MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
23)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Qual é a gênese das
perturbações mentais?
R.: O desequilíbrio que
acompanha
a alma no renascimento,
na infância do corpo, na
juventude ou na
senilidade, começa na
inobservância da Lei,
como a expiação se
inicia no crime. Adotada
a conduta em desacordo
com a realidade,
encontra o Espírito,
invariavelmente, em
todos os círculos onde
se veja, os efeitos da
própria ação. Seja nos
mecanismos da
hereditariedade, ou fora
de sua influência, a
mente encarnada ou
desencarnada revela-se
na colheita do que haja
semeado, no campo de
evolução do esforço
comum, no monte da
elevação pela prática do
bem ou no vale
expiatório pelo
exercício do mal. (No
Mundo Maior, cap. 16,
pp. 217 e 218.)
B. As regiões inferiores
estão desamparadas da
Providência Divina?
R.: Não. Ninguém, em
lugar nenhum, se
encontra desamparado.
Funcionam nessas regiões
inúmeros postos de
socorro e variadas
escolas, em que muita
gente pratica a
abnegação. Padecentes e
pessoas torturadas são
atendidas de acordo com
as suas possibilidades
de aproveitamento.
Calderaro disse a André
Luiz: "As regiões
inferiores jamais
estarão sem enfermeiros
e sem mestres, porque
uma das maiores alegrias
dos céus é a de esvaziar
os infernos". (Obra
citada, cap. 17, pp. 221
e 222.)
C. A volitação é
possível mesmo aos
Espíritos perversos?
R.: Sim. A volitação
depende,
fundamentalmente, da
força mental armazenada
pela inteligência, mas
os vôos altíssimos da
alma só são possíveis
quando se alia o amor
sublime à
intelectualidade
elevada. Espíritos
perversos podem ter
vigorosa capacidade
volitiva, apesar de
circunscritos a baixas
incursões. Eles são, às
vezes, donos de imenso
poder de raciocínio e
manejam certas forças da
Natureza, mas, como não
têm o sentimento
sublimado, isso lhes
impede grandes
ascensões. (Obra
citada, cap. 17, pp. 223
e 224.)
Texto
para leitura
117. Amarga colheita
- O Assistente
prosseguiu dizendo:
"Estudamos aqui, André,
a messe das sementeiras,
assim do presente, como
do passado. Ponderamos
não só a aprendizagem de
uma existência efêmera,
mas também a romagem da
alma nos caminhos
infinitos da vida, da
vida imperecível que
segue sempre, vencendo
as imposições e as
injunções da forma,
purificando-se e
santificando-se cada
dia". Em verdade –
aditou Calderaro –, na
alienação mental começa
a "descida da alma às
zonas inferiores da
morte". Através do
manicômio é possível
entender, de certa
forma, a loucura dos
homens e das mulheres
que, aparentemente
equilibrados no campo
social da Crosta
Terrestre, onde permutam
os eternos valores
divinos por satisfações
ilusórias imediatas, são
relegados depois, além
do sepulcro, a
inominável desespero do
sentimento. "Quanto às
perturbações que
acompanham a alma no
renascimento ou na
infância do corpo, na
juventude ou na
senilidade, é mister
reconhecer – asseverou
o Assistente – que o
desequilíbrio começa na
inobservância da Lei,
como a expiação se
inicia no crime. Adotada
a conduta em desacordo
com a realidade,
encontra o espírito,
invariavelmente, em
todos os círculos onde
se veja, os efeitos da
própria ação". Seja nos
mecanismos da
hereditariedade, ou fora
de sua influência, a
mente encarnada ou
desencarnada revela-se
na colheita do que haja
semeado, no campo de
evolução do esforço
comum, no monte da
elevação pela prática do
bem, ou no vale
expiatório pelo
exercício do mal. Dito
isso, Calderaro
completou: "O louco, em
geral, considerando-se
não só o presente, senão
até o passado longínquo,
é alguém que aborreceu
as bênçãos da
experiência humana,
preferindo segregar-se
nos caprichos mentais; e
a entidade espiritual
atormentada após a morte
é sempre alguém que
deliberadamente fugiu
às realidades da Vida e
do Universo, criando
regiões purgatórias para
si mesmo". (Cap. 16, pp.
217 e 218)
118. O socorro às
cavernas - O
trabalho socorrista iria
operar nas cavernas de
sofrimento. Eram ao todo
sete companheiros,
chefiados por Irmã
Cipriana, que, apesar de
convidar André para
seguir com o grupo,
esclareceu
antecipadamente que não
poderia admiti-lo, por
enquanto, em todas as
particularidades. Sua
justificativa foi que
ele não tinha ainda o
curso de assistência aos
sofredores nas sombras
espessas. Afagando-o de
leve com sua destra,
Cipriana acrescentou:
"Se nos é indispensável
obter difíceis
realizações
preparatórias, a fim de
colhermos o benefício
das Grandes Luzes, é-nos
imprescindível a
iniciação, para
ministrarmos esse mesmo
benefício nas grandes
trevas”. A dirigente
do grupo lembrou,
contudo, que se Eusébio
sugerira aquela
oportunidade, é que
André Luiz teria
naqueles sítios urgente
serviço a prestar,
porque nada ocorre sem
finalidade. Ele, tendo a
seu lado a companhia de
Calderaro, ficaria no
limiar das cavernas, sem
descer com o restante do
grupo, visto que ali
mesmo poderia encontrar
inesgotável material de
observação, sem
necessidade de enfrentar
situações embaraçosas,
para as quais ainda não
estava preparado.
Acertado isso, o grupo
seguiu na direção de uma
zona medonhamente
sombria, que não era
desconhecida de André.
(Cap. 17, pp. 219 e 220)
119. Desequilíbrio na
várzea imensa -
Vozes lamentosas eram
ouvidas à medida que o
grupo se aproximava. Mas
não eram lamentações
apenas: ouviam-se
também ali imprecações e
gargalhadas. Os
benfeitores estacaram em
enorme planície
pantanosa, onde
numerosos grupos de
entidades desencarnadas
se perdiam de vista, em
assombrosa desordem, à
maneira de milhares de
loucos, separados uns
dos outros, ou aos
magotes, segundo a
espécie de desequilíbrio
que lhes era peculiar.
Havia um nevoeiro
demasiado denso para
permitir se calculasse a
extensão da várzea
imensa. O grupo
percorreu alguns
quilômetros em plano
horizontal e, quando o
terreno se novo se
inclinou, abrindo
perspectivas abismais,
Cipriana e os colegas se
despediram de André e
Calderaro, avisando que
voltariam para buscá-los
dentro de seis horas. Os
dois ficaram sós na
negra vastidão povoada
de habitantes estranhos.
As conversas em torno
eram inúmeras e
complexas. Pareceu a
André que aquele povo
não se dava conta da
própria situação. Turbas
de almas torturadas
debatiam-se em
substância viscosa, no
solo, onde eles pisavam.
Não longe, assembléias
de Espíritos dementes
pareciam absortos em
contendas intermináveis
por interesses
mesquinhos. Os grupos de
infortunados agiam ali,
desconhecendo os
padecimentos uns dos
outros. Alguns volitavam
a pequena altura, como
bandos de corvos
negrejantes, mais
escuros que a própria
sombra a envolvê-los,
enquanto que vastos
cardumes de
desventurados jaziam
chumbados ao solo, como
aves de asas partidas...
Calderaro explicou que
algumas daquelas
entidades podiam vê-los,
mas não ligavam a isso
maior importância.
Estavam preocupados
consigo mesmos e, por
abrigarem no coração
sentimentos rasteiros,
tardariam em se
libertarem deles. A
turba não estava, porém,
desamparada. Funcionavam
ali inúmeros postos de
socorro e variadas
escolas, em que muita
gente praticava a
abnegação. Padecentes e
pessoas torturadas eram
atendidas de acordo com
as suas possibilidades
de aproveitamento. O
Assistente explicou: "As
regiões inferiores
jamais estarão sem
enfermeiros e sem
mestres, porque uma das
maiores alegrias dos
céus é a de esvaziar os
infernos". (Cap. 17, pp.
221 e 222)
120. A
volitação
- Aludindo às entidades
de baixas condições que
se moviam nos ares,
embora a pouca altura,
Calderaro esclareceu que
a volitação depende,
fundamentalmente, da
força mental armazenada
pela inteligência, mas
os vôos altíssimos da
alma só são possíveis
quando se alia, à
intelectualidade
elevada, o amor sublime.
"Há Espíritos perversos
com vigorosa capacidade
volitiva, apesar de
circunscritos a baixas
incursões", asseverou o
Assistente. Eles são
donos de imenso poder de
raciocínio e manejam
certas forças da
Natureza, mas, como não
têm o sentimento
sublimado, isso lhes
impede grandes
ascensões. Na colônia
"Nosso Lar", era natural
haver grande número de
entidades incapacitadas
de usar a possibilidade
de volitar. "É mais
fácil recolher criaturas
de maiores cabedais de
amor com reduzida
inteligência, e
convivermos com elas, no
processo evolucionário
comum, do que
abrigarmos pessoas
sumamente intelectuais
sem amor aos
semelhantes; com estas
últimas, a vida em
comum, no sentido
construtivo, é quase
impraticável", destacou
Calderaro. A própria
Natureza nos mostra os
corvos voando baixo,
procurando detritos,
enquanto as andorinhas
voam alto, buscando a
primavera. Quanto às
necessidades de
subsistência dos
enfermos que ali se
contavam aos magotes, o
Assistente informou que
nada lhes faltava quanto
às exigências essenciais
de socorro e de
manutenção, como ocorre
num nosocômio da esfera
carnal. Aliás, aquelas
assembléias espirituais
que ora visitavam se
assemelhavam muito aos
manicômios da Crosta.
"Temos aqui, nestas
assembléias de
incompreensão e dor,
infindas fileiras de
loucos que
voluntariamente se
arredaram das realidades
da vida", esclareceu
Calderaro. "Fixaram a
mente nas zonas mais
baixas do ser, e,
olvidando o sagrado
patrimônio da razão,
cometeram faltas
graves, contraindo
pesados débitos." (Cap.
17, pp. 223 e 224)
(Continua no próximo
número.)