DAVILSON SILVA
davsilva.sp@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)
Alma
doente, corpo doente
A doença do corpo físico
origina-se de
enfermidades da Alma,
iniciadas no âmbito dos
sentimentos. Tudo que
plasmamos de bom ou de
mau, de feio ou de belo,
provém do fundo do
coração, tido também na
conta de sede das
emoções e da
consciência, daí Jesus
ter dito: “Bem-aventurados
aqueles que têm puro o
coração”... (Mateus,
5:8). Os sentimentos
impelem a mente, fonte
criadora, a concretizar
palavras e atos.
Sentimos e
automaticamente pensamos
e vice-versa para, em
seguida, poder falar e
agir conforme nossa
capacidade de escolha,
de decisão, esse poder
natural, inato,
denominado vontade,
o veículo de nossos
impulsos como o ar o é
das vibrações sonoras.
Essa congênita
capacidade do ser humano
é um meio pelo qual se
pode conseguir ou
atingir algo e se
constitui em dispositivo
de engrenagem das
realizações do Princípio
Inteligente, ou
Espírito, esteja este
dentro ou fora do corpo
físico.
Somos o que pensamos, o
pensamento é tudo. O
Espírito André Luiz
referiu-se a “raio da
emoção” ou “raio do
desejo”, ao discorrer
por analogia: “Assim
como o átomo é uma força
viva e poderosa na
própria contextura, a
partícula de pensamento
é igualmente passiva
perante o sentimento que
lhe dá formas e natureza
para o bem ou para o
mal, segundo força do
sentimento que o impele
e o configura”. (1) Em outras
palavras: Modelamos tudo
em torno de nossos
passos ao longo das
experiências
regeneradoras.
Há uma máxima paulina
que diz: “tudo o que
o homem semear, isso
também ceifará”
(Gálatas, 6:7), numa
alusão, para nós
espíritas, à Lei de
Causa e Efeito. Isto
quer dizer nas
entrelinhas: o homem é
virtual causador do
resultado de suas obras,
ou disposição para se
fazer o bem ou o mal.
Somos livres para
pensar, falar e agir,
mas da mesma forma
livres para arcar com as
conseqüências de nosso
procedimento.
Na obra O Evangelho
segundo o Espiritismo
lê-se também: “quantos
homens caem por sua
própria culpa!” (2),
já que, em geral,
tendemos à cólera e ao
desânimo, em indignação
prolongada, a se
estender através de
semanas ou de muito
tempo, tornando-se
hábito pernicioso de
efeitos imprevisíveis.
Diz mais ainda: “Quantas
doenças e enfermidades
decorrem da intemperança
e de todos os excessos
de todo gênero!”
No entanto, Deus
permite-nos a cura
quando pedimos socorro
aos médicos da Terra ou
do Espaço. Mas, não
raro, obtendo alguma
melhora, desprezamos o
remédio ou o conselho
salutar de ambos,
deixamos de provê-los e
voltamos a ser os mesmos
de outrora. Em suma:
perdem-se as energias
restauradas,
desperdiça-se a receita
médica do corpo ou da
alma.
Como criaturas
encarnadas, e
desencarnadas, ainda não
cogitamos da verdadeira
cura quando das
enfermidades, a hora de
parar para pensar
maduramente em nossa
própria conduta, a
chance do
autoconhecimento. Ao
adoecermos, pensamos, é
claro, somente na cura,
em nos livrar da dor;
mas raramente somos
capazes de exames e
reexames ponderados a
respeito de nós mesmos.
Se a vontade estimular o
pensamento às idéias
desalentadoras e
inúteis, à maledicência,
sobretudo ao ódio e à
vingança, lutemos por
reverter este
desfavorável quadro
clínico da alma, nos
solicitam os bondosos
Espíritos. Eles nos
aconselham a mudança de
vícios e maus costumes,
o combate contra tais
nefastas sensações
psíquicas, escudados na
prece da fé atuante,
isto é, a das obras,
segundo o apóstolo Tiago
(2:17), antes que provas
muitíssimo dolorosas
nos apanhem em cheio de
improviso. É por isso
que Jesus disse após
realizar uma cura (João,
5:14): “Não
peques mais
para que não te suceda
coisa pior”...
(Grifei.)
Referências:
(1)
XAVIER, Francisco C.,
Evolução em Dois Mundos,
pelo Espírito André Luiz,
5. ed. Rio de Janeiro,
Federação Espírita
Brasileira (FEB), 1958.
Capítulo cap. 13, p.
100.
(2)
KARDEC, Allan. O
Evangelho segundo o
Espiritismo, 62. ed.
São Paulo, Lake
— Livraria Allan
Kardec Editora, 2001,
capítulo 5º, item 4, p.
0000.
O autor é
jornalista,
presidente-fundador da
Fraternidade Espírita
Aurora da Paz (Feap) (www.feap.udesp.org.br),
e membro da União dos
Delegados de Polícia
Espíritas do Estado de
São Paulo (www.udesp.org.br).