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Clássicos do Espiritismo
Ano 2 - N° 85 - 7 de Dezembro de 2008

ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Alma é Imortal

 Gabriel Delanne

(4ª Parte)

Damos continuidade ao estudo do clássico A Alma é Imortal, de Gabriel Delanne, conforme tradução de Guillon Ribeiro, publicada pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Além de admitir a existência dos Espíritos, que fenômenos espíritas descreve G. Billot, doutor em medicina, em obra publicada em 1839, muito antes do advento do Espiritismo?

R.: O Dr. Billot menciona em seu livro alguns fenômenos de transporte de objetos. Num deles, ocorrido a 17 de outubro de 1820, diz o Dr. Billot que fora trazida à sessão uma planta que exalava delicioso perfume. Antes que o transporte se desse, a sonâmbula informou ter visto uma donzela apresentando-lhe aquela planta, que, segundo ela, seria útil no tratamento de uma senhora com amaurose presente à sessão. O Dr. Billot mostra ainda, em sua obra, que não lhe era estranho o conhecimento da tiptologia. (A Alma é Imortal, págs. 43 a 48.) 

B. Que informações podemos encontrar na obra Fisiologia do Magnetismo, de Chardel, a respeito do passe e do êxtase?

R.: Chardel diz na obra mencionada que a sonâmbula Lefrey explicou-lhe certa vez que lhe era possível ver muito bem o que saía do corpo do magnetizador quando este a magnetizava. “A cada passe que o senhor me dá – disse ela -, vejo sair-lhe das extremidades dos dedos como que pequenas colunas de uma poeira ígnea, que se vem incorporar em mim e, quando o senhor me isola, fico por assim dizer envolta numa atmosfera ardente, formada dessa mesma poeira ígnea.”  Ela informou também ser-lhe possível ouvir ruídos produzidos ao longe e sons emitidos a cem léguas dali. Eis suas palavras textuais: “não preciso que as coisas venham a mim; posso ir ter com elas, onde quer que estejam, e apreciá-las com muito maior exatidão, do que o poderia qualquer outra pessoa que não se encontre em estado análogo ao meu”. Uma outra sonâmbula costumava ter, à noite, uma espécie de êxtase, que explicava assim: “Entro, então, num estado semelhante ao em que o magnetizador me põe e, dilatando-se o meu corpo pouco a pouco, vejo-o muito distintamente longe de mim, imóvel e frio, como se estivesse morto. Quanto a mim, assemelho-me a um vapor luminoso e sinto-me a pensar separada do meu corpo. Nesse estado, compreendo e vejo muito mais coisas do que no sonambulismo, quando a faculdade de pensar se exerce sem que eu esteja separada dos meus órgãos. Mas, escoados alguns minutos, um quarto de hora, no máximo, o vapor luminoso de minha alma se aproxima cada vez mais do meu corpo, perco os sentidos, cessa o êxtase”. (Obra citada, págs. 49 e 50.) 

C. Por que razão os sonâmbulos são dotados da faculdade de ver os Espíritos?

R.: A respeito deste assunto, Delanne argumenta que, se as almas desencarnadas podem comunicar-se entre si, claro é que poderão manifestar-se aos sonâmbulos, quando estes se acharem mergulhados no sono magnético, ocasião em que - desprendida em parte do laço fisiológico - a alma se encontra num estado quase idêntico ao em que um dia se achará permanentemente. Eis aí, nesse desprendimento, a origem da faculdade de vidência. (Obra citada, págs. 50 a 52.) 

Texto para leitura 

31. Na correspondência que manteve com Deleuze, o doutor Billot afirma sua crença na existência dos Espíritos e admite que os guias espirituais podem atuar sobre o corpo dos pacientes, pois foi, certa vez, testemunha de uma sangria que por si mesmo cessou, logo que o sangue saiu em quantidade suficiente, sem que houvesse necessidade de fazer-se qualquer ligadura. (Págs. 43 e 44)

32. Nessa correspondência, Deleuze revela, a princípio, dificuldade em aceitar as ponderações do Dr. Billot, mas, por fim, admite também ter podido observar pacientes que se achavam em comunicação com as almas dos mortos. (Pág. 45)

33. O magnetismo, segundo ele, demonstra a espiritualidade da alma e sua imortalidade, e prova a possibilidade da comunicação das Inteligências separadas da matéria com as que lhe estão ainda ligadas. Relata Deleuze: “Uma moça sonâmbula, que perdera o pai, por duas vezes o viu muito distintamente. Viera dar-lhe conselhos importantes. Depois de lhe elogiar o proceder, anunciou-lhe que um partido se lhe ia apresentar; que esse partido pareceria convir e que o rapaz não lhe desagradaria; mas, que ela não seria feliz desposando-o, e, portanto, o recusasse. Acrescentou que, se ela não aceitasse esse partido, outro logo depois apareceria, devendo achar-se tudo concluído antes do fim do ano”. Os fatos ocorreram tal como foram preditos pelo pai da jovem sonâmbula. (Pág. 45)

34. A fim de levar seu amigo a uma crença completa, o Dr. Billot narrou-lhe alguns fenômenos de trazimento de objetos de que fora testemunha. Num deles, ocorrido a 17 de outubro de 1820, diz o Dr. Billot que fora trazida à sessão uma planta - um arbúsculo com flores labiadas e em espigas - a exalar delicioso perfume. Antes que o transporte se desse, a sonâmbula informou ter visto uma donzela apresentando-lhe aquela planta, que, segundo ela, seria útil no tratamento de uma senhora com amaurose presente à sessão. (Págs. 46 e 47)

35. Por esse testemunho se vê que os fenômenos de trazimento já eram conhecidos nos começos do século XIX, o que demonstra mais uma vez a continuidade das manifestações espíritas que constantemente se têm realizado, mas que o público rejeitava como diabólicas, ou considerava apócrifas. O Dr. Billot mostra ainda, em sua correspondência, que não lhe era estranho o conhecimento da tiptologia. (Pág. 48)

36. Conta Chardel, autor da obra Fisiologia do Magnetismo, que a sonâmbula Lefrey explicou-lhe certa vez, após lhe ditar algumas prescrições terapêuticas, que lhe era possível ver muito bem o que saía do corpo do magnetizador quando este a magnetizava. “A cada passe que o senhor me dá - disse-lhe a sonâmbula -, vejo sair-lhe das extremidades dos dedos como que pequenas colunas de uma poeira ígnea, que se vem incorporar em mim e, quando o senhor me isola, fico por assim dizer envolta numa atmosfera ardente, formada dessa mesma poeira ígnea.” (Pág. 49)

37. Na seqüência, a sonâmbula informou ser-lhe possível ouvir - sempre que quisesse - ruídos produzidos ao longe e sons emitidos a cem léguas dali. Eis o que textualmente ela disse: “não preciso que as coisas venham a mim; posso ir ter com elas, onde quer que estejam, e apreciá-las com muito maior exatidão, do que o poderia qualquer outra pessoa que não se encontre em estado análogo ao meu”. (Pág. 49)

38. Refere ainda Chardel que uma outra sonâmbula costumava ter, à noite, uma espécie de êxtase, que explicava assim: “Entro, então, num estado semelhante ao em que o magnetizador me põe e, dilatando-se o meu corpo pouco a pouco, vejo-o muito distintamente longe de mim, imóvel e frio, como se estivesse morto. Quanto a mim, assemelho-me a um vapor luminoso e sinto-me a pensar separada do meu corpo. Nesse estado, compreendo e vejo muito mais coisas do que no sonambulismo, quando a faculdade de pensar se exerce sem que eu esteja separada dos meus órgãos. Mas, escoados alguns minutos, um quarto de hora, no máximo, o vapor luminoso de minha alma se aproxima cada vez mais do meu corpo, perco os sentidos, cessa o êxtase”. (Págs. 49 e 50)

39. Delanne argumenta que, se as almas desencarnadas podem comunicar-se entre si, claro é que poderão manifestar-se aos sonâmbulos, quando estes se acharem mergulhados no sono magnético, ocasião em que - desprendido em parte do laço fisiológico - a alma se encontra num estado quase idêntico ao em que um dia se achará permanentemente. (Págs. 50 e 51)

40. Os magnetizadores - esclarece Delanne - se viram, em sua maioria, obrigados a reconhecer tal fato, como admite o Dr. Bertrand, autor de Tratado de Sonambulismo, o qual, falando de uma sonâmbula muito lúcida, disse que a sonâmbula se exprimia sempre como se um ser distinto, separado dela, lhe houvesse transmitido as noções extraordinárias que ela manifestava no estado sonambúlico. (Pág. 51)

41. Atesta o Dr. Bertrand, em sua obra referida: “Verifiquei o mesmo fenômeno na maior parte dos sonâmbulos que tenho observado. O caso mais vulgar é o em que ao sonâmbulo parece que os acontecimentos que ele anuncia lhe são revelados por uma voz”. (Pág. 51)

42. O barão du Potet, por longo tempo incrédulo, foi também constrangido a confessar a verdade. Diz ele ter encontrado de novo, no magnetismo, a espiritologia antiga e afirma que se pode entrar em contato com os Espíritos desprendidos da matéria, ao ponto de obter-se deles aquilo de que tenhamos necessidade. (Pág. 51)

43. Delanne adverte, contudo, que devemos preservar-nos com cuidado de dar crédito às afirmações dos sonâmbulos, salvo quando assentem em provas absolutas, do gênero das que foram aqui reproduzidas, apresentadas pelo Dr. Billot. É que, na maior parte das vezes, os pacientes são sugestionados pelo experimentador e por sua própria imaginação. Carece, pois, de valor positivo a visão de um Espírito, se não existe certeza absoluta de que não se trata de uma auto-sugestão do sonâmbulo ou de uma transmissão de pensamento do operador. (Pág. 52) (Continua no próximo número.)

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita