Não se deixando
vitimar pela
rotina, o homem
tende, às vezes,
a assumir um
comportamento
ansioso que o
desgasta, dando
origem a
processos
enfermiços que o
consomem.
A ansiedade é
uma das
características
mais habituais
da conduta
contemporânea.
Impulsionado ao
competitivismo
da sobrevivência
e esmagado pelos
fatores
constringentes
de uma sociedade
eticamente
egoísta,
predomina a
insegurança no
mundo emocional
das criaturas.
As constantes
alterações da
Bolsa de
Valores, a
compressão dos
gastos, a
correria pela
aquisição de
recursos e a
disputa de
cargos e funções
bem remunerados
geram, de um
lado, a
insegurança
individual e
coletiva. Por
outro, as
ameaças de
guerras
constantes, a
prepotência de
governos
inescrupulosos e
chefes de
atividades
arbitrários quão
ditadores; os
anúncios e
estardalhaços
sobre
enfermidades
devastadoras; os
comunicados
sobre os danos
perpetrados
contra a
ecologia
prenunciando
tragédias
iminentes; a
catalogação de
crimes e
violências
aterradoras
respondem pela
inquietação e
pelo medo que
grassam em todos
os meios
sociais, como
constante
ameaça contra o
ser e o seu
grupo,
levando-os a
permanente
ansiedade que
deflui das
incertezas da
vida.
Passando, de uma
aparente
segurança, que
era concedida
pelos padrões
individualistas
do século 19, no
apogeu da
industrialização,
para o período
eletrônico, a
robotização
ameaça milhões
de empregados,
que temem a
perda de suas
atividades
remuneradas, ao
tempo em que o
coletivismo,
igualando os
homens nas
aparências
sociais, nos
costumes e nos
hábitos, alija
os estímulos de
luta, neles
instalando a
incerteza, a
necessidade de
encontrar-se
sempre na
expectativa de
notícias
funestas,
desagradáveis,
perturbadoras.
Esvaziados de
idealismo e
comprimidos no
sistema em que
todos fazem a
mesma coisa,
assumem iguais
composturas,
passando de uma
para outra pauta
de compromisso
com ansiedade
crescente.
A preocupação de
parecer
triunfador, de
responder de
forma
semelhante aos
demais, de ser
bem recebido e
considerado é
responsável pela
desumanização do
indivíduo, que
se torna um
elemento
complementar no
grupamento
social, sem
identidade, nem
individualidade.
Tendo como
modelo
personalidades
extravagantes,
que ditam modas
e comportamento
exóticos, ou
liderado por
ídolos da
violência, como
da astúcia
dourada, o
descobrimento
dos limites
pessoais gera
inquietação e
conflitos que
mal disfarçam a
contínua
ansiedade
humana.
A ansiedade tem
manifestações e
limites
naturais,
perfeitamente
aceitáveis.
Quando se
aguarda uma
notícia, uma
presença, uma
resposta, uma
conclusão, é
perfeitamente
compreensível
uma atitude de
equilibrada
expectativa.
Ao extrapolar
para os
distúrbios
respiratórios, o
colapso
periférico, a
sudorese, a
perturbação
gástrica, a
insônia, o
clima de
ansiedade
torna-se um
estado
patológico a
caminho da
somatização
física em graves
danos para a
vida.
O grande desafio
contemporâneo
para o homem é o
seu
autodescobrimento.
Não apenas
identificação
das suas
necessidades,
mas,
principalmente,
da sua realidade
emocional, das
suas aspirações
legítimas e
reações diante
das ocorrências
do cotidiano.
Mediante o
aprofundamento
das descobertas
íntimas,
altera-se a
escala de
valores e surgem
novos
significados
para a sua luta,
que contribuem
para a
tranqüilidade e
a
autoconfiança.
Não há, em
realidade,
segurança
enquanto se
transita no
corpo físico.
A organização
mais saudável
durante um
período,
debilita-se em
outro, assim
como os melhores
equipamentos
orgânicos e
psíquicos sofrem
natural desgaste
e consumição,
dando lugar às
enfermidades e à
morte, que
também é
fenômeno da
vida.
A ansiedade
trabalha contra
a estabilidade
do corpo e da
emoção.
A análise
cuidadosa da
existência
planetária e das
suas finalidades
proporciona a
vivência salutar
da oportunidade
orgânica, sem o
apego mórbido ao
corpo nem o medo
de perdê-lo.
Os ideais
espiritualistas,
o conhecimento
da sobrevivência
à morte física
tranqüilizam o
homem, fazendo
que considere a
transitoriedade
do corpo e a
perenidade da
vida, da qual
ninguém se
eximirá.
Apegado aos
conflitos da
competição
humana ou
deixando-se
vencer pela
acomodação, o
homem desvia-se
da finalidade
essencial da
existência
terrena, que se
resume na
aplicação do
tempo para a
aquisição dos
recursos
eternos,
propiciadores
da beleza, da
paz, da
perfeição.
O pandemônio
gerado pelo
excesso de
tecnologia e de
conforto
material nas
chamadas classes
superiores, com
absoluta
indiferença pela
humanidade dos
guetos e
favelas, em
promiscuidade
assustadora,
revela a
falência da
cultura e da
ética estribada
no imediatismo
materialista com
o seu arrogante
desprezo pelo
espiritualismo.
Certamente, ao
fanatismo e
proibição
espiritualista
de caráter
medieval, que
ocultavam as
feridas morais
dos homens, sob
o disfarce da
hipocrisia, o
surgimento
avassalador da
onda de cinismo
materialista
seria
inevitável. No
entanto, o abuso
da falsa cultura
desnaturada, que
pretendeu
solucionar os
problemas
humanos de
profundidade
como reparava os
desajustes das
engrenagens das
máquinas que
construiu,
resultou na
correria
alucinada para
lugar nenhum e
pela conquista
de coisas
mortas,
incapazes de
minimizar a
saudade, de
preencher a
solidão, de
acalmar a
ansiedade, de
evitar a dor, a
doença e a
morte...
Magnatas, embora
triunfantes,
proíbem que se
pronuncie o nome
da morte diante
deles.
Capitães de
monopólios
recusam-se a
sair à rua, para
evitarem
contágio de
enfermidades, e
alguns impõem,
para viver,
ambientes
assepsiados,
tentando driblar
o processo de
degeneração
celular.
Ases da beleza
cercam-se de
jovens, receando
a velhice, e
utilizam-se de
estimulantes
para preservarem
o corpo,
aplicando-se
massagens,
exercícios,
cirurgias
plásticas,
musculação e,
não obstante,
acompanham a
degeneração
física e mental,
ansiosos,
desventurados.
Propalando-se
que as
conquistas
morais fazem
parte das
instituições
vencidas —
matrimônio,
família, lar —
os apaniguados
da loucura crêem
que aplicam, na
velha doença das
proibições
passadas, uma
terapêutica
ideal. E
olvidam-se que o
exagero de
medicamento
utilizado em uma
doença, gera
danos maiores do
que aqueles que
eram sofridos.
A sociedade
atual sofre a
terapia
desordenada que
usou na
enfermidade
antiga do homem,
que ora se
revela mais
debilitado do
que antes.
São válidas,
para este
momento de
ansiedade, de
insatisfação, de
tormento, as
lições do Cristo
sobre o amor ao
próximo, a
solidariedade
fraternal, a
compaixão, ao
lado da oração,
geradora de
energias
otimistas e da
fé, propiciadora
de equilíbrio e
paz, para uma
vida realmente
feliz, que baste
ao homem
conforme se
apresente, sem
as disputas
conflitantes do
passado, nem a
acomodação
coletivista do
presente.
Extraído do cap.
3 do livro O
Homem Integral,
psicografado
pelo médium
Divaldo
P.Franco.