A Revue Spirite
de 1862
Allan Kardec
(8a
Parte)
Damos seqüência ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1862. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Que revelações fez
Voltaire na Sociedade
Espírita de Paris?
Ele disse que
seu cinismo havia
desaparecido diante da
revelação das grandes
coisas que só ficou
conhecendo no
além-túmulo. “Sofro, mas
expio a resistência que
opus a Deus”, contou
Voltaire. “Tinha a
missão de instruir e
esclarecer. A princípio
o fiz, mas o meu facho
se extinguiu nas minhas
mãos na hora marcada
para a luz!...” (Revue
Spirite de 1862, pp. 156
a 158.)
B. A sabedoria tem algo
a ver com amor e
caridade?
Tem tudo a ver. Segundo
Santo Agostinho, não
existe sabedoria sem
amor nem caridade. Amor
e caridade, diz ele, são
as duas virtudes
supremas, que unem a
criatura ao Criador.
(Obra citada, p. 158.)
C. Além de ter visto o
Espírito de Verdade, que
mais contou Sanson em
sua terceira
comunicação?
Sanson disse que os
Espíritos se apresentam
no mundo espiritual sob
a forma humana, mas há
muita diferença entre o
corpo carnal e o corpo
espiritual, que é dotado
igualmente de cabeça,
tronco, braços e pernas.
Sanson também afirmou
que os Espíritos não se
reproduzem, porque não
têm sexo. (Obra
citada, pp. 171 a 173.)
Texto para leitura
80. Em Bordéus, um padre
escreveu uma carta a uma
senhora muito idosa e
doente, com referências
à crença dela no
Espiritismo. A filha,
Émilie Collignon,
respondeu-a ao vigário,
dizendo haver encontrado
muita força e consolo no
Espiritismo e na certeza
palpável de que nossos
mortos queridos estão
sempre perto de nós. A
Revue transcreveu-as.
(P. 146)
81. O suicídio de uma
pobre viúva, mãe de três
filhos, que foi
denunciada por haver
furtado um pão a um
padeiro que se recusou a
dá-lo, é relatado pela
Revue , seguido
de comunicações da
suicida e de Lamennais,
que afirma que a infeliz
mulher é uma das vítimas
do nosso mundo, de
nossas leis e de nossa
sociedade. (PP. 149 a
151)
82. Santo Agostinho
dedicou, de forma
espontânea, uma mensagem
a vários personagens
russos de distinção que,
após freqüentarem
durante o inverno as
reuniões da Sociedade
Espírita de Paris,
retornaram à Rússia.
Entre diversos
conselhos, Agostinho
lhes disse: I - Sabei
que a caridade não se
faz somente com esmola,
mas também com o
coração. II - Ide e
pregai o Evangelho. Deus
vos situou no alto, para
que todos vos possam ver
e vossas palavras sejam
bem compreendidas. III -
Deus recompensa os que
trabalham no seu campo e
dá a colheita a todos os
que contribuem para o
grande serviço. IV -
Mostrai a todos que o
espírita não fica no
meio da estrada para
indicar a direção, mas
toma do machado e do
cutelo e se atira às
mais sombrias florestas
para rasgar o caminho e
desviar os espinhos dos
passos dos que os
seguem. (PP. 151 e 152)
83. Désiré Léglise,
morto em 1851, diz que
as paixões, as afeições
vivas não são possíveis
senão entre criaturas da
mesma natureza, entre
mundanos e mundanos,
entre Espíritos e
Espíritos. Com a morte,
a afeição não se apaga,
mas toma outro caráter,
afirma o poeta argelino.
(PP. 153 e 154)
84. Cárita destaca, em
Lyon, de forma poética,
o valor da lágrima na
redenção humana. (PP.
155 e 156)
85. Voltaire comunica-se
na Sociedade Espírita de
Paris e diz que seu
cinismo desapareceu
diante da revelação das
grandes coisas que só
ficou conhecendo no
além-túmulo. Dizendo-se
mais cristão, ele conta:
“Sofro, mas expio a
resistência que opus a
Deus. Tinha a missão de
instruir e esclarecer. A
princípio o fiz, mas o
meu facho se extinguiu
nas minhas mãos na hora
marcada para a luz!...”
(PP. 156 a 158)
86. Em seguida à
comunicação de Voltaire,
Santo Agostinho assevera
que não existe sabedoria
sem amor nem caridade.
Amor e caridade, diz
ele, são as duas
virtudes supremas, que
unem a criatura ao
Criador. (P. 158)
87. Em discurso feito na
abertura do ano social
na Sociedade Espírita de
Paris, em abril de 1862,
Kardec lembra as
vicissitudes
enfrentadas, anos antes,
pela Sociedade e
confessa ter um dia
pensado seriamente em
retirar-se. Quatro anos
depois de fundada, a
Entidade possuía 87
membros ativos, sem
contar os sócios
honorários e
correspondentes, e os
princípios por ela
adotados serviam, então,
à imensa maioria dos
espíritas. (PP. 159 a
161)
88. No discurso, Kardec
aplaude a feliz idéia de
vários membros de
organizar reuniões
particulares em seus
lares, as quais têm a
vantagem de estabelecer
relações mais íntimas e,
além disso, são centros
para uma porção de
pessoas que não podem ir
à Sociedade. Concluindo,
o Codificador fala sobre
a nova sede da
instituição e seus
custos. (PP. 165 a 168)
89. A
Revue publica a
segunda comunicação do
Sr. Sanson, na qual ele
fala sobre as sensações
experimentadas no
momento da morte e diz
que, ao recuperar suas
faculdades, se viu
cercado por numerosos e
fiéis amigos. Afirmando
que a felicidade, como a
entendemos, é uma
ficção, Sanson
aconselha: “Vivei
sabiamente, santamente,
no espírito de caridade
e de amor, e sereis
preparados para as
impressões que os vossos
maiores poetas não
poderiam descrever”.
(PP. 168 a 170)
90. Uma semana depois,
Sanson comunicou-se pela
terceira vez, informando
que: I - Os Espíritos
se apresentam no outro
mundo sob a forma
humana, mas há muita
diferença entre o corpo
carnal e a maravilhosa
fluidez do corpo
espiritual. II - Neste
não existe feiúra,
porque os traços
perderam a dureza de
expressão; a linguagem
tem entonações
intraduzíveis para nós;
o olhar tem a profundeza
das estrelas. III - O
corpo espiritual é
dotado de cabeça,
tronco, braços e pernas.
IV - A visão dos
Espíritos nenhuma
relação tem com a visão
humana. Além disso, o
Espírito pode adivinhar
os nossos pensamentos. V
- Os Espíritos não se
reproduzem, porque não
têm sexo. VI - No
recinto da sessão, ele
viu São Luís
(presidente espiritual
da Sociedade), o
Espírito de Verdade,
Santo Agostinho,
Lamennais, Sonnet, São
Paulo e outros. (PP. 171
a 173) (Continua
no próximo número.)