MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
22)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. No processo de
alienação mental a
revolta contra a lei tem
algum peso?
R.: Sim. E esse era o
caso de muitos dos
alienados do hospício
visitado por André Luiz,
os quais, segundo o
Assistente Calderaro,
eram na maioria irmãos
revoltados ante os
desígnios superiores que
os conduziram a
recapitular ensinamentos
difíceis, como o de se
reaproximarem de velhos
inimigos por meio dos
laços de sangue, ou de
enfrentarem obstáculos
aparentemente
insuperáveis, uma vez
que a jornada
iluminativa do Espírito
requer a renovação das
concepções e a
modificação para o bem
do modo íntimo do ser.
(No Mundo Maior, cap.
16, pp. 213 e 214.)
B. Onde se radicam as
causas da maioria dos
casos de loucura?
R.: Conforme palavras de
Calderaro, noventa por
cento dos casos de
loucura, excetuados os
que se originam da
incursão microbiana
sobre a matéria
cinzenta, começam nas
conseqüências das faltas
graves que praticamos,
com a impaciência ou com
a tristeza, ou seja, por
meio de atitudes mentais
que imprimem deploráveis
reflexos no caminho
daqueles que as acolhem
e alimentam. Instaladas
essas forças
desequilibrantes no
campo íntimo, inicia-se
a desintegração da
harmonia mental, que por
vezes perdura em várias
existências, até que o
interessado se disponha
a valer-se das bênçãos
divinas, para
restabelecer a
tranqüilidade e a
capacidade de renovação
que lhe são inerentes à
individualidade, em
abençoado serviço
evolutivo. (Obra
citada, cap. 16, pp. 213
e 214.)
C. O trabalho
construtivo é importante
para uma boa saúde
mental?
R.: Evidentemente. O
tempo acaba sempre por
denunciar nossa posição
verdadeira. Quando a
criatura não haja feito
da existência o
sacerdócio de trabalho
construtivo, que nos
cumpre na Terra, os
fenômenos senis do corpo
são mais tristes para a
alma, pois, neste caso,
o indivíduo já não
domina as conveniências
forjadas pelo
imediatismo humano.
"Milhões de seres – diz
Calderaro – permanecem
séculos afora na fase
infantil do
entendimento, por não se
animarem ao esforço de
melhoria própria.
Enquanto detêm a saúde
física e as
possibilidades
financeiras, esteiam-se
nos títulos de cidadãos
que a sociedade lhes
confere; logo, porém,
que visitados pela
doença, pela escassez de
recursos ou pela
decrepitude, revelam a
infância espiritual em
que jazem: voltam a ser
crianças, não obstante a
idade provecta
manifestada pelo corpo,
por se haverem
excessivamente demorado
nos sítios superficiais
da vida.” (Obra
citada, cap. 16, pp. 216
e 217.)
Texto
para leitura
112. Alienados
mentais - Antes de
visitar um instituto
dedicado ao
recolhimento de
alienados mentais, o
Assistente Calderaro
disse a André que,
excetuados os casos
puramente orgânicos, "o
louco é alguém que
procurou forçar a
libertação do
aprendizado terrestre,
por indisciplina ou
ignorância". "Temos
neste domínio –
enfatizou o Assistente –
um gênero de suicídio
habilmente dissimulado,
a auto-eliminação da
harmonia mental, pela
inconformação da alma
nos quadros de luta que
a existência humana
apresenta. Diante da
dor, do obstáculo ou da
morte, milhares de
pessoas capitulam,
entregando-se, sem
resistência, à
perturbação
destruidora, que lhes
abre, por fim, as portas
do túmulo." A princípio,
são indivíduos
descontentes e
desesperados, que
ninguém percebe que
caminham, pouco a pouco,
para um tipo de doença
mental de gradações
variadas e cura quase
impossível. Sua
desobediência
produz-lhes frutos que
arruínam o patrimônio
fisiológico que
receberam na Crosta. São
as pessoas que desde os
círculos terrenos
padecem, encovadas em
precipícios infernais,
por se haverem rebelado
aos desígnios divinos,
preterindo-os pelos
caprichos insensatos. No
instituto referido, os
mentecaptos eram em
grande número. Num dos
pátios, muitas mulheres
desequilibradas
palestravam. Uma velha
de cabelos nevados,
mostrando acerba
ferocidade no olhar,
dizia a duas
companheiras apáticas:
"Na minha qualidade de
marquesa, não tolero a
intromissão de médicos
inconscientes. Creio
estar presa por motivos
secretos de família,
que averiguarei na
primeira oportunidade.
Tenho poderosos
inimigos na Corte;
contudo, as minhas
amizades são mais
prestigiosas e fiéis".
Depois, baixou a voz,
receando espias ocultos,
e falou ao ouvido de
uma delas: "O Imperador
está interessado em meu
caso e punirá os
culpados". E, elevando a
voz, bradou: "Todos
pagarão! Todos
pagarão!" (Cap. 16, pp.
210 e 211)
113. Lei de ação e
reação - Diante
daquele caso, Calderaro
explicou que seus
recursos socorristas ali
não ofereceriam
vantagens imediatas,
porque naquela galeria
de padecimentos
expiatórios quase todos
os alienados haviam
renunciado à realidade,
atendo-se a
circunstâncias do
passado sem mais razão
de ser. A ex-marquesa
houvera perpetrado
clamorosas faltas no
pretérito, dando
expansão às energias
cegas do orgulho e da
vaidade. Depois, ao
renascer em condição
humilde, para o
reajustamento
imprescindível,
alarmou-se ante as
primeiras provações mais
rudes e reagiu contra os
resultados da própria
sementeira, entregando
seu corpo ao curso de
ocorrências nefastas e
situando-se,
mentalmente, por fim, em
zonas mais baixas da
personalidade, o que
fazia com que ela
residisse, em
pensamento, no passado
de mentiras brilhantes.
Agarrara-se,
desesperada, às
recordações da marquesa
vaidosa de salões há
muito desaparecidos, e
perambulava, então, nos
vales da demência em
condições lastimáveis.
Saindo dali, viu-se num
outro grupo de mulheres
uma curiosa dama,
extremamente nervosa,
que se agitava, porque
não queria ver o marido
que a vinha visitar.
"Não quero vê-lo!
odeio-o, odeio, com tudo
o que lhe pertence!",
assim ela bradava, até
que, de repente, ficou
rígida, imóvel, caindo
em lamentável crise de
nervos, que obrigou a
enfermeira a requisitar
socorro urgente. (Cap.
16, pág. 212)
114. Rebeldia contra
a lei - O Assistente
aproveitou o ensejo para
esclarecer que, em sua
maioria, os alienados
daquele hospício haviam
encetado o pungitivo
drama em si mesmos. Eram
irmãos revoltados ante
os desígnios superiores
que os conduziram a
recapitular ensinamentos
difíceis, como o de se
reaproximarem de velhos
inimigos por meio dos
laços de sangue, ou de
enfrentarem obstáculos
aparentemente
insuperáveis. A jornada
iluminativa do Espírito
requer a renovação das
concepções e a
modificação para o bem
maior do modo íntimo do
ser. Se a pessoa se nega
a receber o auxílio
divino, através dos
processos de
transformação que lhe
são oferecidos,
recolhe-se à margem da
estrada, criando
paisagens perturbadoras
com desejos
injustificáveis. Noventa
por cento dos casos de
loucura, excetuados os
que se originam da
incursão microbiana
sobre a matéria
cinzenta, começam nas
conseqüências das faltas
graves que praticamos,
com a impaciência ou com
a tristeza, ou seja, por
meio de atitudes mentais
que imprimem deploráveis
reflexos no caminho
daqueles que as acolhem
e alimentam. Instaladas
essas forças
desequilibrantes no
campo íntimo, inicia-se
a desintegração da
harmonia mental, que por
vezes perdura em várias
existências, até que o
interessado se disponha
a valer-se das bênçãos
divinas, para
restabelecer a
tranqüilidade e a
capacidade de renovação
que lhe são inerentes à
individualidade, em
abençoado serviço
evolutivo. Pela
rebeldia, a alma
responsável pode
encaminhar-se para
muitos crimes, a cujos
resultados nefastos se
cativa indefinidamente,
e, pelo desânimo, é
propensa a cair nos
despenhadeiros da
inércia, com fatal
atraso nas edificações
que lhe cabe
providenciar. (Cap. 16,
pp. 213 e 214)
115. Abuso do
magnetismo pessoal -
Na ala dos homens, um
enfermo que parecia
enquadrar-se entre os
esquizofrênicos
absolutos estava rodeado
de entidades
desencarnadas de sombrio
aspecto. Parecia um
autômato, sob o guante
de seus acompanhantes a
ele invisíveis. Exibindo
gestos maquinais, disse
ao guarda que se
aproximava, cauteloso:
"Venha, seu João.
Não tenha receio. Ontem
eu era o `leão',
mas hoje, sabe o senhor
o que eu sou?" E
acrescentou: "Hoje sou a
`bananeira'". O
enfermo era apenas um
fantoche nas mãos de
algozes tipicamente
perversos. Calderaro
explicou que nele o
processo de
desequilíbrio estava
consumado. O infeliz
vinha sendo objeto de
práticas hipnóticas de
implacáveis
perseguidores;
achava-se exposto a
emissões contínuas de
forças que o deprimiam
e enlouqueciam.
Tratava-se de um homem
que em encarnações
anteriores abusou do
magnetismo pessoal.
André não entendeu a
explicação, porquanto
as ciências magnéticas
eram recentes. Calderaro
retorquiu: "Acreditas
que teriam sido
iniciadas com Mesmer?"
E, sorridente, ajuntou:
"Se consideráramos o
sentido literal do
texto, o abuso de
magnetismo pessoal teria
começado com Eva, no
paraíso..." Aquele
homem, em pretérito não
muito distante, se
excedera em seu
potencial de fascínio,
desviando-o para
aventuras menos dignas.
Várias mulheres que lhe
sofreram a ação
corrosiva, assestaram
contra ele incessantes
explosões de ódio
doentio e corruptor.
Minado pela reação
persistente, minguou-lhe
o cabedal de
resistência,
convertendo-se em
joguete de forças
destrutivas, a que, a
bem dizer,
voluntariamente se
unira, ao abraçar,
entusiasta, a declarada
prática do mal. Até
quando se demoraria em
tal atitude, não era
possível prever. (Cap.
16, pp. 214 e 215)
116. Não sabemos o
momento da volta -
Comentando o caso
anterior, Calderaro
disse que, ao
delinqüirmos, geralmente
sabemos o instante exato
de nossa penetração na
desarmonia. Jamais
sabemos, contudo, quando
soará o momento de
abandoná-la. "No retorno
à estrada reta, através
de atoleiros em que
chafurdamos, por
indiferença e má-fé, não
podemos prefixar
calendários para a
volta: implicamo-nos em
jogos circunstanciais,
de que só nos despeamos
após doloroso
reajustamento",
acrescentou o
Assistente. Ante a
admiração de André com
respeito ao enfermo
dominado pelos verdugos
espirituais, ele
considerou que a morte
física não modifica de
súbito ninguém, nem o
duelo da luz com a
sombra se restringe aos
estreitos círculos
carnais. Na seqüência,
observaram dois
velhinhos atoleimados, a
dizer frases desconexas.
Calderaro elucidou: "O
tempo acaba sempre por
denunciar a nossa
posição verdadeira.
Quando a criatura não
haja feito da existência
o sacerdócio de
trabalho construtivo,
que nos cumpre na Terra,
os fenômenos senis do
corpo são mais tristes
para a alma, pois, neste
caso, o indivíduo já não
domina as conveniências
forjadas pelo
imediatismo humano..."
Milhões de seres –
explicou o Assistente –
permanecem séculos afora
na fase infantil do
entendimento, por não se
animarem ao esforço de
melhoria própria.
Enquanto detêm a saúde
física e as
possibilidades
financeiras, esteiam-se
nos títulos de cidadãos
que a sociedade lhes
confere; logo, porém,
que visitados pela
doença, pela escassez de
recursos ou pela
decrepitude, revelam a
infância espiritual em
que jazem: voltam a ser
crianças, não obstante a
idade provecta
manifestada pelo corpo,
por se haverem
excessivamente demorado
nos sítios superficiais
da vida. (Cap. 16, pp.
216 e 217)
(Continua no próximo
número.)