ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Alma é Imortal
Gabriel
Delanne
(4ª
Parte)
Damos
continuidade ao estudo
do clássico A Alma é
Imortal, de Gabriel
Delanne, conforme
tradução de Guillon
Ribeiro, publicada pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Além de admitir a
existência dos
Espíritos, que fenômenos
espíritas descreve G.
Billot, doutor em
medicina, em obra
publicada em 1839, muito
antes do advento do
Espiritismo?
R.: O Dr. Billot
menciona em seu livro
alguns fenômenos de
transporte de objetos.
Num deles, ocorrido a 17
de outubro de 1820, diz
o Dr. Billot que fora
trazida à sessão uma
planta que exalava
delicioso perfume. Antes
que o transporte se
desse, a sonâmbula
informou ter visto uma
donzela apresentando-lhe
aquela planta, que,
segundo ela, seria útil
no tratamento de uma
senhora com amaurose
presente à sessão. O Dr.
Billot mostra ainda, em
sua obra, que não lhe
era estranho o
conhecimento da
tiptologia. (A Alma é
Imortal, págs. 43 a 48.)
B. Que informações
podemos encontrar na
obra Fisiologia do
Magnetismo, de
Chardel, a respeito do
passe e do êxtase?
R.: Chardel diz na obra
mencionada que a
sonâmbula Lefrey
explicou-lhe certa vez
que lhe era possível ver
muito bem o que saía do
corpo do magnetizador
quando este a
magnetizava. “A cada
passe que o senhor me dá
– disse ela -,
vejo sair-lhe das
extremidades dos dedos
como que pequenas
colunas de uma poeira
ígnea, que se vem
incorporar em mim e,
quando o senhor me
isola, fico por assim
dizer envolta numa
atmosfera ardente,
formada dessa mesma
poeira ígnea.” Ela
informou também ser-lhe
possível ouvir ruídos
produzidos ao longe e
sons emitidos a cem
léguas dali. Eis suas
palavras textuais:
“não preciso que as
coisas venham a mim;
posso ir ter com elas,
onde quer que estejam, e
apreciá-las com muito
maior exatidão, do que o
poderia qualquer outra
pessoa que não se
encontre em estado
análogo ao meu”. Uma
outra sonâmbula
costumava ter, à noite,
uma espécie de êxtase,
que explicava assim:
“Entro, então, num
estado semelhante ao em
que o magnetizador me
põe e, dilatando-se o
meu corpo pouco a pouco,
vejo-o muito
distintamente longe de
mim, imóvel e frio, como
se estivesse morto.
Quanto a mim,
assemelho-me a um vapor
luminoso e sinto-me a
pensar separada do meu
corpo. Nesse estado,
compreendo e vejo muito
mais coisas do que no
sonambulismo, quando a
faculdade de pensar se
exerce sem que eu esteja
separada dos meus
órgãos. Mas, escoados
alguns minutos, um
quarto de hora, no
máximo, o vapor luminoso
de minha alma se
aproxima cada vez mais
do meu corpo, perco os
sentidos, cessa o
êxtase”. (Obra citada,
págs. 49 e 50.)
C. Por que razão os
sonâmbulos são dotados
da faculdade de ver os
Espíritos?
R.: A respeito deste
assunto, Delanne
argumenta que, se as
almas desencarnadas
podem comunicar-se entre
si, claro é que poderão
manifestar-se aos
sonâmbulos, quando estes
se acharem mergulhados
no sono magnético,
ocasião em que -
desprendida em parte do
laço fisiológico - a
alma se encontra num
estado quase idêntico ao
em que um dia se achará
permanentemente. Eis aí,
nesse desprendimento, a
origem da faculdade de
vidência. (Obra
citada, págs. 50 a 52.)
Texto para leitura
31. Na correspondência
que manteve com Deleuze,
o doutor Billot afirma
sua crença na existência
dos Espíritos e admite
que os guias espirituais
podem atuar sobre o
corpo dos pacientes,
pois foi, certa vez,
testemunha de uma
sangria que por si mesmo
cessou, logo que o
sangue saiu em
quantidade suficiente,
sem que houvesse
necessidade de fazer-se
qualquer ligadura.
(Págs. 43 e 44)
32. Nessa
correspondência, Deleuze
revela, a princípio,
dificuldade em aceitar
as ponderações do Dr.
Billot, mas, por fim,
admite também ter podido
observar pacientes que
se achavam em
comunicação com as almas
dos mortos. (Pág. 45)
33. O magnetismo,
segundo ele, demonstra a
espiritualidade da alma
e sua imortalidade, e
prova a possibilidade da
comunicação das
Inteligências separadas
da matéria com as que
lhe estão ainda ligadas.
Relata Deleuze: “Uma
moça sonâmbula, que
perdera o pai, por duas
vezes o viu muito
distintamente. Viera
dar-lhe conselhos
importantes. Depois de
lhe elogiar o proceder,
anunciou-lhe que um
partido se lhe ia
apresentar; que esse
partido pareceria convir
e que o rapaz não lhe
desagradaria; mas, que
ela não seria feliz
desposando-o, e,
portanto, o recusasse.
Acrescentou que, se ela
não aceitasse esse
partido, outro logo
depois apareceria,
devendo achar-se tudo
concluído antes do fim
do ano”. Os fatos
ocorreram tal como foram
preditos pelo pai da
jovem sonâmbula.
(Pág. 45)
34. A fim de levar seu
amigo a uma crença
completa, o Dr. Billot
narrou-lhe alguns
fenômenos de trazimento
de objetos de que fora
testemunha. Num deles,
ocorrido a 17 de outubro
de 1820, diz o Dr.
Billot que fora trazida
à sessão uma planta - um
arbúsculo com flores
labiadas e em espigas -
a exalar delicioso
perfume. Antes que o
transporte se desse, a
sonâmbula informou ter
visto uma donzela
apresentando-lhe aquela
planta, que, segundo
ela, seria útil no
tratamento de uma
senhora com amaurose
presente à sessão.
(Págs. 46 e 47)
35. Por esse testemunho
se vê que os fenômenos
de trazimento já eram
conhecidos nos começos
do século XIX, o que
demonstra mais uma vez a
continuidade das
manifestações espíritas
que constantemente se
têm realizado, mas que o
público rejeitava como
diabólicas, ou
considerava apócrifas. O
Dr. Billot mostra ainda,
em sua correspondência,
que não lhe era estranho
o conhecimento da
tiptologia. (Pág. 48)
36. Conta Chardel, autor
da obra Fisiologia do
Magnetismo, que a
sonâmbula Lefrey
explicou-lhe certa vez,
após lhe ditar algumas
prescrições
terapêuticas, que lhe
era possível ver muito
bem o que saía do corpo
do magnetizador quando
este a magnetizava.
“A cada passe que o
senhor me dá -
disse-lhe a sonâmbula -,
vejo sair-lhe das
extremidades dos dedos
como que pequenas
colunas de uma poeira
ígnea, que se vem
incorporar em mim e,
quando o senhor me
isola, fico por assim
dizer envolta numa
atmosfera ardente,
formada dessa mesma
poeira ígnea.” (Pág. 49)
37. Na seqüência, a
sonâmbula informou
ser-lhe possível ouvir -
sempre que quisesse -
ruídos produzidos ao
longe e sons emitidos a
cem léguas dali. Eis o
que textualmente ela
disse: “não preciso
que as coisas venham a
mim; posso ir ter com
elas, onde quer que
estejam, e apreciá-las
com muito maior
exatidão, do que o
poderia qualquer outra
pessoa que não se
encontre em estado
análogo ao meu”. (Pág.
49)
38. Refere ainda Chardel
que uma outra sonâmbula
costumava ter, à noite,
uma espécie de êxtase,
que explicava assim:
“Entro, então, num
estado semelhante ao em
que o magnetizador me
põe e, dilatando-se o
meu corpo pouco a pouco,
vejo-o muito
distintamente longe de
mim, imóvel e frio, como
se estivesse morto.
Quanto a mim,
assemelho-me a um vapor
luminoso e sinto-me a
pensar separada do meu
corpo. Nesse estado,
compreendo e vejo muito
mais coisas do que no
sonambulismo, quando a
faculdade de pensar se
exerce sem que eu esteja
separada dos meus
órgãos. Mas, escoados
alguns minutos, um
quarto de hora, no
máximo, o vapor luminoso
de minha alma se
aproxima cada vez mais
do meu corpo, perco os
sentidos, cessa o
êxtase”. (Págs. 49 e 50)
39. Delanne argumenta
que, se as almas
desencarnadas podem
comunicar-se entre si,
claro é que poderão
manifestar-se aos
sonâmbulos, quando estes
se acharem mergulhados
no sono magnético,
ocasião em que -
desprendido em parte do
laço fisiológico - a
alma se encontra num
estado quase idêntico ao
em que um dia se achará
permanentemente.
(Págs. 50 e 51)
40. Os magnetizadores -
esclarece Delanne - se
viram, em sua maioria,
obrigados a reconhecer
tal fato, como admite o
Dr. Bertrand, autor de
Tratado de
Sonambulismo, o
qual, falando de uma
sonâmbula muito lúcida,
disse que a sonâmbula se
exprimia sempre como se
um ser distinto,
separado dela, lhe
houvesse transmitido as
noções extraordinárias
que ela manifestava no
estado sonambúlico.
(Pág. 51)
41. Atesta o Dr.
Bertrand, em sua obra
referida: “Verifiquei
o mesmo fenômeno na
maior parte dos
sonâmbulos que tenho
observado. O caso mais
vulgar é o em que ao
sonâmbulo parece que os
acontecimentos que ele
anuncia lhe são
revelados por uma voz”.
(Pág. 51)
42. O barão du Potet,
por longo tempo
incrédulo, foi também
constrangido a confessar
a verdade. Diz ele ter
encontrado de novo, no
magnetismo, a
espiritologia antiga e
afirma que se pode
entrar em contato com os
Espíritos desprendidos
da matéria, ao ponto de
obter-se deles aquilo de
que tenhamos
necessidade. (Pág.
51)
43. Delanne adverte,
contudo, que devemos
preservar-nos com
cuidado de dar crédito
às afirmações dos
sonâmbulos, salvo quando
assentem em provas
absolutas, do gênero das
que foram aqui
reproduzidas,
apresentadas pelo Dr.
Billot. É que, na maior
parte das vezes, os
pacientes são
sugestionados pelo
experimentador e por sua
própria imaginação.
Carece, pois, de valor
positivo a visão de um
Espírito, se não existe
certeza absoluta de que
não se trata de uma
auto-sugestão do
sonâmbulo ou de uma
transmissão de
pensamento do operador.
(Pág. 52)
(Continua no próximo
número.)