Morte
Abel Gomes
Silenciosa madona da
tristeza,
A morte abriu-me as
catedrais radiosas,
Onde pairam as formas
vaporosas
Do país ignorado da
Beleza.
Num dilúvio de lírios e
de rosas,
Filhos da luz de uma
outra Natureza,
Que entornavam no espaço
a sutileza
Dos incensos das naves
harmoniosas!
Monja de olhar piedoso,
calmo e austero,
Que traz à Terra um
tênue reverbero
Da mansão das estrelas
erradias...
Irmã da paz e da
serenidade,
Que abriu meus olhos na
Imortalidade,
À esperança de todos os
meus dias!
Abel Gomes foi escritor,
poeta e professor,
nascido em Minas Gerais
a 30 de dezembro de 1877
e falecido a 16 de
agosto de 1934. Espírito
dinâmico, deixou alguns
livros inéditos, dos
quais dois já editados
pela Federação, além de
copiosa obra esparsa. O
soneto acima integra o
livro Parnaso de
Além-Túmulo,
psicografado por
Francisco Cândido
Xavier.