A aristocracia
intelecto-moral:
considerações sobre as
formas de organização
político-social sob a
ótica da Doutrina
Espírita
Ao longo de toda a
história da humanidade,
observou-se nas
sociedades a necessidade
da atuação de líderes
que fossem capazes de
manter o mínimo de ordem
e estabilidade
necessárias para o
desenrolar da vida
social. Nos estágios
mais primitivos da vida
humana, a força bruta
predominava totalmente
nas coletividades
através do império da
lei do mais forte.
Posteriormente, vimos
surgir os privilégios de
nascimento e o poder
escravizador do ouro e
do trabalho como
organizadores da
economia e da política,
consagrando a divisão
das sociedades em
classes e originando
profundas injustiças que
até hoje persistem na
composição da ordem
social. Todavia,
atualmente, graças às
forças do progresso, as
sociedades estão sendo
cada vez mais ordenadas
pelo conhecimento e pela
informação, abrindo
caminhos para novas
formas de organização
político-social.
É perfeitamente
compreensível que, em um
mundo de provas e
expiações como a Terra,
a mediocridade deva
imperar e ser a medida
das coisas, ditando uma
ética própria e
estabelecendo valores
inerentes a essa
condição de
inferioridade moral.
Assim sendo, não seria
lógico esperar uma vida
perfeita e totalmente
feliz no nosso planeta,
pois o Cristo já nos
esclareceu que a
felicidade não é desde
mundo, e que na casa do
Pai há muitas moradas,
ou seja, muitos planetas
habitados, cada um
adaptado às necessidades
dos seres que neles
habitam.
Allan Kardec, na
vastidão da iluminada
Doutrina que legou à
humanidade, não poderia
ter deixado de fora de
suas conjecturas a
preocupação com o poder
e com as formas de
organização
político-social da vida
terrena. O Codificador
nos esclarece que, se a
maioria da população do
planeta tem que se
submeter aos desmandos
de homens pouco
preocupados com o
bem-estar geral e
absorvidos pelos seus
interesses mesquinhos,
isso se deve à dominação
geral pelos maus e
inescrupulosos que são
maioria e estão no poder
em todas as esferas e
que, por sua supremacia
numérica, toda a
coletividade acaba
submetida às leis feitas
por eles. Entretanto,
por óbvio que as forças
da evolução vêm melhorar
paulatinamente nossas
vidas e, com o renovar
natural da ordem das
coisas, novas lideranças
surgirão para
administrar os mais
diversos âmbitos da vida
social, política e
econômica.
É sabido que no presente
momento se opera na
Terra uma grandiosa
transição que irá
subverter de maneira
irreversível as
estruturas da velha
ordem social alicerçada
no materialismo. Assim
sendo, afastada a sombra
corruptora do dinheiro
que contamina toda a
atividade política, a
humanidade poderá
contemplar renovadas
formas de administração
político-social através
da ascensão ao poder de
um segmento social que
tenha por característica
principal a combinação
bem temperada de preparo
intelectual com virtudes
morais plenamente
desenvolvidas, ou seja,
um corpo
dirigente animado por
sentimentos de justiça e
de caridade com elevado
poder de moralização.
Esse grupo é justamente
a aristocracia
intelecto-moral
teorizada por Kardec, e
que terá por missão
assumir as rédeas do
poder terrestre do
planeta do porvir.
Em outras palavras, essa
aristocracia idealizada
pelo Codificador
constitui-se de líderes
plenamente capacitados
para administrar a base
material da sociedade,
direcionando também o
desenvolvimento moral
dos indivíduos. Porém é
importante assinalar que
o Espiritismo não tem
pretensão alguma de
imiscuir-se nas
transitórias e precárias
disputas pelo poder
temporal da Terra,
somente tendo que
cumprir sua missão de
fazer nosso planeta
avançar na escala dos
mundos, através da
progressiva
conscientização dos
homens da necessidade de
se aplicar princípios
éticos universais
consagrados na
Codificação, na
formulação das políticas
que regem nossa vida em
sociedade.
Quão feliz será a
humanidade quando passar
a absorver e praticar a
fé raciocinada que emana
da luz do Espiritismo!
Quando a doce influência
emanada dos ideais
cristãos passar a
orientar a vida social e
arejar a mentalidade dos
dirigentes políticos, aí
sim poderemos chegar um
pouco mais perto da
realização de um mundo
verdadeiramente justo e
humano.
Não sem surpresa
reconhecer-se-á, num
futuro não tão distante,
a Doutrina Espírita como
precursora de uma Nova
Era e como representante
de um novo paradigma em
todas as áreas do
conhecimento humano. Os
elementos de progresso e
esclarecimento trazidos
pela Codificação
Espírita serão os
pilares basais na
edificação do mundo de
regeneração e, da mesma
forma que hoje se olha
com espanto e admiração
para os grandes
desbravadores do
passado, olhar-se-á para
o Espiritismo como o
magnânimo precursor de
uma Nova Era de justiça
e fraternidade que se
aproxima a passos
largos.
É certo que os céticos e
os interessados na
manutenção do lamentável
estado de coisas
predominante irão
escarnecer e rotular de
utopia muitos desses
pressupostos e previsões
preconizados pela
Doutrina Espírita. No
entanto, aguardemos
pacientemente com fé no
Divino Mestre, que reina
absoluto no comando
espiritual do Planeta e
tem traçadas com
fraternidade e amor
todas as diretrizes da
nossa evolução na Terra,
planos esses nos quais
não há lugar para a
ganância e a pretensão
dos homens falíveis, mas
somente para a
supremacia inabalável da
Justiça e da Luz
eternas.