CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Espiritismo é
vida
Aqui estou
sentada diante
do computador
pensando no
próximo artigo e
no que escrever.
Quem escreve e
publica precisa
pensar na
utilidade do
conteúdo, pois
não escrevemos
para nós mesmos,
embora no começo
eu o fizesse por
puro prazer.
Acho que é assim
com todo
escritor. Começa
criando e
armazenando um
imenso baú, para
só depois
principiar a dar
à luz alguns
daqueles seus
filhos mais
preciosos, e
então não parar
mais... Afinal,
criação é um
vício – e, em
dependendo do
conteúdo, um dos
poucos vícios
saudáveis!
Mas voltemos a
este conteúdo.
Escrever sobre o
quê?! Às vezes,
até o escritor
sente esvaziada
a sua fonte
mágica. Mas cada
artigo é em si
um pequeno
livro, repleto
de
possibilidades
de entendimento
e de
interpretações
da parte de quem
o lê; então há
que se começar
bem o livro...
E, aqui, no
caso, o “livro”
é sobre o
Espiritismo.
O Espiritismo é
um campo fecundo
e infindo para
se discorrer,
porque a sua
essência é
profundamente
identificada na
vida pulsante em
todos e em tudo
o que nos cerca.
Todavia, temo
que o assunto
espírita esteja
se fossilizando
em muita
polêmica e
oratória estéril
em seu mesmo
seio. Que as
vidas sucessivas
são fatos
incontestes para
todos nós,
obreiros da hora
que passa, é
ponto comum. Mas
e daí?! Que
fazer disso?!...
O ser humano
possui uma
tendência
inadequada de
usar tudo de que
se apodera
intelectualmente
para criar, a
partir disso, um
palco de
controvérsias
monumental que,
se de um lado
favorece o
crescimento e as
descobertas em
sincronia com o
avanço da
evolução, de
outro, todavia,
em se levada
ao extremo,
produz
estagnação e não
realiza
benefício
nenhum. É
constatação que
se evidencia em
qualquer área do
pensamento. Os
"achismos", e as
rivalidades
conseqüentes das
vaidades se
sobrepondo à
praticidade das
revelações
importantes que
deveriam ser
investigadas com
base na
liberdade
científica,
proporcionadora
do alcance de
conclusões a
partir das
vivências
aliadas ao
suporte
imprescindível
da lógica. Nada
obstante, a
solução contra
isso seria a
parceria do
espírito
científico com
um tipo de
mentalidade
despojada de
idéias
preconcebidas e
de dogmas – e
não é o que se
observa.
O centenário da
Codificação
celebrou o
presente
impagável
oferecido pela
Espiritualidade
aos que se vêem
mergulhados nos
embates da vida
corpórea a
qualquer tempo.
Mas, preciso que
se diga, era
impossível até
mesmo àquela
obra monumental
abordar todo o
universo
infinito de
nuances a este
assunto
vinculado –
simplesmente
porque a vida
não é estagnada.
Como um colossal
caleidoscópio,
surge renovada a
cada momento,
porque é
processo
ininterrupto de
criação, e não
ponto final.
Todavia, há os
que se demorem
indefinidamente
analisando
trabalhos de
teor espírita
atuais, cujo
conteúdo a
lógica e o bom
senso nos
asseguram lídimo
e irrefutável,
prendendo-se à
polêmica
improfícua
acerca de
informações
novas que
supostamente não
“se enquadram”
no que Allan
Kardec "disse".
Mas, o que Allan
Kardec “disse”?!
Com a devida
vênia dos
ilustres
confrades
partidários
deste
pensamento, quem
“disse”,
verdadeiramente,
foi a
Espiritualidade
assistente do
Codificador! E
“disse” segundo
os moldes
aludidos pelo
mesmo Jesus há
dois milênios,
quando
asseverava que
ainda não lhe
era lícito dizer
tudo, e que
muito mais havia
a ser revelado a
Apóstolos quanto
à humanidade, no
tempo devido do
seu
amadurecimento;
e ao lembrar que
“a palavra é
viva”, e não
está confinada
em nenhuma forma
pétrea de
expressão...
O ensinamento do
Mestre é claro,
e remonta aos
tempos atuais,
em que lidamos,
triunfantes, com
as verdades
eternas da
Terceira
Revelação. Assim
como aos
contemporâneos
de Jesus não era
dado ainda,
naqueles tempos
recuados,
apreender todo o
alcance do que o
Espírito do
nosso governador
planetário já
alcançava,
também à época
da Codificação
muito ainda
seria desdobrado
dos pilares
preciosos
legados pelas
cinco magníficas
obras da
Doutrina. E é
evidente que
isto caberia aos
sucessores
dignos do
patrono de Lion.
Se, portanto, é
fora de questão
que muito joio
existe a ser
desconsiderado
na seara
contemporânea do
Espiritismo –
como em qualquer
outra vertente
da atuação e do
pensamento
humano, de vez
que a nossa
opção de jornada
longe está de
ser a única, e a
única válida! –,
que a grande
família
kardecista não
perca de vista
que a magnitude
do trabalho a
ser realizado em
prol do avanço
evolutivo
terreno não deve
se prender
jamais a um sem
fim de
discussões sem
proveito, mas à
questão da
transformação
íntima segundo a
nova compreensão
da vida que
progride com as
incontáveis
descobertas de
cada dia; e que
estas novas
descobertas, sem
erro, nos
surgirão também
com a
colaboração de
cada
personalidade de
valor na
divulgação da
Boa Nova na hora
que passa,
sujeitas a serem
confundidas com
o joio por conta
destes excessos
de rigorismo da
parte de uma
ortodoxia
indesejável nos
cenários
espíritas
brasileiros.
É este,
portanto, o
pequeno recado
deste primeiro
artigo: evitemos
incorrer numa
versão moderna
de farisaísmo
inquisitorial a
fim de evitarmos
os erros
clamorosos do
passado contra
os objetivos
luminosos da
evolução para
este mundo,
porque o
significado
maior do
Espiritismo é a
Vida. Vida que
não se repete
num mesmo
contexto e que,
embora
repousando sobre
os pilares das
Leis maiores
regentes do
Universo, requer
mentes abertas e
dotadas de
destemor e
desapego, a fim
de nos anunciar
progressivamente,
à ainda
acentuada
pequenez
interior, a
grandiosidade
infinita de
todas as suas
maravilhas.