EUGÊNIA PICKINA
eugeniamva@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Vida e esperança
A questão é: há
mais o ser que o
nada. O simples
fato de existir,
para aprender a
amar, é um
presente, pois
sempre é
preferível viver
atento... Viver
bem e tornar a
vida imantada
pela alegria e a
gratidão,
ritmada
necessariamente
pela esperança.
E penso na
dignidade da
esperança. E
sinto pelo
pensamento
materialista,
que tende a
combatê-la por
ignorância,
receio ou
resistência do
orgulho, preso a
ditames de uma
razão que serve
apenas ao (duro)
entendimento de
que a vida é uma
viagem sujeita a
um fim, ou seja,
tristemente, que
a morte põe fim
à vida.
Um dos segredos
do ensinamento
de Jesus reside
na preciosidade
da vida futura e
o fato de sermos
imortais, o que
nos motiva,
reconhecida a
pluralidade das
existências, a
sábia razão para
celebrar a vida,
no lugar de
desprezá-la...
Sim,
responsáveis
pelos nossos
atos, somos
fortalecidos
pela boa vontade
de educarmos os
sentimentos para
dedicar à vida –
a própria e a
dos outros –
todos os
cuidados que ela
exige.
Sim.
Desconfiemos dos
pensadores do
nada, da
amargura dos
niilistas, que,
pela sedução da
finitude,
poderiam nos
retirar o gosto
pela certeza do
nosso destino
atado à evolução
e à felicidade.
E certamente os
espíritas, pela
fé raciocinada,
romperam com o
fatalismo e a
obediência cega
das gerações
precedentes e se
recusaram, sem o
peso do medo, a
evitar pensar
sobre a morte,
porque
consideram a
imortalidade
como um dos
princípios
divinos. Com
isso, procuram
exercitar com
discernimento
sua participação
na vida privada
e pública,
cientes da
necessidade do
aprendizado e da
prática do bem,
alimentados pela
sabedoria que
nos leva a
entender a
importância de
manter juntos a
justiça e a
misericórdia, do
contrário, qual
seria o sentido
da caridade?
Justiça e
misericórdia,
contudo, chamam
a necessidade do
perdão. Jean
–Yves Leloup nos
explica que o
“perdão é a
própria condição
para nossa vida
continue a ser
vivível”. Ora,
se conhecemos
nossas
limitações e
nossas
ambigüidades,
certamente, de
posse do
conhecimento
espírita, usamos
a mesma medida
para com nosso
próximo – tão
sujeito a erros,
como nós mesmos,
e tão
necessitado do
uso da
reconciliação
como somos nós,
os peregrinos da
Terra, os
aprendizes do
amor, tantas
vezes corrigidos
pela dor.
Esperança.
Esperança pelo
nosso processo
de humanização,
que se faz em
silêncio e a
partir do nosso
pequeno ego, a
fim de que ele,
gradativamente,
aceite o calor
da doçura e
permita que o
coração,
impregnado pela
brandura, tenha
a regência dos
cotidianos, que
oscilam entre o
mal sofrer e o
bem sofrer, além
dos fatos
felizes.
Mas, a esperança
pede um
exercício
diário: a
cessação do
julgamento. Há
muito sofrimento
no mundo. Por
isso, a primeira
coisa que
podemos fazer é
tentarmos ser
felizes e, em
conseqüência, um
primeiro passo
está implicado
com a escolha,
diariamente
renovada, do
não-julgar, ou
seja, começar os
dias sem nos
comparar com
ninguém, pois
cada um de nós
sabe o que tem a
fazer, coisas
grandes ou
pequenas, o que
reivindica nossa
responsabilidade
pelo caminho que
nos foi dado
para caminhar. E
essa
responsabilidade,
alegremente,
deve ancorar-se
nos ensinamentos
de Jesus para
que simplesmente
“brilhe nossa
luz”.