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Estudando as obras de Kardec
Ano 2 - N° 74 - 21 de Setembro de 2008

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

A Revue Spirite de 1861

Allan Kardec 

(9a Parte)

Damos continuidade ao estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1861. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 14 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Que recomendou Erasto a respeito da análise das comunicações mediúnicas?

Mais vale repelir dez verdades, disse Erasto, que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa. Se, pois, o médium der motivo legítimo de suspeita, devemos repelir suas comunicações, pois há uma serpente oculta na grama. Foi dessa maneira que Erasto nos falou sobre a necessidade de analisar com rigor todas as comunicações. (Revue Spirite de 1861, pp. 257 e 258.)

B. As comunicações espíritas dependem sempre de médiuns?

Sim. Conforme mensagem obtida pelo Sr. D’Ambel na Sociedade Espírita de Paris, os fatos mediúnicos não se podem dar sem o concurso consciente ou inconsciente do médium, e que só entre os encarnados, Espíritos como nós, é que podemos encontrar os que podem servir de médiuns. (Obra citada, p. 264.)

C. Que conseqüências, segundo Rousseau, podem advir do Espiritismo?

Escreveu o notável pensador Jean-Jacques Rousseau: “Se o Espiritismo ressuscitar o Espiritualismo, devolverá à sociedade o impulso que dá a uns dignidade interior, a outros a resignação, a todos a necessidade de elevar-se para o Ser Supremo, esquecido e desconhecido por suas ingratas criaturas”. (Obra citada, p. 267.)

Texto para leitura

149. Mais vale repelir dez verdades -- diz Erasto -- que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa. (P. 257)

150. Se, pois, o médium der motivo legítimo de suspeita, devemos repelir suas comunicações, pois há uma serpente oculta na grama -- eis como Erasto trata a necessidade de analisar com rigor todas as comunicações. (PP. 257 e 258)

151. Erasto diz que para a obtenção do transporte de objetos é necessário dispor de médiuns sensitivos, isto é, dotados no mais alto grau das faculdades mediúnicas de expansão e de penetrabilidade, visto que seu sistema nervoso, facilmente excitável, lhes permite, por meio de certas vibrações, projetar ao seu redor seu fluido animalizado. (P. 258)

152. Em geral, diz Erasto, são e continuarão sendo muito raros os casos de transporte de objetos. (P. 259)

153. É que precisa existir, entre o Espírito e o médium, uma certa afinidade, uma certa analogia, uma certa semelhança que permita à parte expansiva do fluido perispirítico do médium misturar-se, unir-se com o do Espírito. (P. 259)

154. Para produzir tais fenômenos, é necessário que as necessidades do Espírito-motor sejam aumentadas por algumas do medianeiro: é que o fluido vital, indispensável à produção de todos os fenômenos medianímicos, é apanágio exclusivo do encarnado e, por isso, o Espírito-operador é obrigado a impregnar-se dele. (P. 259)

155. Advertindo que, se não tivéssemos outros meios de convicção, além dos fenômenos, não seríamos a centésima parte dos espíritas que somos, Erasto recomenda: “Falai ao coração. É por ele que fareis mais conversões sérias”. (P. 261)

156. A Revue transcreve mensagem obtida pelo Sr. D’Ambel na Sociedade Espírita de Paris, na qual fica claro que os fatos mediúnicos não se podem manifestar sem o concurso consciente ou inconsciente do médium, e que só entre os encarnados, Espíritos como nós, é que podemos encontrar os que podem servir de médiuns. (P. 264)

157. Certamente os Espíritos podem tornar-se visíveis e tangíveis aos olhos dos animais, mas isso não significa que possam ser mediunizados os animais ou a matéria inerte. (P. 264)

158. Dizendo que os homens empregam tudo quanto têm de força e de energia na aquisição de bens terrenos, o Espírito de Byron adverte: “Insensatos! De um instante para outro o anjo da libertação vai bater-vos à porta: sereis forçados a abandonar todas as quimeras; sois proscritos que Deus pode chamar à mãe-pátria a qualquer instante”. (P. 266)

159. “Não edifiqueis palácios nem monumentos: uma tenda, roupa e pão -- eis o necessário”, assevera Byron. “Contentai-vos com isto e o vosso supérfluo dai-o aos vossos irmãos necessitados de abrigo, roupa e pão.” (P. 266)

160. Em linda mensagem, que pode ser vista n’O Livro dos Médiuns, Jean-Jacques Rousseau diz: “Se o Espiritismo ressuscitar o Espiritualismo, devolverá à sociedade o impulso que dá a uns dignidade interior, a outros a resignação, a todos a necessidade de elevar-se para o Ser Supremo, esquecido e desconhecido por suas ingratas criaturas”. (P. 267)

161. Adolphe, Bispo de Alger, lembra-nos as palavras do Cristo: “Os pobres sempre os tereis!” (P. 269)

162. Sendo a Terra lugar de expiação, sempre haverá aqui pobres a expiar seus abusos e erros do passado. (P. 269)

163. Adolphe aconselha evitemos ver, em todos os pobres, culpados em punição: “Se a pobreza é para alguns uma severa expiação,  para outros é uma prova que lhes deve abrir mais rapidamente o santuário dos eleitos”. “Sim, sempre haverá pobres e ricos, para que uns tenham o mérito da resignação e os outros o da caridade e do devotamento.” (P. 270)

164. Curiosa polêmica se deu na Sociedade Espírita de Paris a partir de uma dissertação em que Lamennais analisou o aforismo de Buffon: O estilo é o homem. Divergindo de Buffon, Lamennais afirmou que freqüentemente o homem não se reflete em suas obras, visto que muitos são iluminados por uma centelha divina que os torna maiores. (P. 274)

165. Buffon replicou de forma estranhamente ofensiva, sem poupar escritores ilustres, como Alexandre Dumas, Victor Hugo e o próprio Lamennais. Para Buffon, Lamennais confundiu a forma e o fundo, o estilo e o pensamento. (PP. 274 e 275)

166. Bernardin de Saint-Pierre, citado na polêmica, também se manifestou e, de acordo com Lamennais, disse: “Não, o estilo não é o homem”. E apresentou a si mesmo como prova disso, afirmando: “Não mereço toda a reputação literária de que gozei”. (P. 281)

167. Lamennais dirigiu, por fim, um recado a Buffon, lembrando-lhe que ele apenas queria dizer que “a inspiração humana muitas vezes é divina” e que não havia nisso nenhuma matéria para controvérsia. (PP. 281 e 282) (Continua no próximo número.)   


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita