A Revue Spirite
de 1862
Allan
Kardec
(2a
Parte)
Damos seqüência ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1862. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Qual foi, segundo
Kardec, o maior milagre
produzido por Jesus?
Maior do que mudar a
água em vinho, alimentar
quatro mil homens com
cinco pães, curar
epilépticos, dar vista
aos cegos e fazer
andarem os paralíticos,
o maior milagre de Jesus
foi ter ele, em apenas
três anos, mudado a face
do mundo, sem nada haver
escrito e auxiliado
tão-somente por alguns
obscuros pescadores
ignorantes. (Revue
Spirite de 1862, pp. 24
e 25.)
B. Que é necessário para
que um grupo tenha
estabilidade?
Para gozar de ordem,
tranqüilidade e
estabilidade, é preciso
que nele reine um
sentimento fraterno,
porque todo grupo ou
sociedade que se formar
sem ter por base a
caridade efetiva não
terá vitalidade. O
verdadeiro espírita se
reconhece pela prática
da caridade em
pensamentos, palavras e
atos. Todo aquele que
nutre em sua alma
sentimentos de
animosidade, de rancor,
de ódio, de ciúme ou de
inveja, mente a si mesmo
se pretende compreender
e praticar o
Espiritismo. O egoísmo
e o orgulho matam as
sociedades particulares,
como matam os povos e as
sociedades em geral.
(Obra citada, pp. 31 a
34.)
C. Qual é, na opinião de
Santo Agostinho, a
bandeira do Espiritismo?
Da mesma forma que o
Cristianismo plantou o
estandarte da igualdade
na Terra, o Espiritismo
arvora o da
fraternidade. Essa é a
sua bandeira. O
Espiritismo não se
prende a fenômenos
físicos, nem se apóia em
milagres que falam aos
olhos -- ele dá a fé ao
coração. (Obra
citada, pp. 43 a 46.)
Texto para leitura
12. Kardec comenta
artigo publicado em
dezembro de 1861 pelo
Sr. Guizot, que parte do
princípio de que todas
as religiões se fundam
no sobrenatural, o que
seria certo se se
entendesse como tal o
que não se compreende.
(PP. 20 e 21)
13. Como prova do
sobrenatural, Guizot
cita a formação do
primeiro homem, que foi
criado adulto, porque --
diz ele --, sozinho e na
infância, não teria
podido alimentar-se. (P.
23)
14. Kardec rebate o
argumento, lembrando
ainda que a questão de
um tronco único para a
espécie humana é
controvertida, porque as
leis da antropologia
demonstram a
impossibilidade material
que a posteridade de um
só homem pudesse, em
alguns séculos, povoar
toda a Terra e se
transformar em raças
negras, amarelas e
vermelhas. (P. 23)
15. Após dizer que o
Magnetismo e o
Espiritismo,
reproduzindo os fatos
tidos por miraculosos,
tirou deles o seu
caráter sobrenatural,
Kardec lembra que isso
não retira de Jesus o
seu caráter divino,
visto que um milagre
produzido pelo Mestre,
muito maior do que mudar
a água em vinho,
alimentar quatro mil
homens com cinco pães,
curar epilépticos, dar
vista aos cegos e fazer
andarem os paralíticos,
foi ter, em apenas três
anos, mudado a face do
mundo, sem nada haver
escrito e auxiliado
tão-somente por alguns
obscuros pescadores
ignorantes. (PP. 24 e
25)
16. Do México, a
Revue publica
versos do Espírito de
Béranger, em que, entre
outros pensamentos, o
poeta diz: “Estão
caídos os gigantes da
glória: escravos, reis,
todos serão confundidos,
porque, para nós todos,
a mais bela vitória cabe
ao que mais sabe amar”.
(PP. 25 e 26)
17. Surgem mais um livro
do Codificador: “O
Espiritismo na sua
expressão mais simples”
e “Revelações de
Além-Túmulo”, pela
Sra. H. Dozon, médium
integrante da Sociedade
Espírita de Paris. (P.
27)
18. A
Revue alude a um
testamento hológrafo
feito em favor do
Espiritismo por um
simpatizante.
(N.R.: Hológrafo
significa documento
totalmente escrito a mão
pelo seu autor.)
(PP. 28 e 29)
19. Kardec diz ao Dr.
Morhéry que foi por pura
prudência que deixou de
publicar notícia, por
ele enviada, acerca de
fatos muito estranhos
ocorridos com a
senhorita Godu, que
teria “produzido”
mediunicamente até
diamantes. (PP. 29 e 30)
20. Em resposta à
mensagem de Ano Novo
recebida dos espíritas
de Lyon, subscrita por
cerca de duzentas
assinaturas, Kardec
dá-lhes uma série de
oportunos conselhos: I -
Se um grupo pretende ter
ordem, tranqüilidade e
estabilidade, é preciso
que nele reine um
sentimento fraterno,
porque todo grupo ou
sociedade que se formar
sem ter por base a
caridade efetiva não
terá vitalidade. II -
Reconhece-se o
verdadeiro espírita pela
prática da caridade em
pensamentos, palavras e
atos: todo aquele que
nutre em sua alma
sentimentos de
animosidade, de rancor,
de ódio, de ciúme ou de
inveja, mente a si mesmo
se pretende compreender
e praticar o
Espiritismo. III - O
egoísmo e o orgulho
matam as sociedades
particulares, como matam
os povos e as sociedades
em geral. (PP. 31 a 34)
21. Mais adiante, o
Codificador recomenda
afastarem cuidadosamente
tudo quanto se refere à
política e às questões
irritantes, procurando
no Espiritismo aquilo
que pode melhorar o
indivíduo. Eis o
essencial. E acrescenta:
“Quando os homens forem
melhores, as reformas
sociais realmente úteis
serão uma conseqüência
natural”. (PP. 34 e 35)
22. A
um padre que suscitou a
questão dos milagres,
Kardec responde dizendo
que os espíritas não têm
o mais insignificante
milagre a oferecer e,
ainda, que o Espiritismo
não se apóia em nenhum
fato miraculoso. (P. 37)
23. Na seqüência, ele
assevera que há duas
coisas no Espiritismo: o
fato da existência dos
Espíritos e suas
manifestações e a
doutrina daí decorrente.
O primeiro ponto não
pode ser posto em dúvida
senão pelos que não
viram ou não quiseram
ver. Quando ao segundo,
a questão é saber se
essa doutrina é justa ou
falsa. (P. 39)
24. Kardec acrescenta,
na sua resposta ao
padre, uma série de
comunicações mediúnicas
e, dentre elas, uma
assinada pelo Espírito
de Santo Agostinho, que
conclui nestes termos
seu pensamento: “Que
doutrina dará mais
sentimento e ânimo ao
coração? O Cristianismo
plantou o estandarte da
igualdade na Terra e o
Espiritismo arvora o da
fraternidade!... Eis o
milagre mais celeste e
mais divino que possa
acontecer!...
Sacerdotes, cujas mãos
por vezes estão
manchadas pelo
sacrilégio, não peçais
milagres físicos, pois
as vossas frontes
poderão ir quebrar-se na
pedra que pisais para
subir ao altar!... Não,
o Espiritismo não se
prende a fenômenos
físicos, não se apóia em
milagres que falam aos
olhos -- ele dá a fé ao
coração. Dizei-me, não
estará aí o maior
milagre?” (PP. 43 a 46)
(Continua
no próximo número.)