MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
13)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. É preciso tempo para
o aprimoramento da
faculdade mediúnica?
R.: Sim. Diz Calderaro,
na obra em exame, que a
mediunidade não é
serviço "que possamos
organizar da periferia
para o centro e sim do
interior para o
exterior". "O homem
encarnado, quase sempre
empolgado pelo sono da
ilusão, poderá começar
pelo fenômeno; à
maneira, porém, que
desperte as energias
mais profundas da
consciência, sentirá a
necessidade do
reajustamento e
regressará à causa de
modo a aperfeiçoar os
efeitos. Obra de
construção, de tempo, de
paciência..." (No
Mundo Maior, cap. 9, pp.
129 e 130.)
B. Que é indispensável
ao médium para ascender
às zonas mais altas da
vida?
R.: A boa vontade
criadora. Sem ela – diz
Calderaro – é impossível
o início da ascensão às
zonas mais altas da
vida. (Obra citada,
cap. 9, pp. 131 e
132.)
C. Que valor representam
os lobos frontais no
indivíduo encarnado?
R.: Segundo explicações
do instrutor Calderaro,
nos lobos frontais –
exteriorização
fisiológica de centros
perispiríticos
importantes – repousam
milhões de células, à
espera, para funcionar,
do esforço humano no
setor da
espiritualização.
“Nenhum homem, dentre
os mais arrojados
pensadores da
Humanidade, desde o
pretérito até os nossos
dias, logrou jamais
utilizá-las na décima
parte". Após esta
informação, Calderaro
explicou: "São forças de
um campo virgem, que a
alma conquistará, não
somente em continuidade
evolutiva, senão também
a golpes de
auto-educação, de
aprimoramento moral e de
elevação sublime".
(Obra citada, cap. 9,
pp. 137 a 139.)
Texto
para leitura
69. A
educação mediúnica deve
começar do interior para
a periferia
- Calderaro conseguiu,
com sua dissertação
sobre a mediunidade,
demonstrar a
importância da elevação
de nossas qualidades
receptivas para
alcançarmos a necessária
sintonia com os
mananciais da vida
superior. A mediunidade,
acentuou o Instrutor,
não é serviço "que
possamos organizar da
periferia para o centro
e sim do interior para o
exterior". "O homem
encarnado, quase sempre
empolgado pelo sono da
ilusão – advertiu
Calderaro –, poderá
começar pelo fenômeno; à
maneira, porém, que
desperte as energias
mais profundas da
consciência, sentirá a
necessidade do
reajustamento e
regressará à causa de
modo a aperfeiçoar os
efeitos. Obra de
construção, de tempo, de
paciência..." (Cap. 9,
pp. 129 e 130)
70. Na tarefa
mediúnica -
Calderaro convidou André
ao serviço de
assistência a dedicada
senhora, médium em
processo de formação,
que vinha recebendo já
socorro do Assistente
para prosseguir na
tarefa. André veria
então os obstáculos
criados pela tese
animista. Uma entidade
que fora também médico
na Terra recebeu-os à
entrada do recinto onde
se realizaria o
exercício mediúnico. O
ex-médico tivera
permissão para cooperar
naquele grupo, com o
objetivo de efetuar
certo plano de socorro
aos enfermos
desamparados. Embora o
intercâmbio com os
desencarnados não possa
transformar os homens em
anjos de um dia para
outro, pode ajudá-los a
ser criaturas melhores.
Era, pois, lícito
cooperar no
aprimoramento da
sociedade terrestre,
incentivando-se a
prática do bem e a
devoção à fraternidade.
Era para esse fim que
ele ali estava,
interessado em
contribuir na proteção
aos doentes menos
aquinhoados. As
dificuldades, contudo,
eram grandes. Suas
comunicações através da
médium Eulália não
surtiam efeito, porque
havia sempre, no grupo,
a suspeita de animismo
ou de mistificação
inconsciente. A reunião
começou e Calderaro
observou: "Repara o
conjunto. Já fiz meus
apontamentos. Com
exceção de três pessoas,
os demais, em número de
oito, guardam atitude
favorável". Conforme o
Assistente havia
verificado, todos os
oito se encontravam na
posição de médiuns, pela
passividade que
demonstravam. (Cap. 9,
pp. 130 e 131)
71. As dificuldades
da comunicação -
Eulália era, naquele
grupo, a que apresentava
o estado receptivo mais
adiantado, mas o
ex-médico não
encontrava em sua
organização psicofísica
elementos afins
perfeitos: a médium não
se ligava a ele através
de todos os seus centros
perispirituais, não era
capaz de elevar-se à
mesma freqüência
vibratória, não possuía
suficiente "espaço
interior" para
comungar-lhe as idéias e
conhecimentos, não lhe
absorvia o entusiasmo
total pela Ciência, por
ainda não trazer de
outras existências, nem
haver construído na
atual, as necessárias
teclas evolucionárias,
que só o trabalho
sentido e vivido pode
conferir. O que Eulália
manifestava era a boa
vontade criadora, sem o
que é impossível o
início da ascensão às
zonas mais altas da
vida. O médico, porém,
para realizar o nobre
desejo que o animava,
via-se compelido, em
face das circunstâncias,
a pôr de lado a
nomenclatura oficial, a
técnica científica, o
patrimônio de palavras
que lhe era peculiar, as
definições novas, a
ficha de renome... Ele
poderia identificar-se
com Eulália, para a
mensagem precisa, usando
também a boa vontade, e,
adotando essa forma de
comunicação,
valer-se-ia, acima de
tudo, da comunhão
mental, reduzindo ao
mínimo a influência
sobre os centros
neuropsíquicos. "Em
matéria de mediunismo –
esclareceu o Assistente
– há tipos idênticos de
faculdades, mas enormes
desigualdades nos graus
de capacidade receptiva,
os quais variam
infinitamente, como as
pessoas." (Cap. 9, pp.
131 e 132)
72. A
mensagem psicográfica
- Enquanto o Espírito do
ex-médico preparava sua
mensagem, concernente ao
seu projeto de
assistência aos
enfermos, André
observou que os oito
companheiros do grupo
mediúnico em posição
receptiva absorviam a
emissão mental do
comunicante, cada qual a
seu modo. Os raios de
força positiva do
mensageiro incidiam nas
oito pessoas, mas cada
irmão, ao receber o
influxo sugestivo,
experimentava
associações de idéias
diferentes. Um
cavalheiro recordou
comovente paisagem de
hospital; outro
rememorou o exemplo de
uma enfermeira bondosa
com quem travara
relações; outro abrigou
pensamentos de simpatia
para com os doentes
desamparados; duas
senhoras se lembraram da
caridosa missão de
Vicente de Paulo; uma
velhinha pensou em
visitar alguns enfermos
queridos, e assim por
diante. Três pessoas
mantinham-se, contudo,
impermeáveis ao serviço.
Duas delas
contristavam-se por
haverem perdido uma
sessão de cinema, e a
outra, embora em idade
provecta, retinha a
mente na lembrança de
ocupações domésticas,
que supunha inadiáveis.
Somente Eulália recebia
o apelo do comunicante
com mais nitidez. Ela
sentia-se a seu lado,
envolvia-se em seus
pensamentos, possuía
não só a receptividade,
mas a boa disposição
para servi-lo.
Decorridos alguns
minutos de expectativa e
de preparo silencioso, a
mão da médium, orientada
pelo médico e movida em
cooperação com os
estímulos psicofísicos
da intermediária,
começou a escrever. Os
caracteres eram
irregulares, denunciando
o natural conflito de
"dois cosmos psíquicos"
diferentes. A mensagem
foi vazada em forma
singela e nela o
Espírito do ex-médico
solicitava o esforço e a
boa vontade de todos,
porquanto "a sementeira
reclama trabalhadores
abnegados, que ignorem
cansaço, tristeza e
desânimo". (Cap. 9, pp.
133 e 134)
73. A
mensagem não passa pelo
exame
- A página fora um apelo
fraterno a que todos se
dedicassem,
verdadeiramente, à causa
evangélica. O
comunicante assinou seu
nome e, pouco depois,
encerraram-se os
serviços da noite,
seguindo-se a avaliação
da mensagem. O grupo
concordou em que ela
era edificante na
essência, mas não
apresentava indícios
concludentes da
identificação
individual; não
procedia,
possivelmente, do
conhecido médico que a
subscrevera, pois lhe
faltavam
característicos
especiais, visto que um
médico usaria
nomenclatura adequada e
se afastaria da
craveira comum. A tese
animista apareceu,
então, como tábua de
salvação para todos e a
conversação
transferiu-se para
complicadas referências
a Richet, Pierre Janet,
De Rochas e Aksakof. O
Espírito do ex-médico,
desapontado, comentou:
"Ora essa! jamais
desejei despertar
semelhante polêmica
doméstica. Pretendemos
algo diferente.
Bastar-nos-ia um pouco
de amor pelos enfermos,
nada mais". A médium
Eulália, por sua vez,
ouvia os comentários do
grupo com irrefreável
amargura. Sua mente
turvara-se então,
empanada por densos véus
de dúvida e seus olhos
marejaram-se de
lágrimas, que não
chegaram a cair. Era
preciso ajudá-la –
observou Calderaro, que
espalmou sua destra
sobre a cabeça da
respeitável médium,
expendendo brilhantes
raios que desciam do
encéfalo ao tórax de
Eulália, qual fluxo
renovador. A medianeira
voltou então à
serenidade. Amparada
pela atuação direta do
Assistente, ela sabia
dos percalços a vencer e
mergulhava-se
gradativamente no ameno
clima da compreensão.
(Cap. 9, pp. 135 e 136)
74. Lobos frontais:
um campo quase virgem
- Restabelecendo-lhe a
tranqüilidade,
Calderaro manteve, na
seqüência, suas mãos
apoiadas aos lobos
frontais da médium,
agindo sobre as fibras
inibidoras. Notou-se
então sensível mudança.
A mente de Eulália
introverteu-se,
desinteressando-se da
conversa em torno e
ficando mais atenta ao
campo espiritual.
Calderaro inclinou-se
então e falou-lhe
carinhosamente:
"Eulália, não desanimes!
A fé representa a força
que sustenta o espírito
na vanguarda do combate
pela vitória da luz
divina e do amor
universal. Nossos
amigos não te acusam,
nem te ferem: tão
somente dormem na ilusão
e sonham, apartados da
verdade; exculpa-os
pelas futilidades do
momento. Mais tarde eles
despertarão para o
esforço de espalhar-se o
bem...". Eulália não
registrou tais palavras
com os tímpanos de
carne, mas seus lobos
frontais encheram-se de
intensa luz. Ela
recebera a mensagem e,
em resposta, dizia
mentalmente que
trabalharia até ao fim,
consciente de que o
serviço da verdade
pertence ao Senhor, e
não aos homens.
Olvidaria os golpes;
transformaria as
objeções dos outros em
auxílios; reconheceria
os próprios defeitos,
para poder corrigi-los;
caminharia para a
frente; a mediunidade
lhe seria um campo de
trabalho; cumpria-lhe
crer, trabalhar, amar e
esperar no Divino
Senhor. André admirou-se
da luminosidade que
revestia os lobos
frontais da médium. O
Assistente explicou:
"Eulália, neste
instante, fixa-se
mentalmente na região
mais alta que lhe é
possível. Recolhe-se,
calma, no santuário mais
íntimo, de modo a
compreender e desculpar
com proveito". E,
indicando a referida
região do cérebro,
acrescentou: "Nos lobos
frontais, André,
exteriorização
fisiológica de centros
perispiríticos
importantes, repousam
milhões de células, à
espera, para funcionar,
do esforço humano no
setor da
espiritualização. Nenhum
homem, dentre os mais
arrojados pensadores da
Humanidade, desde o
pretérito até os nossos
dias, logrou jamais
utilizá-las na décima
parte". Calderaro,
então, concluiu: "São
forças de um campo
virgem, que a alma
conquistará, não somente
em continuidade
evolutiva, senão também
a golpes de
auto-educação, de
aprimoramento moral e de
elevação sublime".
(Cap. 9, pp. 137 a 139)
(Continua no próximo
número.)