ÉDO
MARIANI
edo@edomariani.com.br
Matão,
São
Paulo
(Brasil)
Utilidade
providencial
da
riqueza
A
afirmação
de Jesus
quando
ensinou
que “é
mais
fácil
entrar
um
camelo
pelo
fundo de
uma
agulha
do que
um rico
se
salvar”
tem sido
mal
interpretada
pelos
homens.
Alguns
julgam
que toda
pessoa
abastada
está,
pela
afirmação
do
Mestre,
irremediavelmente
perdida.
Assim
não
entendia
Jesus.
Quando
Ele foi
convidado
a
visitar
a casa
de
Zaqueu,
o
publicano,
considerado,
na
época,
um homem
de
posses,
disse ao
morador:
“hoje
entrou a
salvação
nesta
casa”.
Em “O
Evangelho
segundo
o
Espiritismo”,
livro de
autoria
de Allan
Kardec
(Cap.
XVI,
item 7),
encontramos
importante
ensinamento
sobre o
tema: “Se
a
riqueza
houvesse
de
constituir
obstáculo
absoluto
à
salvação
dos que
a
possuem,
conforme
se
poderia
inferir
de
certas
palavras
de
Jesus,
interpretadas
segundo
a letra
e não
segundo
o
espírito,
Deus,
que a
concede,
teria
posto
nas mãos
de
alguns
um
instrumento
de
perdição,
sem
apelação
nenhuma,
idéia
que
repugna
à razão”.
É
verdade
que a
riqueza,
para
quem não
sabe
usá-la
para o
bem, é
um
obstáculo
para a
felicidade
futura
do
Espírito.
Para
muitos
ela
facilita
o
orgulho
e o
egoísmo,
vez que
o
dinheiro
é capaz
de abrir
uma
imensidão
de
portas.
Mas os
bens
materiais
não
podem
ser
vistos
como um
mal em
si
mesmos.
Precisamos
deles
para
manter o
nosso
corpo,
que é
material
também.
Precisamos
deles
para
conseguir
condições
dignas
de vida.
Aqueles
que
amealharam
grandes
quantidades
de bens
materiais
podem,
neste
sentido,
produzir
muito em
favor
dos
menos
favorecidos.
O que se
exige é
a
sabedoria
para
utilizar
a
riqueza.
E nisto,
aliás, é
que
reside a
dificuldade
que pesa
sobre os
ombros
dos
ricos.
Lemos
com
alegria
o artigo
publicado
anos
atrás na
Folha
de S.
Paulo
por
Luciano
Mendes
de
Almeida,
sob o
título “A
Mágica
dos
Pequenos
Gestos”.
Ele
expressa
com
absoluta
correção
o que é
possível
fazer
com a
riqueza:
...“há,
no
entanto,
uma
cooperação
pessoal,
familiar
e
comunitária
que é
fundamental
e não
pode
faltar
para o
encaminhamento
de uma
solução
definitiva
do
problema
da
desigualdade
e da
injustiça
social.
Trata-se
de uma
atitude
interior
a cada
pessoa
na
compreensão
das
exigências
da
cidadania
e, mais
ainda,
da
fraternidade
cristã.
É o
compromisso
com a
promoção
dos
outros.
Precisamos
vencer o
individualismo
doentio
e a
busca de
vantagens
só para
os
próprios
familiares
e amigos
e
abrir-nos
a uma
atitude
humanitária
que se
estenda
a todos,
a
começar
pelos
mais
necessitados...
Se cada
um de
nós
souber
partilhar
com os
outros o
que
recebemos
de Deus,
não
faltará
nada
para
ninguém.
São
gestos
modestos
e
discretos
de
auxílio
ao
próximo.
Quem tem
mais
partilha
mais. A
mágica
não está
apenas
na
rápida e
maravilhosa
multiplicação
do
atendimento
aos
necessitados,
mas na
progressiva
transformação
do nosso
modo de
agir.
Vamos,
então,
aprender
que a
solução
dos
graves
problemas
sociais
começa
pela
conversão
de
nossas
atitudes.
A
sociedade,
já nesta
Terra,
será não
só
justa,
mas
feliz. É
isto que
Jesus
Cristo
nos
ensinou:
a
alegria
maior é
a de
quem dá
(Atos,
20, 35)”.
Os
argumentos
aqui
transcritos
estão em
perfeita
consonância
com o
pensamento
espírita.
Os bens
que
possuímos
não nos
pertencem.
São
apenas
empréstimos
que Deus
nos
concede
para com
eles
realizarmos
o bem em
favor da
humanidade.
Não é
fácil
pensar
nos
outros
quando
temos em
excesso.
Aliás,
nunca
achamos
que
temos
muito.
Sempre
queremos
mais. O
outro,
na
miséria,
na
exclusão,
quase
sempre
fica
esperando.
Como a
passagem
do
camelo
pela
agulha é
tormentosa,
poucos
são os
ricos
que
despertam
para
esta
realidade.
Poucos
são,
ademais,
os que
se
consideram
ricos.
Destes,
é
insignificante
o número
daqueles
que se
propõem
a
trabalhar
no
sentido
de
minorar
a
desgraça
alheia.
Daí por
que
poucos
são
também
os que
alcançam
o Reino,
como
dizia
Jesus. É
preciso
despertar
e
descobrir
nossas
riquezas,
que são
muitas.
A partir
delas,
aspergir
bênçãos,
aprendendo
a
repartir.
Quando
todos
vestirem
este
pensamento
e
trabalharem
nesse
sentido,
teremos,
sem
sombra
de
dúvidas,
exterminado
a
miséria
e o
sofrimento
da face
da
Terra.