ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
Emancipação para
todos
“Assim, também,
não é vontade de
vosso Pai, que
está nos Céus,
que um destes
pequeninos se
perca.”
Jesus (Mateus,
18:14.)
A “Parábola
do Bom
Samaritano”
oferece-nos
inesgotável
material de
reflexões onde
sempre
descobrimos
novas nuanças
com o auxílio
dos Benfeitores
Espirituais...
Segundo Emmanuel
(1), o venerável
Mentor de
Francisco C.
Xavier,
“(...) os
discípulos de
Jesus entraram
no exame da
conduta dos
personagens da
narrativa,
traçando
reprovações
fulminantes em
torno de alguns
deles, a ponto
de apresentar-se
a necessidade de
nova
interferência de
Jesus, tal a
impiedade com
que vergastavam
o sacerdote e o
levita. Após
despedir a
multidão, o
Mestre, na
intimidade do
Colégio
Apostólico, em
lhes vendo o
estado de
animosidade
frente à falta
de caridade do
sacerdote e do
levita,
ensinou:
“A lição da
misericórdia tem
raízes
profundas: quem
passasse
irradiando amor
na estrada, onde
o viajante
assaltado e
ferido
testemunhou a
solidariedade,
encontraria mais
amplos motivos
para compreender
e auxiliar.
“Além do homem
ferido e
arrojado ao pó,
claramente
necessitado de
socorro, teria o
cuidado de
apiedar-se do
sacerdote e do
levita,
mergulhados na
obsessão do
egoísmo e
carecentes de
compaixão;
simpatizar-se-ia
com o hoteleiro,
endereçando-lhe
pensamentos de
bondade que o
sustentassem no
exercício da
profissão;
compadecer-se-ia
dos malfeitores,
orando por eles,
a fim de que se
refizessem,
perante as leis
da Vida, e,
tanto quanto
possível,
ampararia a
vítima dos
ladrões,
estendendo
igualmente mãos
operosas e
amigas ao
samaritano da
caridade, para
que se lhe não
esmorecessem as
energias nas
tarefas do bem.
“Para Deus,
todos somos
filhos
abençoados e
eternos, mas
enquanto a
misericórdia não
se nos fixar nos
domínios do
coração, em
verdade, não
teremos atingido
o caminho da paz
e o reino do
amor”.
É ainda o nobre
Emmanuel quem
ensina (2):
“Se aspiras,
efetivamente, a
colaborar na
construção do
Reino Divino
sobre a Terra,
não solenizes o
mal, para que o
bem germine e se
estenda ao
grande campo da
Vida.
“Não interpretes
ninguém por
inimigo.
“Quando os
adversários não
se nos revelam
por instrutores,
são enfermos
necessitados de
amparo e
entendimento.
“Em toda parte
seremos
defrontados por
aqueles que
realmente não
nos conhecem e
que, em nos
julgando pelas
impressões
superficiais ou
pelos pareceres
de oitiva, se
transformam em
instrumentos de
nossas
dificuldades.
Sem embargo,
recebamo-los
todos com
serenidade e
amor, e
continuemos a
tarefa da boa
vontade, na
certeza de que o
tempo falará por
nós, hoje,
amanhã e
sempre”.
Entendemos com
Allan Kardec
(3):
“Amar os
inimigos é, para
o incrédulo, um
contra-senso...
Aquele para quem
a Vida presente
é tudo, vê no
seu inimigo um
ser nocivo, que
lhe perturba o
repouso e do
qual unicamente
a morte, pensa
ele, o pode
livrar. Nenhum
interesse tem em
perdoar, senão
para satisfazer
o seu orgulho
perante o mundo.
Para o espírita,
muito diversa é
a maneira de
ver, porque suas
vistas se lançam
sobre o passado
e sobre o
futuro, entre os
quais a Vida
atual não passa
de um simples
ponto. Sabe ele
que, pela mesma
destinação da
Terra, deve
esperar topar aí
com homens maus
e perversos; que
as maldades com
que se defronta
fazem parte das
provas que lhe
cumpre suportar,
e o elevado
ponto de vista
em que se coloca
lhe torna menos
amargas as
vicissitudes,
quer advenham
dos homens, quer
das coisas. Se
não se queixa
das provas,
tampouco deve
queixar-se dos
que lhe servem
de instrumento.
“Se, em vez de
se queixar,
agradece a Deus
o
experimentá-lo,
deve também
agradecer a mão
que lhe dá
ensejo de
demonstrar a sua
paciência e a
sua resignação.
Esta idéia o
dispõe
naturalmente ao
perdão. Sente,
além disso, que
quanto mais
generoso for,
tanto mais se
engrandece aos
seus próprios
olhos e se põe
fora do alcance
dos dardos do
seu inimigo.
“O homem que no
mundo ocupa
elevada posição
não se julga
ofendido com os
insultos daquele
a quem considera
seu inferior. O
mesmo se dá com
o que, no mundo
moral, se eleva
acima da
humanidade
material. Este
compreende que o
ódio e o rancor
o aviltariam e
rebaixariam.
Ora, para ser
superior ao seu
adversário,
preciso é que
tenha a alma
maior, mais
nobre, mais
generosa do que
a desse último”.
Completa Fénelon
(4):
“(...)
Amai os que vos
inspiram
indiferença,
ódio, ou
desprezo.
O Cristo, que
deveis
considerar
modelo, deu-vos
o exemplo desse
devotamento.
Missionário do
amor, Ele amou
até dar o sangue
e a vida por
amor.
Penoso vos é o
sacrifício de
amardes os que
vos ultrajam e
perseguem; mas,
precisamente,
esse sacrifício
é que vos torna
superiores a
eles”.
Finaliza Santo
Agostinho com
este conselho
(5):
“Amigos,
lembrai-vos
deste preceito:
‘Amai-vos
uns aos outros’
e, então, a um
golpe desferido
pelo ódio,
respondereis com
um sorriso, e ao
ultraje com o
perdão”.
Fontes:
(2)
Emmanuel/Xavier,
F.C.
“Mediunidade e
Sintonia” –
Capítulo XVI.
(3) Kardec, A.
“O Evangelho
segundo o
Espiritismo” –
Capítulo XII,
item 4.
(4) Kardec, A.
“O Evangelho
segundo o
Espiritismo” –
Capítulo XII,
item 10.
(5) Kardec, A.
“O Evangelho
segundo o
Espiritismo” –
Capítulo XII,
item 12,
parágrafo
segundo.