Os
primeiros e os últimos
O capítulo 18
(versículos 9 a 14) do
Evangelho de Lucas
registra uma
interessante parábola de
Jesus:
"Dois homens
subiram ao
Templo para
orar; um era
fariseu e o
outro publicano.
O fariseu, de
pé, orava
interiormente
deste modo: ‘Ó
Deus, eu te dou
graças porque
não sou como o
resto dos
homens, ladrões,
injustos,
adúlteros, nem
como este
publicano; jejuo
duas vezes por
semana, pago o
dízimo de todos
os meus
rendimentos'. O
publicano,
mantendo-se à
distância, não
ousava sequer
levantar os
olhos para o
céu, mas batia
no peito
dizendo: ‘Meu
Deus, tem
piedade de mim,
pecador!"
Após formular a
parábola, Jesus
explica: "Eu
vos digo que
este último
desceu para casa
justificado, o
outro não. Pois
todo o que se
exalta será
humilhado, e
quem se humilha
será exaltado".
Há uma diferença muito
grande entre o
modo de agir dos
homens e o que
se torna
meritório aos
olhos de Deus. O
fariseu considerava-se
o eleito perante
Deus e o
publicano não se
considerava
virtuoso nem
eleito. Ante o
Criador, os
valores de cada
um deles era
justamente o
inverso ao
que se
atribuíam.
Várias passagens dos
Evangelhos mostram a
ação de publicanos bons
e generosos, mais
próximos de Deus que
muitos fariseus, que se
proclamavam,
orgulhosamente, os
eleitos. Uma dessas
passagens é a do
publicano Zaqueu (Lucas,
19: 1 a 10), que pelo
simples fato de Jesus
ter-se hospedado em sua
casa, dispôs-se a
distribuir metade da sua
fortuna com os pobres e
restituir quatro vezes
mais àqueles a quem
havia prejudicado na sua
função de cobrador de
impostos.
Entre as advertências de
Jesus, ele esclareceu
que os fariseus andavam
muito mal-avisados, por
julgarem, erradamente,
que pelo muito falar
seriam atendidos e
achavam que quanto mais
prolongada fosse a
oração, maior seria a
sua eficácia.
Outra parábola, do Rico
e do Lázaro (Lucas, 16:
19 a 31), mostra que o
Rico, que jogava as
sobras dos banquetes que
promovia aos cães e
ignorava a Lázaro, o
pobre, teve, ao
desencarnar, uma sorte
contrária à que esperava
e viu que o Espírito de
Lázaro ascendeu a
regiões mais elevadas,
onde, segundo o Sermão
do Monte, os
bem-aventurados teriam
sua fome saciada, porque
na Terra somente
experimentaram pobreza
e agruras.
Assim são os homens de
grandes poderes
materiais que, formando
alto conceito de si
próprios e da sua
superioridade,
consideram-se os eleitos
e acham que as coisas
divinas não merecem a
sua atenção.
Jesus disse que será o
maior no reino dos céus
aquele que se humilhar e
se fizer pequeno como
uma criança, ou seja,
aquele que não alimentar
nenhuma pretensão de
superioridade ou de
infalibilidade. Que seja
servidor, asseverou o
Mestre, aquele que
quiser tornar-se o
maior.
Lucas (14: 7 a 10)
registra: "Quando
fordes convidados para
as bodas, não torneis o
primeiro lugar, para que
não suceda que, havendo
entre os convidados uma
pessoa mais considerada
do que vós, aquele que
vos haja convidado venha
a dizer-vos: daí o vosso
lugar a este, e vos
vejais constrangidos a
ocupar, cheios de
vergonha, o último
lugar. Quando fordes
convidados, ide
colocar-vos no último
lugar, a fim de que,
quando aquele que vos
convidou chegar, vos
diga: meu amigo, venha
mais para cima. Isso
então será para vós um
motivo de glória, diante
de todos os que
estiverem convosco à
mesa".