RENATO COSTA
rsncosta@terra.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Bezerra de
Menezes e o
ideal do Boddishatva
O Budismo
Mahayana possui
um conceito que
interessa muito
a nós,
espíritas, pela
semelhança que
tem com o que a
Doutrina nos
ensina.
Para o Budismo
Mahayana, a roda
dos
renascimentos se
encerra quando o
ser atinge a
iluminação, o
nirvana. Para
essa nobre
religião, um
Boddishatva é um
ser que alcançou
a iluminação,
mas, movido por
imensa
compaixão,
continua
renascendo na
Terra para
ajudar aqueles
que ficaram para
trás. Assim,
tornar-se um
Boddishatva é o
ideal mais alto
de qualquer
seguidor dessa
milenar tradição
religiosa.
Para a Doutrina
Espírita,
nascemos simples
e ignorantes e
iremos todos
atingir a
perfeição,
evoluindo em
sabedoria e
bondade até o
grau máximo que
nos é possível
enquanto
criaturas,
através de
sucessivas
reencarnações.
Alguns irmãos e
irmãs que já
ouviram
repetidas vezes
a verdade acima
descrita ainda
ignoram que é
impossível a
qualquer um de
nós evoluir só,
isoladamente. O
que é, afinal, a
evolução em
bondade senão o
aumento
gradativo do
nosso amor pelo
próximo,
independente de
quem ele seja? A
meta da evolução
em bondade é o
amor
incondicional, o
amor “ágape”,
aquele mesmo
amor que, posto
em prática, é
conhecido como
caridade, no
sentido mais
amplo e puro da
palavra.
Sabemos, pela
memorável
mediunidade de
Chico Xavier,
que, um dia,
Celina, enviada
de Maria, viera
trazer a Bezerra
de Menezes, já
desencarnado e
trabalhando,
como sempre, em
prol dos
necessitados, a
notícia de que
ele havia sido
designado para
uma tarefa mais
nobre em uma
esfera mais
alta. Emocionado
e agradecido, o
médico dos
pobres teria,
então, pedido a
Celina que
levasse a Maria
a sua humilde
súplica para que
ele pudesse
continuar junto
aos seus irmãos
terrestres que
lhe eram tão
agradecidos, no
que teria sido
atendido.
Ora, o que
Bezerra de
Menezes fez foi
o que se poderia
esperar de um
Espírito em seu
grau de
evolução. Na
cosmologia
budista ele agiu
como um
Boddishatva. Seu
coração, tomado
do mais puro
amor
incondicional
pela humanidade,
não poderia
escolher ir em
frente como o
melhor caminho a
tomar,
esquecendo-se
dos que ficaram
para trás. Por
outro lado, é
certo que Maria
esperava dele o
pedido que fez.
Afinal, nem ela
nem o próprio
Mestre Jesus até
hoje se
afastaram de
nós, não é
mesmo? Por que o
haveriam de
fazer aqueles
que os seguem?
Não se deve
pensar que os
nobres Espíritos
que nos orientam
e protegem,
desde o mais
elevado deles,
nosso Mestre
Jesus, até os
seus mais
humildes
servidores,
estão fazendo um
sacrifício por
nós. Não, eles
não estão. Eles
estão agindo de
acordo com seus
instintos, pois
eles não avaliam
mais se o que
fazem é voltado
ou não para o
bem. Fazer o bem
é algo tão
natural para
eles como
respirar é para
nós, um ato
involuntário, um
estágio natural
na evolução da
bondade já por
eles alcançado e
do qual eles
jamais irão
retroceder.
Que o exemplo de
Bezerra de
Menezes, Joanna
de Ângelis,
Emmanuel e todos
esses Espíritos
luminares que
nos guiam e
protegem, sob a
inspiração e a
liderança maior
de nosso amado
Mestre Jesus,
nos sirvam de
exemplo para
quando, na
pequena escala
que nos é
possível atuar,
ensaiemos nossos
tímidos passos
na prática da
caridade cristã.
Não nos
orgulhemos nem
nos vangloriemos
de quantas
pessoas
julgarmos ter
ajudado, de
quantas coisas
acreditarmos nos
ter privado para
tal ou de quão
bem nos
houvermos
portado em tais
ocasiões. Quando
ensaiamos esses
primeiros e
tímidos passos
na prática da
caridade cristã
é normal que
nosso coração
orgulhoso queira
cantar louvores
a nós mesmos. No
entanto, nossa
razão, educada
pelo estudo da
Doutrina, tem o
dever de mandar
o coração
silenciar, tem a
obrigação de lhe
dizer que o que
fizemos não foi
em benefício dos
outros, mas,
antes, em favor
de nós próprios.
Aprende-se a
amar, amando e a
ação no bem, em
benefício dos
necessitados do
corpo e da alma,
é a única forma
de exercitamos
em nós o
verdadeiro amor.
Como, em nossos
esforços no
caminho da
caridade cristã
ocorrerão
obstáculos de
toda natureza, é
bom termos em
mente a
orientação de
Joanna de
Ângelis, no
início da
mensagem
intitulada “Teu
Recomeço”, que
pode ser lida na
íntegra no
poético e
inspirado
opúsculo “Filho
de Deus”,
pela abençoada
mediunidade de
Divaldo Franco:
"A cada
momento
podes
recomeçar
uma tarefa
edificante
que ficou
interrompida.
Nunca é
tarde para
fazê-lo;
todavia, é
muito danoso
não lhe dar
prosseguimento.
Parar uma
atividade
por motivos
superiores
às forças é
fenômeno
natural.
Deixá-la ao
abandono é
falência
moral."
Pratiquemos a
caridade cristã
com o melhor que
existe dentro de
nós. Muitos
serão os
tropeços no
caminho, mas que
nenhum deles nos
impeça de
prosseguir na
marcha.
Estejamos
confiantes de
que um dia, no
perder dos
milênios que se
abrem à nossa
frente, seremos
nós a pedir,
emocionados, a
Maria, permissão
para ficar e a
ouvir da
amorável mãe de
Jesus um terno e
esperado
“Sim”.
Bibliografia:
GAMA, Ramiro.
Lindos Casos de
Bezerra de
Menezes. Rio de
Janeiro: LAKE,
1995.
SMITH, Huston.
The World’s
Religions. New
York: Harper
Collins, 1991.