MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
12)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Na assistência aos
irmãos
perispiritualmente
lesados, que é preciso?
R.: Segundo Calderaro,
para assisti-los é
indispensável remontar à
origem das perturbações
que os molestam, o que
não se consegue a golpes
verbalísticos de
psicanálise, mas sim com
o socorro da força da
fraternidade e do amor,
a fim de que logrem a
imprescindível
compreensão com que se
modifiquem, reajustando
as próprias forças.
(No Mundo Maior, cap. 8,
pp. 120 a 122.)
B. A faculdade mediúnica
também evolui?
R.: Evidentemente.
Nenhuma árvore nasce
produzindo e toda
faculdade nobre requer
burilamento. A
mediunidade tem, pois,
sua evolução, seu campo,
sua rota. Não é possível
laurear o estudante no
curso superior, sem que
tenha tido suficiente
aplicação nos cursos
preparatórios, através
de alguns anos de luta,
de esforço, de
disciplina. (Obra
citada, cap. 9, pp. 123
e 124.)
C. Como se inicia a
faculdade mediúnica mais
estável?
R.: Calderaro diz que a
faculdade mediúnica mais
estável e também a mais
bela começa, entre os
homens, no império da
intuição pura e seu
padrão desejável foi o
que Jesus exemplificou
como medianeiro do Céu.
(Obra citada, cap. 9,
pp. 126 a 128.)
Texto
para leitura
64. O amor é
necessário ao
reajustamento da alma
- O Instrutor asseverou,
ainda, que, para
assistir com êxito os
irmãos portadores de
lesões perispiríticas, é
indispensável remontar à
origem das perturbações
que os molestam, o que
não se consegue a golpes
verbalísticos de
psicanálise, mas sim com
o socorro da força da
fraternidade e do amor,
a fim de que logrem a
imprescindível
compreensão com que se
modifiquem, reajustando
as próprias forças...
Seria útil, no caso de
Marcelo, o uso de
hipnóticos? Calderaro
disse que não: "Os
hipnóticos – ele
explicou – são úteis só
na áspera fase de
absoluta ignorância
mental, quando é preciso
neutralizar as células
nervosas ante os
prováveis atritos da
organização
perispirítica". No caso
de Marcelo, que tinha a
consciência já acordada
na espiritualidade
superior, o remédio mais
eficaz consistia na fé
positiva, na
autoconfiança, no
trabalho digno, em
pensamentos
enobrecedores.
Permanecendo na zona
mais alta da
personalidade, ele
venceria os
desequilíbrios dos
departamentos mais
baixos, competindo-lhe,
por isto mesmo, atacar a
missão renovadora e
sublime que lhe fora
confiada no setor da
própria iluminação e no
bem do próximo. "Os
elementos medicamentosos
podem exercer tutela
despótica sobre o cosmo
orgânico, sempre que a
mente não se disponha a
controlá-la, recorrendo
aos fatores educativos",
ajuntou Calderaro. Na
verdade, nosso objetivo
deve ser a realização do
Reino de Deus, em nós,
com o Cristo.
Trabalhando com Ele, por
Ele e para Ele,
curaremos nossos males
para sempre. (Cap. 8,
pp. 120 a 122)
65. A
tese animista e os
reflexos condicionados
- Impressionado com o
caso de Marcelo, André
indagou a Calderaro se
os reflexos
condicionados não se
aplicariam também aos
casos de animismo que se
verificam muitas vezes
nas sessões mediúnicas.
Antes de responder
diretamente à questão, o
Instrutor fez diversas
colocações a respeito da
tese animista,
lembrando que milhares
de companheiros têm
fugido ao trabalho,
amedrontados, ante os
percalços da iniciação
mediúnica, porque o
animismo se converteu
em Cérbero (1).
Reclama-se deles
precisão absoluta,
olvidando-se lições
elementares da natureza.
Companheiros nossos,
recolhidos à pura
teoria, exigem meros
aparelhos de
comunicação, como se a
luz espiritual se
transmitisse da mesma
sorte que a luz elétrica
por uma lâmpada vulgar.
Ocorre que nenhuma
árvore nasce produzindo
e qualquer faculdade
nobre requer
burilamento. A
mediunidade tem, pois,
sua evolução, seu campo,
sua rota: não é possível
laurear o estudante no
curso superior, sem que
tenha tido suficiente
aplicação nos cursos
preparatórios, através
de alguns anos de luta,
de esforço, de
disciplina. Daí a
preocupação dos
Espíritos em face da
tese animista, que
pretende enfeixar toda a
responsabilidade do
trabalho espiritual numa
única cabeça, isto é, a
do instrumento
mediúnico. (Cap. 9, pp.
123 e 124)
(1)
Cérbero, na mitologia
grega, é cão monstruoso
que exerce a guarda dos
Infernos. Guardião
temível, devorava os que
procuravam lograr sua
vigilância. Orfeu o
acalmou tocando lira;
apenas Hércules
conseguiu domá-lo.
66. O médium é como
uma ponte entre duas
esferas - Os
reflexos condicionados,
segundo Calderaro,
enquadram-se,
efetivamente, no tema do
animismo. Ora, os
animais de Pavlov
demonstravam capacidade
mnemônica e memorizavam
fatos por associações
mentais espontâneas;
mobilizavam, pois,
matéria sutil,
independente do corpo
denso e jogavam com
forças mentais em seu
aparelhamento de
impulsos primitivos. Se
as consciências
fragmentárias da
experiência eram capazes
de usar essa energia,
que prodígios não
realizará a mente
humana, cedendo, não a
meros reflexos
condicionados, mas a
emissões de outra mente
em sintonia com a dele?
Dentro de tais
princípios, é imperioso
que o intermediário
cresça em valor próprio.
Ninguém receberá as
bênçãos da colheita, sem
o suor da sementeira. A
maior parte de nossos
companheiros, porém,
parece desconhecerem
tais imposições de
trabalho e de
cooperação: exigem
faculdades completas. "O
instrumento mediúnico é
automaticamente
desclassificado se não
tem a felicidade de
exibir absoluta harmonia
com os desencarnados, no
campo tríplice das
forças mentais,
perispirituais e
fisiológicas", asseverou
Calderaro, que comparou
simbolicamente o médium
a uma ponte a ligar duas
esferas, entre as quais
se estabeleceu aparente
solução de continuidade,
em virtude da
diferenciação da
matéria no campo
vibratório. Para ser
instrumento
relativamente exato,
é-lhe imprescindível
haver aprendido a ceder,
e nem todos os artífices
da oficina mediúnica
realizam tal aquisição,
que reclama devoção à
felicidade do próximo,
elevada compreensão do
bem coletivo, avançado
espírito de concurso
fraterno e de serena
superioridade nos
atritos com a opinião
alheia. "Para conseguir
edificação dessa
natureza, faz-se mister
o refúgio freqüente à
moradia dos princípios
superiores. A mente
do servidor há de
fixar-se nas zonas mais
altas do ser, onde
aprenderá o valor das
concepções sublimes,
renovando-se e
quintessenciando-se
para constituir elemento
padrão dos que lhe
seguem a trajetória",
esclareceu Calderaro. "O
homem – disse ele –,
para auxiliar o
presente, é obrigado a
viver no futuro da raça.
A vanguarda impõe-lhe a
soledade e a
incompreensão, por vezes
dolorosas; todavia, essa
condição representa
artigo da Lei que nos
estatui adquirir para
podermos dar". "Ninguém
pode ensinar caminhos
que não haja
percorrido." (Cap. 9,
pp. 125 e 126)
67. Para ser bom
médium é preciso
renúncia - O
Instrutor prosseguiu
falando sobre a
mediunidade, atestando
que a faculdade
mediúnica mais estável e
mais bela começa, entre
os homens, no império da
intuição pura. Lembrou
ele que Moisés
desempenhou sua tarefa,
compelido pelas
expressões fenomênicas
que o cercavam. Embora
tenha recebido os
sublimes princípios do
Decálogo, que prescreve
o "Não matarás", não
parecia muito inclinado
ao respeito pela vida
alheia; sua doutrina,
embora venerável,
baseia-se no
exclusivismo e no temor.
Com Jesus, o aspecto da
mediunidade é diferente.
O Mestre mantém-se em
permanente contacto com
o Pai, através da
própria consciência, do
próprio coração.
Transmite aos homens a
Revelação Divina,
vivendo-a em si mesmo;
não reclama justiça,
nem pede compreensão
imediata; ama as
criaturas e serve-as,
mantendo-se unido a
Deus. A Boa Nova, em
razão disto, é mensagem
de confiança e de amor
universal. Eis então
dois tipos de
medianeiros do próprio
Céu, eminentemente
diversos, mostrando qual
o padrão desejável. No
mediunismo comum,
portanto, o colaborador
servirá com a matéria
mental que lhe é
própria, sofrendo as
suas imprecisões
naturais diante da
investigação terrestre,
e, após adaptar-se aos
imperativos mais nobres
da renúncia pessoal,
edificará, não de
improviso, mas à custa
de trabalho incessante,
o templo interior de
serviço, no qual
reconhecerá a
superioridade do
programa divino acima de
seus caprichos humanos.
Atingida essa
realização, estará
preparado para
sintonizar-se com o
maior número de
desencarnados e
encarnados,
oferecendo-lhes, como a
ponte benfeitora,
oportunidade de se
encontrarem uns com os
outros, na posição
evolutiva em que
permaneçam, através de
entendimentos
construtivos.
Logicamente, é
impossível alcançar esse
padrão de uma vez, pois
toda obra impõe começo.
(Cap. 9, pp. 126 a 128)
68. A
morte não nos confere
uma túnica de anjos
- O Instrutor
esclareceu que, ao
mencionar o exemplo de
Jesus, não quis dizer
que devamos ter a
pretensão de copiar o
Mestre; é preciso,
porém, inspirar-nos em
suas lições. Há na
Terra, entre encarnados
e desencarnados, milhões
de pessoas de mente fixa
na região menos elevada
dos impulsos inferiores,
absorvidas pelas paixões
instintivas, pelos
remanescentes do passado
envilecido, presos aos
reflexos condicionados
das comoções
perturbadoras. Outros
mantêm-se na atividade
desordenada, em
manifestações afetivas
sem rumo, no apego
desvairado à forma que
passou ou à situação que
não mais se justifica. E
há, ainda, multidões
imobilizadas na posição
beata do misticismo
religioso exclusivo, sem
realizações pessoais no
setor da experiência e
do mérito, que os
integre no quadro da
lídima elevação. Tal
situação prossegue na
vida post-mortem. O
perispírito, embora
mais plástico e sutil
que o corpo carnal, é
edifício material de
retenção da consciência.
Louca ilusão pensar que
o Céu nos revista de
túnica angelical, logo
que baixado o corpo ao
sepulcro. Tal o estado
mental que alimentamos,
tais as inteligências
que atraímos e das quais
nos fazemos instrumentos
naturais, embora de modo
indireto. Necessitados
do auxílio de mais alto,
requeremos também o
concurso de benfeitores
situados acima de nossas
paragens, sendo
necessário, para isso,
organizar recursos de
receptividade. "Nossa
mente sofre sede de luz,
como o organismo terreno
tem fome de pão",
asseverou Calderaro.
Amor e sabedoria são
substâncias divinas que
nos mantêm a vitalidade.
(Cap. 9, pp. 128 e 129)(Continua
no próximo número.)