A Revue Spirite
de 1861
Allan Kardec
(Parte
10)
Damos continuidade ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1861. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 14
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. O que é indispensável
a nós, espíritas, saber?
Depois de dizer que
ninguém abandona
instantaneamente suas
inclinações, costumes e
paixões, ao despir as
vestes humanas, Erasto
recomenda que examinemos
que proveito temos
tirado de nossos estudos
espíritas e que melhora
moral disso resultou,
porque não basta dizer:
“Sou espírita”. “O que
vos é indispensável
saber – disse Erasto – é
se vossos atos são
conforme às prescrições
de vossa nova fé, que é
(...) Amor e Caridade.”
(Revue Spirite de 1861,
pp. 285 e 286.)
B. Nossas existências
independem umas das
outras?
Não. Segundo Erasto,
todas as existências se
ligam; nenhuma é
independente das outras.
As preocupações, os
aborrecimentos, as
grandes dores são sempre
conseqüências de uma
vida anterior. Ele
referia-se, então, ao
caso de um homem que
numa existência anterior
havia emparedado sua
própria mulher, viva,
num carneiro, e agora
sofrera a pena de Talião
que tivera de aplicar a
si mesmo. Comentando o
caso, Erasto e Lamennais
disseram que tal
expiação fora solicitada
pelo próprio Espírito.
Com isso, ele poderia
elevar-se a um mundo
melhor onde encontraria
sua vítima, que já o
havia perdoado.
(Obra citada, pp. 287 e
288.)
C. Como os apóstolos da
terceira revelação serão
reconhecidos?
Eis como um instrutor
espiritual se referiu a
esse assunto:
“Reconhecê-los-eis pelas
obras, e não pelas
qualidades que se
atribuam. Os que recebem
missões do Alto as
cumprem, mas não se
glorificam; porque Deus
escolhe os humildes para
divulgar sua palavra e
não os ambiciosos e
orgulhosos”.
(Obra citada, pp. 303 e
304.)
Texto para leitura
168. Depois de toda a
polêmica, Erasto
observou que Buffon,
Gérard de Nerval,
Visconde Delaunay,
Bernardin de
Saint-Pierre
conservavam, como
Lamennais, os gostos e a
forma literária que
usavam quando
encarnados. (P. 285)
169. Tal fato, diz
Erasto, mostra que
ninguém abandona
instantaneamente suas
inclinações, costumes e
paixões, ao despir as
vestes humanas. “Na
Terra, os Espíritos são
como prisioneiros que a
morte deve libertar.”
(P. 285)
170. Em face disso,
adverte Erasto, é
preciso que todos
examinemos que proveito
temos tirado de nossos
estudos espíritas e que
melhora moral disso
resultou, porque não
basta dizer: “Sou
espírita”. “O que vos é
indispensável saber --
assevera Erasto -- é se
vossos atos são conforme
às prescrições de vossa
nova fé, que é (...)
Amor e Caridade.”
(P. 286)
171. A Revue examina o
caso do Sr. Antonio B...
que, dado como morto,
acabou sendo enterrado
vivo. (P. 286)
172. Evocado, Antonio
disse que numa
existência anterior ele
havia emparedado sua
própria mulher, viva,
num carneiro, e agora
sofrera a pena de Talião
que tivera de aplicar a
si mesmo! -- olho por
olho, dente por dente.
(P. 287)
173. Lamennais e Erasto,
comentando o caso,
confirmam que a expiação
de Antonio B... foi
solicitada por ele
mesmo. Com isso, ele
poderá elevar-se a um
mundo melhor onde
encontrará sua vítima,
que já o havia perdoado.
(P. 288)
174. Aproveitando o
ensejo, Erasto disse que
todas as existências se
ligam; nenhuma é
independente das outras.
As preocupações, os
aborrecimentos, as
grandes dores são sempre
conseqüências de uma
vida anterior. (P. 288)
175. Jobard diz, em
carta a Kardec, que em
Metz ele encontrou, em
vez de pobres operários
como em Lião, condes,
barões, coronéis,
engenheiros, militares,
antigos alunos da
Politécnica e sábios
interessados em
Espiritismo. (P. 292)
176. Kardec diz que
Jobard não quis, com
tais observações,
menosprezar os operários
de Lião: seu objetivo
foi unicamente constatar
que o Espiritismo conta
com adeptos em todas as
camadas sociais. (P.
294)
177. Carta enviada pelo
Sr. A. Sabò, de Bordéus,
informa que os espíritas
daquela cidade desejavam
criar uma sociedade
dependente da de Paris:
além da Sociedade
principal, em diversos
pontos da cidade haveria
grupos de 10 a 12
pessoas, onde, de vez em
quando, compareceriam
membros da Sociedade,
para dar os conselhos
necessários. (P. 295)
178. A Revue transcreve
mensagem obtida em
Mulhouse, de um
ex-israelita, que afirma
que o Espiritismo é a
lei de Moisés aplicada à
época atual. A religião
israelita, diz o
Espírito, foi a primeira
que emitiu aos olhos dos
homens a idéia de um
Deus espiritual.
(PP. 296 a 300)
179. Afirmando que o
Cristianismo foi o
resultado da segunda
revelação, o mesmo
Espírito assevera: “O
Espiritismo é a chegada
de uma era que verá
realizar-se esta
revolução nas idéias dos
povos”. “Sim: o
Espiritismo é a terceira
revelação. Revela-se a
uma geração de homens
mais adiantados, de mais
nobres aspirações,
generosas e
humanitárias, que devem
concorrer para a
fraternidade universal.”
(PP. 303 e 304)
180. Referindo-se aos
novos apóstolos, o
Espírito diz como
reconhecê-los:
“Reconhecê-los-eis pelas
obras, e não pelas
qualidades que se
atribuam. Os que recebem
missões do Alto as
cumprem, mas não se
glorificam; porque Deus
escolhe os humildes para
divulgar sua palavra e
não os ambiciosos e
orgulhosos”. (P. 304)
181. Aproveitando o
recesso da Sociedade
Espírita de Paris,
Kardec visitou os
espíritas de Lião, Sens
e Mâcon. Em Lião, diz
Kardec, “não é mais por
centenas que ali se
contam os espíritas, mas
por milhares”. (P. 305)
182. No ano anterior,
havia em Lião um único
centro, o de Brotteaux,
dirigido pelo Sr. Dijou
e sua mulher; agora há
diversos centros, em
diferentes pontos da
cidade, sem contar um
grande número de grupos
particulares. (P. 306)
183. Kardec diz que do
banquete que lhe foi
oferecido a 19/9/1861
participaram 160
pessoas, representando
os diversos grupos
espíritas (no ano
anterior havia 30
convivas apenas). (P.
309)
184. Vários discursos
foram então
pronunciados. A Revue
transcreveu os do Sr.
Dijou, do Sr. Courtet,
do prof. Bouillant, além
do discurso feito por
Kardec e da epístola
dirigida por Erasto aos
espíritas lioneses. (PP.
309 a 324)
185. Kardec, abrindo o
seu discurso, destacou o
prazer que sentia de
estar ali juntamente com
todos eles, e não o de
estar à mesa, visto que
um festim de espíritas
seria uma contradição.
(PP. 312 e 313)
186. Felicitando os
lioneses pelos
progressos que o
Espiritismo havia feito
na cidade, Kardec
afirmou que esse
progresso se fazia em
toda parte e em todos os
países, numa proporção
que ultrapassou todas as
esperanças. (P. 314)
(Continua
no próximo número.)