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Crônicas e Artigos
Ano 2 - N° 74 - 21 de Setembro de 2008

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)

 
Emancipação para todos

“Assim, também, não é vontade de vosso Pai, que está nos Céus, que um destes pequeninos se perca.” Jesus (Mateus, 18:14.) 


A “Parábola do Bom Samaritano” oferece-nos inesgotável material de reflexões onde sempre descobrimos novas nuanças com o auxílio dos Benfeitores Espirituais... 

Segundo Emmanuel (1), o venerável Mentor de Francisco C. Xavier, 

“(...) os discípulos de Jesus entraram no exame da conduta dos personagens da narrativa, traçando reprovações fulminantes em torno de alguns deles, a ponto de apresentar-se a necessidade de nova interferência de Jesus, tal a impiedade com que vergastavam o sacerdote e o levita. Após despedir a multidão, o Mestre, na intimidade do Colégio Apostólico, em lhes vendo o estado de animosidade frente à falta de caridade do sacerdote e do levita, ensinou: 

“A lição da misericórdia tem raízes profundas: quem passasse irradiando amor na estrada, onde o viajante assaltado e ferido testemunhou a solidariedade, encontraria mais amplos motivos para compreender e auxiliar. 

“Além do homem ferido e arrojado ao pó, claramente necessitado de socorro, teria o cuidado de apiedar-se do sacerdote e do levita, mergulhados na obsessão do egoísmo e carecentes de compaixão; simpatizar-se-ia com o hoteleiro, endereçando-lhe pensamentos de bondade que o sustentassem no exercício da profissão; compadecer-se-ia dos malfeitores, orando por eles, a fim de que se refizessem, perante as leis da Vida, e, tanto quanto possível, ampararia a vítima dos ladrões, estendendo igualmente mãos operosas e amigas ao samaritano da caridade, para que se lhe não esmorecessem as energias nas tarefas do bem. 

“Para Deus, todos somos filhos abençoados e eternos, mas enquanto a misericórdia não se nos fixar nos domínios do coração, em verdade, não teremos atingido o caminho da paz e o reino do amor”. 

É ainda o nobre Emmanuel quem ensina (2): 

“Se aspiras, efetivamente, a colaborar na construção do Reino Divino sobre a Terra, não solenizes o mal, para que o bem germine e se estenda ao grande campo da Vida. 

“Não interpretes ninguém por inimigo. 

“Quando os adversários não se nos revelam por instrutores, são enfermos necessitados de amparo e entendimento.

“Em toda parte seremos defrontados por aqueles que realmente não nos conhecem e que, em nos julgando pelas impressões superficiais ou pelos pareceres de oitiva, se transformam em instrumentos de nossas dificuldades. Sem embargo, recebamo-los todos com serenidade e amor, e continuemos a tarefa da boa vontade, na certeza de que o tempo falará por nós, hoje, amanhã e sempre”. 

Entendemos com Allan Kardec (3): 

“Amar os inimigos é, para o incrédulo, um contra-senso... Aquele para quem a Vida presente é tudo, vê no seu inimigo um ser nocivo, que lhe perturba o repouso e do qual unicamente a morte, pensa ele, o pode livrar. Nenhum interesse tem em perdoar, senão para satisfazer o seu orgulho perante o mundo.

Para o espírita, muito diversa é a maneira de ver, porque suas vistas se lançam sobre o passado e sobre o futuro, entre os quais a Vida atual não passa de um simples ponto. Sabe ele que, pela mesma destinação da Terra, deve esperar topar aí com homens maus e perversos; que as maldades com que se defronta fazem parte das provas que lhe cumpre suportar, e o elevado ponto de vista em que se coloca lhe torna menos amargas as vicissitudes, quer advenham dos homens, quer das coisas. Se não se queixa das provas, tampouco deve queixar-se dos que lhe servem de instrumento. 

“Se, em vez de se queixar, agradece a Deus o experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe dá ensejo de demonstrar a sua paciência e a sua resignação. Esta idéia o dispõe naturalmente ao perdão. Sente, além disso, que quanto mais generoso for, tanto mais se engrandece aos seus próprios olhos e se põe fora do alcance dos dardos do seu inimigo.  

“O homem que no mundo ocupa elevada posição não se julga ofendido com os insultos daquele a quem considera seu inferior. O mesmo se dá com o que, no mundo moral, se eleva acima da humanidade material. Este compreende que o ódio e o rancor o aviltariam e rebaixariam. Ora, para ser superior ao seu adversário, preciso é que tenha a alma maior, mais nobre, mais generosa do que a desse último”.  

Completa Fénelon (4): 

“(...) Amai os que vos inspiram indiferença, ódio, ou desprezo. O Cristo, que deveis considerar modelo, deu-vos o exemplo desse devotamento. Missionário do amor, Ele amou até dar o sangue e a vida por amor. Penoso vos é o sacrifício de amardes os que vos ultrajam e perseguem; mas, precisamente, esse sacrifício é que vos torna superiores a eles”. 

Finaliza Santo Agostinho com este conselho (5):  

Amigos, lembrai-vos deste preceito: ‘Amai-vos uns aos outros’ e, então, a um golpe desferido pelo ódio, respondereis com um sorriso, e ao ultraje com o perdão”.
 

Fontes:

(1) Emmanuel/Xavier, F.C. “Coragem” – Capítulo 18.

(2) Emmanuel/Xavier, F.C. “Mediunidade e Sintonia” – Capítulo XVI.

(3) Kardec, A. “O Evangelho segundo o Espiritismo” – Capítulo XII, item 4.

(4) Kardec, A. “O Evangelho segundo o Espiritismo” – Capítulo XII, item 10.

(5) Kardec, A. “O Evangelho segundo o Espiritismo” – Capítulo XII, item 12, parágrafo segundo.
 

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 Revista Semanal de Divulgação Espírita