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Estudando a série André Luiz
Ano 2 - N° 86 - 14 de Dezembro de 2008

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  
 

No Mundo Maior

André Luiz

(Parte 24)

Damos prosseguimento ao estudo da obra No Mundo Maior, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier, publicada em 1947 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Que tipos de Espíritos havia na região de trevas citada por André Luiz?

R.: Ali congregavam-se verdadeiras tribos de criminosos e delinqüentes, atraídos uns aos ou­tros, consoante a natureza das faltas cometidas. Muitos, segundo Calderaro, eram inteli­gentes e intelectualmente esclarecidos, mas sem uma única réstia de amor no coração. A desencarnação parecia galvanizá-los na posição mental em que se encontravam no momento da passagem e, por isso, não era fácil arrancá-los de logo do desequilí­brio a que se precipitaram. (No Mundo Maior, cap. 17, pp. 224 e 225.) 

B. Havia também ali negociantes inescrupulosos?

R.: Sim. Um grupo deles era formado exatamente por antigos negociantes da Terra, cujo exclusivo anseio foi amontoar di­nheiro para satisfazer a própria cupidez, sem beneficiar a ninguém. O ouro que possuíram na Terra jamais mitigou a fome de qualquer pessoa. Homens de pensamento ágil, sabiam voar mentalmente a longas distân­cias, para lograr êxito nos seus empreendimentos materiais. Nunca se importaram com as dores alheias; queriam unicamente acumular vantagens financeiras, e nada mais. Agora, escravizados à idéia fixa de ganhar sempre, voavam pesadamente aqui e ali, dementados e confundidos, pro­curando monopólios e lucros que jamais encontrariam.  (Obra citada, cap. 17, pp. 226 e 227.) 

C. Qual era, naquela região, a preocupação dos avarentos e usurários?

R.: Ainda apegados ao ouro que imaginavam possuir, tinham eles receio de que ladrões os roubassem. Usurários há muito tempo desencarnados, desceram a tão profundo grau de apego à fortuna material tran­sitória, que se tornaram ineptos ao equilíbrio na zona mental do tra­balho digno. Quando estavam na Terra, não viam meios de se am­pararem com a ambição moderada e nobre, nem reparavam os métodos uti­lizados para atingir os seus fins egoísticos. Menosprezavam direitos alheios, escarneciam das aflições dos outros e armavam ciladas a com­panheiros incautos, para sugar-lhes as economias, locupletando-se à custa da ingenuidade e da confiança cega. (Obra citada, cap. 18, pp. 228 e 229.)

Texto para leitura

121. Tribunais no purgatório - Calderaro lembrou a André que na colônia "Nosso Lar" ele tivera oportunidade de ver irmãos sofredores nas mais diferentes situações: alguns sofriam ainda estranhas perturbações alu­cinatórias, outros eram guardados como se fossem múmias perispiríticas em letargia profunda, outros povoavam vastas enfermarias para se reer­guerem espiritualmente, pouco a pouco. Ali, no entanto, se congregavam verdadeiras tribos de criminosos e delinqüentes, atraídos uns aos ou­tros, consoante a natureza das faltas cometidas. "Muitos são inteli­gentes e, intelectualmente falando, esclarecidos, mas, sem réstia de amor que lhes exalce o coração, erram de obstáculo a obstáculo, de pe­sadelo a pesadelo...", informou Calderaro. A desencarnação parecia galvanizá-los na posição mental em que se encontravam no momento da passagem e, por isso, não era fácil arrancá-los de logo do desequilí­brio a que se precipitaram. "O Érebo da concepção antiga, a crepitar em eternas chamas de vingança divina, é perigosa ilusão" – enfatizou o Assistente; "entretanto, os lugares purgatoriais dos desejos e das ações criminosas, aguardando as almas enodoadas pelos desvarios, cons­tituem realidades lógicas, nas zonas espirituais do mundo". Ali, os avarentos, os homicidas, os cúpidos e os viciados de todos os matizes se agregavam em deplorável situação de cegueira íntima, formando cordões compactos que se inclinavam mais e mais para os despenhadei­ros. Cada qual possuía uma história horrível, de lances angustiosos. Prisioneiros de si mesmos, restringiam os horizontes mentais, culti­vando o pretérito que deveriam expungir. Em se melhorando, eram assis­tidos por ativas e abnegadas congregações de socorro espiritual. Auto­ridades mais graduadas do mundo espiritual, atendendo a imperativos superiores, improvisavam tribunais com funções educativas, cujas sen­tenças, ressumando amor e sabedoria, culminavam sempre em determi­nações de trabalho regenerador, através da reencarnação na Crosta, ou de tarefas laboriosas no seio da Natureza, quando havia suficiente compreensão e arrependimento nos que feriram a Lei, prejudicando a si mesmos. "Deste vastíssimo arsenal de alienação da mente, ensombrada de culpas, sai o maior coeficiente das reencarnações dolorosas que povoam os círculos carnais", informou o Assistente. Poucos, contudo, conse­guem valer-se da oportunidade terrena, no sentido de restaurar as pró­prias energias, porque é sempre fácil fugir do caminho reto, mas muito difícil o retorno... (Cap. 17, pp. 224 e 225)

122. Os filhos da cupidez - Pouco depois, André, sintonizando-se na onda mental que determinada entidade oferecia, verificou que infortu­nado irmão, de facies macilenta, havia assassinado a própria esposa em pavorosas circunstâncias. O mísero não apresentava, porém, arrependi­mento: acariciava o desejo de rever a vítima para supliciá-la, quantas vezes lhe fosse possível. Fazia parte, assim, de um grupo de irmãos positivamente loucos, que falavam a esmo, comentando homicídios e re­memorando com palavras cruéis cenas indescritíveis de dor e perversi­dade. Eram entidades contidas ali tão-somente pelas leis vibratórias que as regiam. Perto de André, passou então um grupo de seres mons­truosos, que se levitavam fazendo ruído ensurdecedor. Era formado de antigos negociantes terrenos, cujo exclusivo anseio foi amontoar di­nheiro para satisfazer a própria cupidez, sem beneficiar a ninguém. O ouro que possuíram na Terra jamais mitigou a fome de qualquer pessoa. Homens de pensamento ágil, sabiam voar mentalmente a longas distân­cias, para lograr êxito nos seus empreendimentos materiais. Nunca se importaram com as dores alheias; queriam unicamente acumular vantagens financeiras, e nada mais. Agora, escravizados à idéia fixa de ganhar sempre, voavam pesadamente aqui e ali, dementados e confundidos, pro­curando monopólios e lucros que jamais encontrarão. André, condoído, quis deter alguns deles e conversar com eles fraternalmente, para es­clarecê-los. Calderaro o impediu, dizendo: "Que fazes? seria inútil. Impossível é reajustar, num momento, apenas com palavras, tantas men­tes em desequilíbrio cruel". Era preciso seguir para a frente, porque dispunham de pouco tempo. (Cap. 17, pp. 226 e 227)

123. Avarentos desencarnados - Esfarrapados, esqueléticos, carantonhas de aspecto lamentável – eis a descrição feita por André de curiosa assembléia de velhinhos postados a seu lado. Eles traziam nas mãos uma substância lodosa que julgavam ser ouro, e demonstravam, em seu olhar, infinito receio de perdê-lo. Ao menor toque de vento, atracavam-se aos fragmentos de lama, colocando-os de encontro ao coração. Entreolhavam-se apavorados, como se temessem desastre próximo. Cochichavam entre si, maliciosos e desconfiados. Às vezes, faziam menção de correr, mas retinham-se no mesmo lugar, entre o medo e a suspeita. O receio de que ladrões roubassem o seu ouro era impressionante. Quem eram aquelas en­tidades? "São usurários desencarnados há muitos anos", informou Calde­raro. "Desceram a tão profundo grau de apego à fortuna material tran­sitória, que se tornaram ineptos ao equilíbrio na zona mental do tra­balho digno, por incapazes de acesso ao santuário interno das aspi­rações superiores."  Quando estavam na Terra, não viam meios de se ampararem com a ambição moderada e nobre, nem reparavam os métodos uti­lizados para atingir os seus fins egoísticos. Menosprezavam direitos alheios, escarneciam das aflições dos outros, armavam ciladas a com­panheiros incautos, para sugar-lhes as economias, locupletavam-se à custa da ingenuidade e da confiança cega. Difundiram tantos sofrimen­tos com suas ações, que a matéria mental das vítimas, em maléficas emissões de vingança e de maldição, lhes impôs etérea couraça ao campo das idéias. Por isso, atordoados, fixavam-se nos delitos do passado, transformando-se em autênticos fantasmas da avareza, atormentada pelas miragens de ouro naquele deserto de padecimentos. Não era possível prever quando despertariam para a realidade, dada a situação lastimá­vel em que se encontravam. Eles haviam enlouquecido na paixão de pos­suir, acabando a sinistra aventura escravos de monstros mentais de formação indefinível. (Cap. 18, pp. 228 e 229)

124. André encontra seu avô paterno - Do grupo de velhinhos, uma voz se destacou, confundindo a André. Aquilo lhe parecia familiar. O estimado escritor fixou os traços da desventurada entidade, que lhe recordava seu avô Cláudio, muito afeiçoado ao neto desde os mais tenros anos do menino. Quando  André, mocinho ainda, estava a seu lado, o velho se acalmava nas crises nervosas que lhe precederam o fim. Pouco ele sabia sobre a vida de Cláudio, mas não ignorava que este fizera considerável fortuna em ágios escandalosos, curtindo espinhosa velhice pelo exces­sivo apego ao dinheiro. Em seus últimos tempos do corpo, via ladrões e delatores em toda a parte. André recordou, num átimo, o dia do falecimento do avô. Buscado no colégio, onde fazia o curso secundário, ele jamais se esqueceu de sua impressionante máscara cadavérica. As mãos recurvadas sobre o peito pareciam guardar, ciosamente, algum tesouro oculto, e nos olhos vítreos, que mãos piedosas não conseguiram cerrar, vagueava o pavor do desconhecido, como se o acometessem trágicas visões do Além. No curso do tempo, André viera a saber que o avô dei­xara valioso patrimônio financeiro, que eles, seus parentes, dissipa­vam em nababescas fantasias... Voltando agora ao passado, reconhecia que vigoroso laço o unia àquele infeliz que ainda sofria o pesadelo do ouro terrestre, carregando placas de lodo, que premia enternecidamente ao coração. Calderaro disse-lhe, então, saber de tudo. Estava expli­cada agora a significação de sua vinda àquelas paragens. Não tinham, contudo, tempo a perder. O velho Cláudio revelava-se receptivo, porquanto, pouco antes, fora ele quem alertara o grupo de velhinhos para a hipótese de estarem sendo vítimas de um pesadelo. O Assistente apli­cou recursos fluídicos sobre os olhos embaciados de Cláudio, que, ga­nhando provisória lucidez, viu-os afinal. "Oh! – gritou perante os colegas aterrados – que luz diferente!" E esfregando os olhos, per­guntou aos benfeitores: "Donde vindes? sois padres?" Ele aludia, por certo, às túnicas muito alvas que os dois usavam. André avançou, lesto, e indagou: "Meu amigo, sois Cláudio M..., antigo fazendeiro nas vizinhanças de V...?"  Cláudio respondeu: "Sim, conheceis-me? quem sois?" (Cap. 18, pp. 230 e 231)  (Continua no próximo número.)
 
  


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita