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Ano 2 - N° 86 - 14 de Dezembro de 2008

ANTONIO AUGUSTO NASCIMENTO
acnascimento@terra.com.br
Santo Ângelo, Rio Grande do Sul (Brasil)

 

Jerri Roberto Santos de Almeida:

“Trazer Jesus para nossas reflexões diárias e para nossa convivência é tarefa imperiosa” 

A violência é um termômetro que sinaliza a necessidade de uma revisão urgente dos valores cultuados. Isso irá conduzir a um esgotamento do modelo materialista de viver, onde o ser
humano reconsidere o seu papel no mundo
 
 

O professor e escritor Jerri Roberto Almeida (foto) relata sua experiência como professor, expositor e colaborador da Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS). Com graduação em História e pós-graduação em Diálogos entre História e Literatura do RS, utilizou-se de sua experiência no contato humano para desenvolver os temas de seus oportunos livros.

O Consolador: Como conheceu o Espiritismo?

Ainda jovem, era freqüentador de palestras na Sociedade Espírita Amor e Caridade, em Osório, RS. Logo depois passei  a   integrar   o   grupo  de  jovens

espíritas. Com o tempo entrei no ESDE, passei a fazer palestras e a coordenar grupos de estudo. 

O Consolador: Quais as atividades que você desempenha no Centro Espírita? 

Colaboro no Atendimento Fraterno, coordeno grupo de estudos e realizo palestras. 

O Consolador: Que cargos já exerceu no movimento espírita ou vem atualmente exercendo?  

Fui diretor e presidente da antiga União Municipal Espírita de Santo Antônio da Patrulha, órgão unificador da 10ª. Região Federativa, que compreende o Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Desde o início dos anos 90, faço parte do grupo de expositores da FERGS. Assumi o cargo de presidente da Sociedade Espírita Amor e Caridade por 2 mandatos.  

O Consolador: Tem artigos publicados? 

Sim, tenho vários artigos publicados no jornal Diálogo Espírita e na revista A Reencarnação, ambos órgão de divulgação da Federação Espírita do RGS.  

O Consolador: No Movimento Espírita você é muito solicitado como palestrante para seminários e palestras, tanto para trabalhadores como para o público. Quais temas prefere abordar e como sente a repercussão dessas atividades?  

Tenho viajado pelo Rio Grande do Sul e Santa Catarina realizando palestras e, principalmente, seminários para o público em geral. Os temas a que venho me dedicando, desde vários anos, primam por questões relacionais, onde buscamos a contribuição do Espiritismo, num constante diálogo com outras áreas do conhecimento, para discutir temas como: Convivência, Amor, Família, Felicidade, Autoconhecimento etc. 

O Consolador: Quais os títulos de seus livros já publicados? 

Filosofia da Convivência e O Desafio da Felicidade: em um mundo em transformação, ambos distribuídos pela livraria Francisco Spinelli, www.fergs.org.br ou (51)3224-1493.  

O Consolador: Qual a repercussão de seus livros? 

Os livros, por abordarem questões que envolvem o universo relacional e emocional da criatura humana, têm sido bem recebidos. Participo de feiras de livros e programas de rádio onde os questionamentos, de participantes e ouvintes, retomam os dilemas existenciais do Espírito humano, numa busca constante por paz e felicidade. Mantenho-me à disposição de todos pelo e-mail jerriroberto@terra.com.br.  

O Consolador: Fale-nos da motivação para abordar temas como a filosofia da convivência.  

A motivação partiu, naturalmente, dos próprios desafios ensejados pelo ato de conviver.  Na segunda Semana Espírita de Torres (RS), na metade dos anos 90, realizei uma palestra intitulada: Os sete códigos da convivência. A abordagem desse tema chamou muito a atenção das pessoas, houve muito interesse pelo assunto. O retorno foi tão interessante que, com o tempo, passei a nutrir a idéia de aprofundar essa temática. Surgiu daí o livro Filosofia da Convivência.  

O Consolador: Que lições tem a relatar de sua vivência espírita?  

A grande experiência que a tarefa espírita nos enseja, e que as lições nos oportunizam, é a da conquista do indivíduo sobre si mesmo. É necessário compreendermos que o amor não é uma metáfora religiosa, mas uma proposta de vida em plenitude que devemos, pelo esforço, vivenciar em nossas famílias e nas Instituições Espíritas. Noto, salvo engano, que nas Sociedades Espíritas, de forma geral, ainda a fraternidade é muito acanhada e o amor um discurso. A lição que tenho buscado aprender é que precisamos amar, nos conhecendo melhor. Uma vez que somente posso mudar o que já vejo em mim.  

O Consolador: Como avalia o estado atual do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita (ESDE) nos Centros Espíritas?  

Acredito que estamos vivendo um contexto muito oportuno na área do conhecimento e do estudo da Doutrina. Imagino que nunca se estudou tanto como agora. Nossos grupos estão com grande procura, pessoas ávidas pelo esclarecimento que o Espiritismo oferece. Alerto, no entanto, para que os estudos jamais sejam dogmáticos, mas que se oportunize um debate de idéias fundamentadas nas Obras Básicas e nas suplementares. Devemos revisitar Kardec constantemente! As Obras Básicas NÃO esgotaram, como pensam alguns, o seu dinamismo essencial. 

O Consolador: Como analisa o momento atual da divulgação do Espiritismo?   

O Espiritismo vive um período fecundo em sua divulgação. Está na televisão, já apareceu como tema em novelas, em documentários de abrangência nacional. Recentemente vimos o sucesso do filme Bezerra de Menezes nos cinemas de todo o Brasil, com salas repletas! Temos inúmeros sites de ótima qualidade, divulgando com responsabilidade o conteúdo doutrinário. O CEI ai está, ampliando os horizontes do Movimento Espírita organizado. Então, minha avaliação é muito otimista! 

O Consolador: O que pensa sobre a educação?  

Sou professor. Penso que a educação é, como disse Kardec em comentário à questão 685 de O Livro dos Espíritos, um elemento altamente dinâmico, capaz de formar o homem de bem. Claro, estamos nos referindo à educação moral, àquela que produz hábitos saudáveis e nobilitantes, que engrandece o Espírito humano e o faz melhor, mais humano e solidário. A educação é um processo de extrair de dentro, mas também de permitir estímulos que levem à reflexão e à interiorização de valores, num mundo em constante crise de seus paradigmas afirmativos.  

O Consolador: E quanto à constatação de muitos pais isentarem-se de sua parte na educação dos filhos esperando que a escola e os professores a façam?  

É um erro grave. Tenho escrito sobre isso. Estou, em conjunto com um amigo espírita, médico pediatra, elaborando um livro onde iremos discutir a família e suas relações na pós-modernidade. Os pais cometem um grave equívoco quando abrem mão dos seus papéis, de suas responsabilidades. Coisa que o tempo e a consciência irão cobrar. 

O Consolador: Como o amigo percebe os desafios da sociedade em transformação como a violência gerada pelo estresse das pessoas?  

Vivemos numa sociedade marcada de paradoxos. Uma sociedade que ensina que a vida é um valor inestimável, mas que também, a todo o momento, induz os indivíduos a se drogarem, a usar o álcool, a buscar o sucesso e o êxito através dos mais esdrúxulos comportamentos. A violência é um termômetro que sinaliza a necessidade de uma revisão urgente dos valores cultuados. Isso irá conduzir a um esgotamento do modelo materialista de viver, onde o ser humano reconsidere o seu papel no mundo, compreendendo a vida sob uma ótica mais profunda. Do mal, como dizem os Espíritos, Deus fará surgir um bem!

O Consolador: Suas palavras finais. 

Agradeço a oportunidade oferecida de forma generosa. Este é um momento muito importante de nossas vidas, onde estamos nos ensaiando para os valores da alma, buscando bem administrar os do corpo. Mas tudo isso tem um grande motivador: Jesus Cristo. Na sua sabedoria, a violência irá se recolher, como peça de museu, e as angústias humanas receberão o bálsamo, suavizando as lutas do mundo. Portanto, trazer Jesus para nossas reflexões diárias, para nossa meditação e para nossa convivência, é tarefa imperiosa para os dias que vivemos. Muita Paz!
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita