustar as preciosas
qualidades morais,
caracterizando-se, desde
menino, pela bondade e
obediência, docilidade e
ternura naturais.
Passara a infância
tranqüilo, embora
espreitado continuamente
por antigos
perseguidores
invisíveis. Contudo,
logo que ultrapassou os
catorze anos de idade,
Marcelo passou a
rememorar os fenômenos
vividos, e surgiram as
chamadas convulsões
epilépticas com certa
intensidade. O rapaz,
todavia, encontrou
imediatamente os
antídotos necessários,
refugiando-se na
"residência dos
princípios nobres", ou
seja, na região mais
alta da personalidade,
pelo hábito da oração,
pelo entendimento
fraterno, pela prática
do bem e pela
espiritualidade
superior. Limitou,
assim, a desarmonia
neuropsíquica e reduziu
a disfunção celular,
reconquistando o próprio
equilíbrio, dia a dia.
(Cap. 8, pp. 112 e 113)
60. O refúgio dentro
do corpo físico - O
caso Marcelo oferecia
características
valiosas. Esforçando-se
e atendendo às sugestões
daqueles que o
beneficiavam, vinha ele
sendo o médico de si
mesmo, única fórmula em
que o enfermo pode
encontrar a própria
cura. Dispensava com
isso a terapêutica dos
hipnóticos e dos
choques, a qual,
provocando estados
anormais no organismo
perispirítico, quase
sempre nada consegue
senão deslocar os males,
sem os combater nas
origens. Pouco tempo
depois, Marcelo
recolheu-se ao seu
quarto. Em breves
minutos, afastou-se do
corpo denso e foi ter
com Calderaro, a quem
saudou com especial
carinho. Ele mostrava
profunda lucidez e
estava feliz. Expôs
então seu ardente desejo
de trabalhar pela
difusão do Espiritismo
evangélico, disposto a
colaborar na obra
edificante que seus pais
vinham realizando. Daí
a pouco, dois vultos
sombrios cautelosamente
se aproximaram do grupo.
Pareciam dois
transeuntes
desencarnados. Marcelo,
porém, empalideceu,
levou a destra ao peito
e arregalou os olhos
desmesuradamente. Suas
idéias pareciam
embaralhar-se no cérebro
e foi nesse estado que,
desprendendo-se, célere,
da companhia de André e
Calderaro, correu
desabalado, retornando
ao corpo físico. O
Instrutor explicou que a
simples reaproximação de
inimigos do passado
alterava-lhe as
condições mentais.
Receoso e aflito, temia
o regresso à situação
dolorosa em que se viu,
há muitos anos, nas
esferas inferiores, e
buscava, assim, o corpo
físico, à maneira de
alguém que se escondia
em casa, em face de uma
tempestade iminente. Os
Espíritos, porém, foram
embora e os dois
seareiros do bem
tornaram ao interior
doméstico, onde
encontraram Marcelo
tomado de contorções.
(Cap. 8, pp. 114 e 115)
61. Crise epiléptica
- Depois que André o
abraçou como a um filho
querido, a crise
amainou. Ficara, porém,
a dúvida: por que tal
distúrbio, se ali no
quarto só estavam
Marcelo, André e
Calderaro? André passou,
então, a observar o
cérebro de Marcelo. A
luz habitual dos centros
endócrinos
empalidecera; somente a
epífise emitia raios
anormais. No encéfalo o
desequilíbrio era
completo. Os vários
centros motores,
inclusive os da memória
e da fala, jaziam
desorganizados, inânimes.
Marcelo-espírito
contorcia-se de
angústia, justaposto ao
Marcelo-forma,
encarcerado na
inconsciência orgânica,
presa de convulsões que
confrangiam André.
Calderaro aplicou-lhe
passes; Marcelo
aquietou-se; refez-se a
atividade cerebral; as
células nervosas
retomaram sua tarefa. O
rapaz caiu então em
profundo sono, pois o
Instrutor entendeu
conveniente
proporcionar-lhe maior
repouso. Calderaro fitou
André e perguntou se
ele se lembrava dos
reflexos condicionados
de Pavlov; o caso de
Marcelo verificava-se em
consonância com os
mesmos princípios. No
passado, ele errou de
muitos modos e o remorso
guardou-lhe a
consciência,
entregando-o aos seus
inimigos nos planos
inferiores e
conduzindo-o à colheita
dos espinhos que
semeara. Em face desses
desvios, perambulou
desequilibrado, de alma
doente, exposto à
dominação das antigas
vítimas, desarranjando
os centros
perispirituais e
enfermando-os para muito
tempo. Eis a explicação
da crise epiléptica.
(Cap. 8, pp. 116 e 117)
62. Os fundamentos
morais da vida - Na
verdade, Marcelo, embora
desafogado dos
impiedosos adversários,
aos quais deveria ajudar
doravante, tinha
registrada no
perispírito a lembrança
fiel dos atritos
experimentados fora do
veículo denso. "As zonas
motoras de Marcelo, em
razão disso – salientou
o atencioso orientador
–, simbolizando a
moradia das forças
conscientes, em sua
atualidade de trabalho,
constituem uma região
perispiritual em
convalescença, quais
as sensíveis cicatrizes
do corpo físico. Ao se
reaproximar de velhos
desafetos, o rapaz, que
ainda não consolidou o
equilíbrio integral,
sujeita-se aos violentos
choques psíquicos, com o
que as emoções se lhe
desvairam, afastando-se
da necessária harmonia".
A mente desorientada
abandona o leme da
organização
perispirítica e dos
elementos fisiológicos,
assume condições
excêntricas, dispersa as
energias, em movimentos
desordenados. Essas
energias passam, então,
a atritar-se e a emitir
radiações de baixa
freqüência,
aproximadamente igual à
da que lhe incidia do
pensamento alucinado de
suas vítimas. Daí às
convulsões, era um
passo. As elucidações
de Calderaro ressaltavam
a importância do
respeito pelos
fundamentos morais da
vida. André Luiz
compreendia então a
impossibilidade de uma
psiquiatria sem as
noções do espírito, que
o fazia recordar a luta
secular entre
fisiologistas e
psicologistas,
disputando a primazia no
socorro aos alienados
mentais. (Cap. 8, pp.
118 e 119)
63. Importância da
educação mental - O
caso de Marcelo mostrava
ser impossível pretender
a cura dos loucos à
força de processos
exclusivamente
objetivos. É
indispensável penetrar a
alma, devassar o cerne
da personalidade,
melhorar os efeitos
socorrendo as causas;
por conseguinte, não se
restauram corpos doentes
sem os recursos do
Médico Divino das
almas, que é Jesus
Cristo. Os fisiologistas
farão muito, tentando
retificar a disfunção
das células; no entanto,
é mister intervir nas
origens das
perturbações. O caso em
pauta era tão somente um
dos múltiplos aspectos
do fenômeno epileptóide,
mas esse desequilíbrio
perispiritual
assinala-se por gradação
demasiado complexa. A
confirmação da teoria
dos reflexos
condicionados não se
aplica exclusivamente a
ele. Há milhões de
pessoas irascíveis que,
pelo hábito de se
encolerizarem
facilmente, viciam os
centros nervosos
fundamentais pelos
excessos da mente sem
disciplina,
convertendo-se em
portadores do "pequeno
mal", em dementes
precoces, em
neurastênicos de tipos
diversos ou em doentes
de franjas epilépticas,
que andam por aí,
submetidos à
hipoglicemia insulínica
ou ao metrazol, quando a
educação mental, para a
correção das próprias
atitudes internas no
ramerrão da vida, lhes
seria tratamento mais
eficiente e adequado,
pois regenerativo e
substancial. Isso não
significa que todos os
doentes, sem exceção,
possam dispensar o
concurso dos choques
renovadores. O que se
deseja salientar é que
o homem, pela sua
conduta, pode vigorar a
própria alma, ou
lesá-la. "O caráter
altruísta, que aprendeu
a sacrificar-se para o
bem de todos, estará
engrandecendo os
celeiros de si mesmo, em
plena eternidade; o
homicida, esparzindo a
morte e a sombra em sua
cercania, estabelece o
império do sofrimento e
da treva no próprio
íntimo", acrescentou
Calderaro. (Cap. 8, pp.
119 e 120)
(Continua no próximo
número.)