JORGE
HESSEN
jorgehessen@gmail.com
Brasília,
Distrito
Federal
(Brasil)
Breves
reflexões sobre a
eficácia da prece
"A mediunidade curadora
não vem suplantar a
medicina
e os médicos; vem
simplesmente provar que
há coisas que eles
não sabem e os convidar
para estudá-las; que a
natureza tem
recursos que eles
ignoram; que o elemento
espiritual que eles
desconhecem não é uma
quimera, e que, quando o
levarem em
conta, abrirão novos
horizontes à ciência e
terão mais êxitos
do que agora.”
(1)
Existem pesquisas sobre
os efeitos da prece na
saúde das pessoas. Uma
delas foi realizada pelo
Laboratório de
Imunologia Celular da
Faculdade de Medicina da
Universidade de
Brasília, com a
participação ativa de
mais de cinqüenta e dois
estudantes de medicina
durante o período de
2000 a 2003. A pesquisa,
segundo divulgação no
final de outubro, nos
principais jornais do
país, apresentou
resultados positivos que
se materializam no
aumento da estabilidade
celular dos indivíduos
que receberam a prece.
De acordo com o estudo
em foco, um dos
principais mecanismos de
defesa do organismo – a
fagocitose (*) – pode
ter a função
estabilizada com preces
feitas a distância. "Na
análise dos cinqüenta e
dois voluntários, a cada
semana, uma dupla
fornecia amostras de
sangue e respondia a um
questionário sobre
estresse. Encaminhava-se
uma foto do voluntário,
identificada apenas pelo
nome, a um grupo de dez
religiosos de diferentes
credos, que, por uma
semana, faziam preces
para aquela pessoa.
Coordenada pelo
professor de imunologia
Carlos Eduardo Tosta, a
pesquisa demorou três
anos para ser concluída.
(2)
A prece atua sobre
indivíduos sadios,
influenciando o sistema
imunológico, segundo
estudo pioneiro
realizado no ano de
1988, no Hospital Geral
de São Francisco, na
Califórnia. Nesse
hospital "foi
possível comprovar que
os pacientes que
receberam preces
apresentaram
significativas melhoras,
necessitando inclusive
de menor quantidade de
medicamentos”. (3)
Para nós, espíritas, ela
se reveste de
características
especiais, pois "a
par da medicação
ordinária, elaborada
pela Ciência, o
magnetismo nos dá a
conhecer o poder da ação
fluídica e o Espiritismo
nos revela outra força
poderosa na mediunidade
curadora e a influência
da prece". (4) Allan
Kardec, ao emitir seus
comentários na questão
662 de O Livro dos
Espíritos, afirma
que "o pensamento e a
vontade representam em
nós um poder de ação que
alcança muito além dos
limites da nossa esfera
corporal”. (5) A
rigor, "a
eletricidade é energia
dinâmica; o magnetismo é
energia estática; o
pensamento é força
eletromagnética".
(6) Considerando-se
a propriedade do fluido
magnético para que nos
influenciemos
mutuamente, e "reconhecendo-se
a capacidade do fluido
magnético para que as
criaturas se influenciem
reciprocamente, com
muito mais amplitude e
eficiência atuará ele
sobre as entidades
celulares do Estado
Orgânico –
particularmente as
sangüíneas e as
histiocitárias –,
determinando-lhes o
nível satisfatório, a
migração ou a extrema
mobilidade, a fabricação
de anticorpos ou, ainda,
a improvisação de outros
recursos combativos e
imunológicos, na defesa
contra as invasões
bacterianas e na redução
ou extinção dos
processos patogênicos
(...)".
Muito se tem dito a
respeito da prece, mas
muito pouco ainda
conhecemos do seu
mecanismo de
funcionamento. Por isso
mesmo, pouco a
valorizamos, e por vezes
até a esquecemos. É até
um procedimento
compreensível, uma vez
que o Espiritismo é uma
Doutrina relativamente
jovem, com
aproximadamente 150
anos, e a análise de
seus aspectos
científicos requer
conhecimentos básicos,
sem os quais não
entenderíamos as suas
explicações,
precisaríamos, então,
ter noções de Física,
Ciências, Biologia,
fluidos, magnetismo,
eletromagnetismo,
eletricidade,
telecomunicações etc.
Mas, uma coisa é clara,
a prece não pode mudar a
natureza das provas
pelas quais o homem tem
que passar, ou até mesmo
desviar-lhe seu curso, e
isto porque elas estão
nas mãos de Deus e há as
que devem ser suportadas
até o fim, mas Deus leva
sempre em conta a
resignação.
Muitas vezes surgem
aqueles que contestam a
eficácia da prece,
alegando que, pelo fato
de Deus conhecer as
necessidades humanas,
torna-se dispensável o
ato de orar, pois, sendo
o Universo regido por
leis sábias e eternas,
as súplicas jamais
poderão alterar os
desígnios do Criador. No
entanto, não pode perder
de mira a assertiva do
Mestre: "O que quer
que seja que pedirdes na
prece crede que
obtereis, e vos será
concedido”. (7)
Embora as preces que
fazemos não possam
desviar-nos de nossos
problemas e desilusões,
elas são um bálsamo
reconfortante para a
nossa alma enfermiça,
pois fazem-nos penetrar
em estados de suave
sossego e gozos que
somente aquele que ora é
capaz de decifrar. Tem,
assim, a prece, o
inefável dom de dar-nos
forças para suportarmos
lutas e problemas,
internos e externos, de
colocar-nos em posição
de vencer obstáculos
que, antes, pareciam
irremovíveis. Kardec
dava tanta importância
ao ato de pensar que um
dia escreveu no livro "A
Gênese": "O pensamento
produz uma espécie de
efeito físico que reage
sobre o moral: é isso
unicamente o que o
Espiritismo poderia
fazer compreender”.
(8)
É o pensamento que dá
qualidade curativa aos
fluidos, que existem em
estado natural ao nosso
redor. É ele que
transforma o fluido
inerte em energia capaz
de recompor um tecido
doente ou reduzir os
males de ordem
espiritual que afetam os
indivíduos.
É o pensamento também o
fio que nos permite
estabelecer um
relacionamento positivo
com os Espíritos, que
participam das
atividades curadoras.
Mas, ao mesmo tempo em
que nos permite tudo
isso, ele também poderá
nos ligar a Espíritos
cuja presença será
prejudicial ao ato de
curar. Toda moeda tem
dois lados, as leis da
natureza são estradas de
duas mãos. A mente é
fonte de energia
curativa ou de energia
destruidora.
A prece é, sem dúvida,
um dos meios pelos quais
a cura de um mal pode
ser alcançada. Mas é,
também, um meio dos mais
difíceis, haja vista a
pequena capacidade
mental que temos para
orar. Isto porque a
oração tem sido um ato
mecânico, que se realiza
pelos lábios. Contudo, a
prece é algo que depende
enormemente do
pensamento e da vontade.
Sem esses dois
requisitos, a prece se
transforma em algo sem
maior valor. Destarte,
cremos que a temática
prece deveria se
constituir em matéria de
constante estudo nos
centros espíritas,
porém, estudo sério,
e não se tornar objeto
de considerações
puramente místicas,
que impedem alcançar a
sua essência e
importância.
Fontes:
(1)
Kardec, Allan.
Revista Espírita,
novembro de 1866.
(2)
Publicado no Jornal
Folha de São Paulo
em 9 de Julho de 2004.
(3)
Artigo de Kátia
Penteado, intitulado
Efeitos da Prece na
Saúde: a Ciência
confirma a Doutrina
Espírita - Nov/2004.
(4)
Kardec, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo, Rio de
Janeiro: Ed FEB, 2004,
Capítulo 28, item 77.
(5)
Kardec, Allan. O
Livro dos Espíritos,
Rio de Janeiro: Ed. FEB,
2000, questão 662.
(6)
Xavier, Francisco
Cândido. Pensamento e
Vida, 9ª. ed., Rio
de Janeiro: FEB, 1991,
p. 16.
(7)
Marcos, 11:24.
(*)
Incorporação de
partículas sólidas por
uma célula mediante o
envolvimento daquelas
por esta. [Esse processo
não implica penetração
da membrana celular e
serve à nutrição e de
defesa contra elementos
estranhos ao organismo.]