GERSON SIMÕES
MONTEIRO
gerson@radioriodejaneiro.am.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Uma doce
claridade
saiu
da sacola
Um lavrador,
depois de colher
trigo e
colocá-lo em uma
sacola, foi para
casa. Na
estrada,
caminhando a pé,
notou que vinha
em sentido
contrário uma
rica carruagem
revestida de
estrelas. O
lavrador,
olhando a
carruagem toda
iluminada, viu-a
parar bem junto
dele e sair do
seu interior o
Senhor do Mundo,
estendendo-lhe a
mão pedindo
esmolas. O
lavrador, mesmo
espantado com o
fato de o Senhor
da Vida rogar
auxílio a ele,
um simples
trabalhador
rural, mergulhou
a mão na sacola
de trigo e
entregou ao
Divino Pedinte
um pequeno grão
de trigo.
O Senhor
agradeceu a
esmola e partiu
na sua
carruagem. Mas,
quando o
lavrador tornou
a si, espantado
com tudo aquilo
que acabava de
acontecer,
observou uma
doce claridade
sair da sacola
poeirenta... O
pequeno grão de
trigo, doado ao
Senhor, tornara
à sacola
transformado em
pepita de ouro
luminescente.
Diante disso, o
lavrador
deslumbrado
gritou: “Louco
que fui! Porque
não dei tudo o
que tinha ao
Soberano da
Vida?”.
Este é o apólogo
através do qual
Rabindranath
Tagore, renomado
escritor
indiano,
fala-nos sobre o
desprendimento e
a caridade.
De fato, muitas
vezes nós nos
negamos a dar ou
damos pouco,
esquecidos de
que a abundância
de Deus faz
retornar a nós
tudo o que damos
de boa vontade,
multiplicado em
luzes e bênçãos.
Embora não
devamos fazer o
bem com
interesse,
devemos, sempre
que pudermos,
ajudar
materialmente as
pessoas carentes
doando roupas,
agasalhos,
calçados,
alimentos,
medicamentos,
ajuda para pagar
o aluguel etc.
Essa caridade
material
denomina-se
beneficência,
porém, a prática
da caridade
moral é mais
difícil de nós
praticarmos,
começando pela
indulgência,
aquela que é
feita quando
evitamos falar
dos defeitos dos
outros,
protegendo-os da
malevolência,
que sempre busca
destruir as
criaturas caídas
em faltas. Mais
difícil ainda é
a prática do
perdão, pois ele
exige a doação
não do que temos
em termos
materiais, mas,
sim, dos
sentimentos de
amor que
possuímos em
nossas próprias
almas. E para
terminar, deixo
aqui uma
pergunta: quando
vamos estar
dispostos a dar
tudo em nome de
Deus aos que nos
pedem esmolas
materiais e
morais?