A Revue Spirite
de 1861
Allan Kardec
(9a
Parte)
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1861. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 14
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Que recomendou Erasto
a respeito da análise
das comunicações
mediúnicas?
Mais vale repelir dez
verdades, disse Erasto,
que admitir uma só
mentira, uma só teoria
falsa. Se, pois, o
médium der motivo
legítimo de suspeita,
devemos repelir suas
comunicações, pois há
uma serpente oculta na
grama. Foi dessa maneira
que Erasto nos falou
sobre a necessidade de
analisar com rigor todas
as comunicações. (Revue
Spirite de 1861, pp. 257
e 258.)
B. As comunicações
espíritas dependem
sempre de médiuns?
Sim. Conforme mensagem
obtida pelo Sr. D’Ambel
na Sociedade Espírita de
Paris, os fatos
mediúnicos não se podem
dar sem o concurso
consciente ou
inconsciente do médium,
e que só entre os
encarnados, Espíritos
como nós, é que podemos
encontrar os que podem
servir de médiuns.
(Obra citada, p. 264.)
C. Que conseqüências,
segundo Rousseau, podem
advir do Espiritismo?
Escreveu o notável
pensador Jean-Jacques
Rousseau: “Se o
Espiritismo ressuscitar
o Espiritualismo,
devolverá à sociedade o
impulso que dá a uns
dignidade interior, a
outros a resignação, a
todos a necessidade de
elevar-se para o Ser
Supremo, esquecido e
desconhecido por suas
ingratas criaturas”.
(Obra citada, p. 267.)
Texto para leitura
149. Mais vale repelir
dez verdades -- diz
Erasto -- que admitir
uma só mentira, uma só
teoria falsa. (P. 257)
150. Se, pois, o médium
der motivo legítimo de
suspeita, devemos
repelir suas
comunicações, pois há
uma serpente oculta na
grama -- eis como Erasto
trata a necessidade de
analisar com rigor todas
as comunicações. (PP.
257 e 258)
151. Erasto diz que para
a obtenção do transporte
de objetos é necessário
dispor de médiuns
sensitivos, isto é,
dotados no mais alto
grau das faculdades
mediúnicas de expansão e
de penetrabilidade,
visto que seu sistema
nervoso, facilmente
excitável, lhes permite,
por meio de certas
vibrações, projetar ao
seu redor seu fluido
animalizado. (P. 258)
152. Em geral, diz
Erasto, são e
continuarão sendo muito
raros os casos de
transporte de objetos.
(P. 259)
153. É que precisa
existir, entre o
Espírito e o médium, uma
certa afinidade, uma
certa analogia, uma
certa semelhança que
permita à parte
expansiva do fluido
perispirítico do médium
misturar-se, unir-se com
o do Espírito. (P. 259)
154. Para produzir tais
fenômenos, é necessário
que as necessidades do
Espírito-motor sejam
aumentadas por algumas
do medianeiro: é que o
fluido vital,
indispensável à produção
de todos os fenômenos
medianímicos, é apanágio
exclusivo do encarnado
e, por isso, o
Espírito-operador é
obrigado a impregnar-se
dele. (P. 259)
155. Advertindo que, se
não tivéssemos outros
meios de convicção, além
dos fenômenos, não
seríamos a centésima
parte dos espíritas que
somos, Erasto recomenda:
“Falai ao coração. É por
ele que fareis mais
conversões sérias”. (P.
261)
156. A
Revue transcreve
mensagem obtida pelo Sr.
D’Ambel na Sociedade
Espírita de Paris, na
qual fica claro que os
fatos mediúnicos não se
podem manifestar sem o
concurso consciente ou
inconsciente do médium,
e que só entre os
encarnados, Espíritos
como nós, é que podemos
encontrar os que podem
servir de médiuns. (P.
264)
157. Certamente os
Espíritos podem
tornar-se visíveis e
tangíveis aos olhos dos
animais, mas isso não
significa que possam ser
mediunizados os animais
ou a matéria inerte. (P.
264)
158. Dizendo que os
homens empregam tudo
quanto têm de força e de
energia na aquisição de
bens terrenos, o
Espírito de Byron
adverte: “Insensatos! De
um instante para outro o
anjo da libertação vai
bater-vos à porta:
sereis forçados a
abandonar todas as
quimeras; sois
proscritos que Deus pode
chamar à mãe-pátria a
qualquer instante”. (P.
266)
159. “Não edifiqueis
palácios nem monumentos:
uma tenda, roupa e pão
-- eis o necessário”,
assevera Byron.
“Contentai-vos com isto
e o vosso supérfluo
dai-o aos vossos irmãos
necessitados de abrigo,
roupa e pão.” (P. 266)
160. Em linda mensagem,
que pode ser vista n’O
Livro dos Médiuns,
Jean-Jacques Rousseau
diz: “Se o Espiritismo
ressuscitar o
Espiritualismo,
devolverá à sociedade o
impulso que dá a uns
dignidade interior, a
outros a resignação, a
todos a necessidade de
elevar-se para o Ser
Supremo, esquecido e
desconhecido por suas
ingratas criaturas”. (P.
267)
161. Adolphe, Bispo de
Alger, lembra-nos as
palavras do Cristo: “Os
pobres sempre os
tereis!” (P. 269)
162. Sendo a Terra lugar
de expiação, sempre
haverá aqui pobres a
expiar seus abusos e
erros do passado. (P.
269)
163. Adolphe aconselha
evitemos ver, em todos
os pobres, culpados em
punição: “Se a pobreza é
para alguns uma severa
expiação, para outros é
uma prova que lhes deve
abrir mais rapidamente o
santuário dos eleitos”.
“Sim, sempre haverá
pobres e ricos, para que
uns tenham o mérito da
resignação e os outros o
da caridade e do
devotamento.” (P. 270)
164. Curiosa polêmica se
deu na Sociedade
Espírita de Paris a
partir de uma
dissertação em que
Lamennais analisou o
aforismo de Buffon: O
estilo é o homem.
Divergindo de Buffon,
Lamennais afirmou que
freqüentemente o homem
não se reflete em suas
obras, visto que muitos
são iluminados por uma
centelha divina que os
torna maiores. (P. 274)
165. Buffon replicou de
forma estranhamente
ofensiva, sem poupar
escritores ilustres,
como Alexandre Dumas,
Victor Hugo e o próprio
Lamennais. Para Buffon,
Lamennais confundiu a
forma e o fundo, o
estilo e o pensamento.
(PP. 274 e 275)
166. Bernardin de
Saint-Pierre, citado na
polêmica, também se
manifestou e, de acordo
com Lamennais, disse:
“Não, o estilo não é o
homem”. E apresentou a
si mesmo como prova
disso, afirmando: “Não
mereço toda a reputação
literária de que gozei”.
(P. 281)
167. Lamennais dirigiu,
por fim, um recado a
Buffon, lembrando-lhe
que ele apenas queria
dizer que “a inspiração
humana muitas vezes é
divina” e que não havia
nisso nenhuma matéria
para controvérsia. (PP.
281 e 282)
(Continua no próximo
número.)