F. ALTAMIR DA
CUNHA
altamir.cunha@bol.com.br
Natal, Rio
Grande do Norte
(Brasil)
Unificação -
um grande
desafio
A unificação tem sido a
tônica da maioria dos
projetos do movimento
espírita. Inegavelmente,
é uma atividade meio
indispensável ao bom
resultado da divulgação
do Espiritismo nos três
aspectos: científico,
filosófico e religioso.
Como todo empreendimento
importante, para que se
torne realidade, é
imprescindível
consciência,
determinação e renúncia.
Há uma longa estrada a
percorrer, e, nela, nos
defrontaremos com
inúmeros obstáculos, a
maioria originada de nós
mesmos, reflexos das
nossas imperfeições.
Afirmou Jesus: “[...] Se
alguém quiser vir após
mim, negue-se a si
mesmo, e tome a sua cruz
e siga-me”. (Mc 8:34)
Eis um dos grandes
desafios do processo:
negar a si mesmo,
renunciar à promoção
pessoal. Este
procedimento torna-se o
antídoto mais eficaz
contra um dos maiores
adversários da
unificação – o
personalismo.
O Codificador da
Doutrina Espírita, Allan
Kardec, advertiu que a
falta de unidade é um
dos maiores obstáculos,
capazes de retardar a
propagação da Doutrina;
e o personalismo é um
fator de desagregação.
A luta por um ideal
jamais será bem-sucedida
se não existir união
entre os seus
defensores.
Não podemos olvidar que
o Mestre Jesus vivenciou
dificuldades idênticas,
com vistas à implantação
da Boa Nova, e, prevendo
que os seus
continuadores também
enfrentariam, legou como
regra áurea para vencer
os obstáculos: “O meu
mandamento é este: Que
vos ameis uns aos
outros, assim como eu
vos amei”. (João 15:12)
O amor entre nós, o amor
à causa, humildade e
renúncia a pontos de
vista individuais,
praticando desta forma o
respeito às diferenças,
sem os quais, o ideal
não logrará êxito.
Não podemos esquecer que
o objetivo da Unificação
não é a promoção de
indivíduos, nem tampouco
de instituições, o
compromisso é com a
promoção da Doutrina
Espírita. Olvidar esta
verdade é abrir as
portas ao personalismo –
individual e de grupo.
Certamente, para
tornarmos a unificação
uma realidade, teremos
que sofrer a
incompreensão e críticas
de muitos, e em alguns
momentos seremos
visitados pelo desânimo,
convidando-nos a
desistir; mas não
devemos esquecer que
aquele que perseverar
será vitorioso.
Advertiu o paladino da
unificação, Bezerra de
Menezes: “Falamos em
provações e sofrimentos,
mas não dispomos de
outros veículos para
assegurar a vitória da
verdade e do amor sobre
a Terra. Ninguém edifica
sem amor,
ninguém ama sem lágrimas”.
(1)
Em momento algum, o amor
à causa deverá gerar
desrespeito e imposição
de interpretação. Como
nos adverte Emmanuel:
“União, desse modo, para
nós, não significa
imposição do recurso
interpretativo, mas,
acima de tudo,
entendimento mútuo de
nossas necessidades, com
o serviço da cooperação
atuante, a partir do
respeito que devemos uns
aos outros”. (2)
Seria um grande equívoco
querer conseguir a
unidade através de
imposição e da
uniformização. Cada
grupamento tem a sua
característica e poderá
escolher a forma mais
apropriada para a
execução do projeto,
porém, o fim deverá ser
o mesmo – o estudo,
difusão e prática da
Doutrina Espírita. No
entanto, todo cuidado
deve ser dirigido a esse
trabalho, no sentido de
não fugir à fidelidade
doutrinária.
Com a orientação final,
diz Bezerra de Menezes:
“É
indispensável manter o
Espiritismo qual foi
entregue pelos
Mensageiros Divinos a
Allan Kardec: sem
compromissos políticos,
sem profissionalismo
religioso, sem
personalismos
deprimentes, sem
pruridos de conquista a
poderes terrestres
transitórios”. (3)
(1)
Obras Póstumas, Projeto
1868, Allan
Kardec.
(2) Seara dos Médiuns,
73ª. edição FEB,
psicografia de F.
Cândido Xavier.
(3)
Trechos da mensagem
“Unificação”,
psicografada por F.
Cândido Xavier –
Reformador, dez/1975.