Versos a meu corpo
João Ferreira Leite
Júnior
Tombaste, enfim,
cansado, vaso amigo,
Já não posso dizer-te:
“luta e ama!”
Companheiro sereno de
meu drama,
Não sofreste no mundo,
em vão, comigo.
Lâmpada que guardaste a
etérea chama
Das dores que vivi...
Roupa e jazigo...
Unindo as nossas
lágrimas, prossigo
Ante o porvir que a
morte me reclama.
Parto agora, buscando
novo ninho...
Não te deixo, porém,
triste ou sozinho,
Nas surpresas que o
túmulo descerra...
Mesmo atirado à sombra
que se espalma,
Terás contigo os sonhos
de minhalma,
Nas flores que te cobrem
sobre a terra.
João Ferreira LEITE
JÚNIOR, poeta e
jornalista, usou vários
pseudônimos. Funcionário
da Fazenda, serviu na
Delegacia Fiscal de
Curitiba e do Rio de
Janeiro. Foi autor de
“Ritual” e numerosas
poesias esparsas. O
soneto acima consta do
livro “Antologia dos
Imortais” – psicografado
por Francisco Cândido
Xavier e Waldo Vieira.