A Revue Spirite
de 1861
Allan Kardec
(8a
Parte)
Damos continuidade ao estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1861. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 14
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. As perguntas a serem
feitas aos Espíritos
devem ser comunicadas
previamente ao médium?
Sim. Essa medida,
proposta por Kardec, é
necessária para que ele
se identifique
previamente com o
evocador. (Revue
Spirite de 1861, p.
234.)
B. Como Fénelon define a
boa prece?
A boa prece, diz
Fénelon, é a que parte
do coração. Não é
palavrosa e apenas, de
vez em quando, deixa
escapar seu grito a Deus
em aspirações, em
angústias ou pedido de
perdão, como implorando
venha o Pai em nosso
socorro. (Obra
citada, p. 238.)
C. Que disse Kardec
sobre o charlatanismo?
O Codificador o
criticou, dizendo que os
médiuns ganhariam cem
vezes mais em
consideração o que
deixam de ganhar em
proventos materiais.
Para viver, há
atividades mais honestas
do que explorar os
“mortos”. (Obra
citada, p. 255.)
Texto para leitura
130. Comentando um
relato sobre visões
publicado pelo
Spiritual Magazine,
de Londres, Kardec
reitera que não há
Espíritos de animais
errantes no mundo
invisível e que, por
isso, não pode haver
aparições de animais.
(PP. 227 a 229)
(N.R.:
A experiência comprovou
posteriormente que esta
informação de Kardec não
é correta, visto que há,
sim, almas de animais no
plano espiritual.
Evidentemente, a elas
não se aplica o vocábulo
“errantes”.)
131. Mensagem de Erasto
e Timóteo explica que os
Espíritos se comunicam
com os Espíritos
encarnados e também com
os Espíritos
desencarnados, pela
simples radiação de seu
pensamento. (P. 232)
132. Quando encontram
num médium o cérebro
aparelhado de
conhecimentos adquiridos
na vida atual e o
Espírito rico de
conhecimentos anteriores
latentes, dele se servem
com preferência, porque
com ele o fenômeno é
mais fácil. (P. 232)
133. É que, neste caso,
encontram no cérebro do
médium os elementos
próprios para revestir
seu pensamento com a
vestimenta da palavra --
seja o médium intuitivo,
semimecânico ou
mecânico. É por isso que
os ditados obtidos pelo
médium, embora de
Espíritos diferentes,
têm na forma e no tom o
cunho pessoal do médium,
visto que ele influencia
a forma da mensagem
pelas qualidades e
propriedades inerentes à
sua individualidade. (P.
232)
134. O Espírito é como
alguém que pode mostrar
sua música num piano,
numa flauta ou num
contrabaixo. (P. 233)
135. Se ele dispuser, no
entanto, apenas de um
apito ou de uma simples
gaitinha, como irá
apresentá-la? (P. 233)
136. Explicando que as
perguntas a serem feitas
aos Espíritos devem ser
lidas previamente ao
médium, para que ele se
identifique com o
Espírito do evocador,
Erasto e Timóteo
reiteram que os
Espíritos não
necessitam revestir
seu pensamento: eles
percebem e comunicam o
pensamento pelo simples
fato de o possuírem. (P.
234)
137. Fénelon diz que, se
os homens conhecessem a
força da prece do
coração, quantas pessoas
arrastadas pela fraqueza
teriam recorrido a ela
no momento da queda! “Tu
és -- declara ele -- o
precioso antídoto que
cura as feridas, quase
sempre mortais, que a
matéria abre no
Espírito, fazendo correr
em suas veias o veneno
das sensações
brutais.”(P. 238)
138. Assevera Fénelon:
“A boa prece é a que
parte do coração; não é
palavrosa; apenas, de
vez em quando, deixa
escapar seu grito a Deus
em aspirações, em
angústias ou pedido de
perdão, como implorando
venha em nosso socorro,
e os bons Espíritos a
levam aos pés do Pai
justo e terno, e esse
incenso lhe é perfume
agradável”. (P. 238)
139. A
Revue comenta notícia
publicada pelo Le
Siècle, de 4/7/1861,
sobre a morte de Pierre
Valin, o soldado que se
julgava morto e falava
de si mesmo na terceira
pessoa. (P. 239)
140. Kardec afirma que
todos os magnetizadores
sabem que é muito comum
aos sonâmbulos falarem
na terceira pessoa,
fazendo assim distinção
entre a personalidade de
sua alma e a do corpo.
(P. 242)
141. O princípio
inteligente (alma) é
como esses gases que não
se prendem a certos
corpos senão por uma
coesão efêmera e que
escapam ao primeiro
sopro. Há sempre uma
tendência a se
desembaraçar de seu
fardo corpóreo, desde
que a força que mantém o
equilíbrio cesse de agir
por uma causa qualquer.
Só a atividade harmônica
dos órgãos mantém a
união íntima e completa
entre alma e corpo; mas,
à menor suspensão dessa
atividade, a alma retoma
o vôo: é o que acontece
no sono, no meio-sono,
na catalepsia, na
letargia, no
sonambulismo, no êxtase
e em certos estados
patológicos. (P. 242)
142. Uma porção de
fenômenos espirituais
não têm outra causa
senão a emancipação da
alma. (P. 242)
143. Kardec volta a
criticar a prática
observada na América,
onde se considera
natural que os médiuns
se façam pagar. Isto é
bem típico de um pais
onde time is money,
observa o Codificador.
(P. 246)
144. A
Revue transcreve os
diálogos mantidos por
Kardec com o Espírito de
Don Peyra, prior de
Amilly. (P. 246)
145. Depois de explicar
que ainda se ocupava de
Química no plano
espiritual, Don Peyra
disse que os Espíritos
não têm por missão
ajudar aos homens em
pesquisas semelhantes às
que ele fazia -- em
busca de um tesouro.
(PP. 249 e 250)
146. Em carta a Kardec,
J. B. Borreau fala que
Dom Peyra, ao fixar-se
em Amilly, obteve ali
belas curas, obtidas por
meio do magnetismo e da
eletricidade. Vendo,
porém, que os negócios
não iam tão bem quanto
desejava, empregou o
charlatanismo e
praticou, com sua
máquina elétrica, artes
mágicas que o fizeram
passar por feiticeiro.
(P. 252)
147. Criticando o
charlatanismo, Kardec
diz que os médiuns
ganhariam cem vezes mais
em consideração o que
deixam de ganhar em
proventos materiais.
Para viver, há
atividades mais honestas
do que explorar os
“mortos”. (P. 255)
148. Os médiuns levianos
e pouco sérios atraem
Espíritos de mesma
natureza. Eis por que
suas comunicações são
marcadas por
banalidades,
frivolidades, idéias sem
ordenação e, às vezes,
muito heterodoxas em
matéria espírita. (P.
256)
(Continua no próximo
número.)