MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
No Mundo Maior
André Luiz
(Parte
26)
Damos prosseguimento ao
estudo da obra
No Mundo Maior,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier,
publicada em 1947 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Para a recuperação de
Cláudio dois pontos eram
essenciais. Quais são
eles?
R.: O primeiro, a
necessidade da
reaproximação com
Ismênia, a irmã que ele
abandonara à miséria em
sua última existência; o
segundo, o imperativo da
pobreza extrema, com
trabalho intensivo, para
que pudesse reeducar as
próprias aspirações.
(No Mundo Maior, cap.
19, pp. 238 e 239.)
B. Ao ver Cláudio, a
jovem Ismênia o
reconheceu desde logo?
R.: Não. Ela sabia que
tivera um irmão que a
expulsara de casa, mas
não o reconheceu. Foi
preciso que Cipriana,
cingindo-lhe os lobos
frontais com as mãos, a
envolvesse em abundantes
irradiações magnéticas,
insistindo em que ela
revisse o passado, para
poderem assim servir à
Obra Divina. Aí, sim,
ela lembrou-se do
ocorrido. (Obra
citada, cap. 19, pp. 242
a 244.)
C. Ismênia perdoou o que
Cláudio lhe fizera?
R.: Inicialmente, não.
Ao lembrar-se dos fatos,
algo de anormal sucedeu
em sua mente, porque
seus olhos, antes doces
e tranqüilos,
tornaram-se dilatados e
inquietos. Ela tentou
recuar ante a súplica de
Cláudio, mas a energia
de Cipriana a conteve. O
ancião relatou-lhe suas
faltas e sofrimentos e,
mais lúcido e contente,
disse do conforto que a
reaproximação com ela
lhe conferia. Ismênia
conservou-o muito tempo
junto ao peito,
mostrando sua imensa
ternura, dedicação e
entendimento sem
limites. Ela, com esse
gesto, perdoava-lhe a
atitude infeliz.
(Obra citada, cap. 19,
pp. 242 a 244.)
Texto
para leitura
128. Ismênia já
reencarnara de novo
- Cipriana, acostumada a
problemas daquela
natureza, esclareceu a
André: "Já conhecemos
dois pontos essenciais
para os serviços que lhe
competem: a necessidade
da reaproximação com
Ismênia, que não sabemos
onde se encontra, se
encarnada ou não, e o
imperativo da pobreza
extrema, com trabalho
intensivo, para que
reeduque as próprias
aspirações". De posse do
endereço provável dos
descendentes de Ismênia,
Cipriana incumbiu dois
companheiros de sua
equipe de fazerem rápida
investigação na Crosta.
Os emissários não
demoraram mais do que
noventa minutos. As
notícias eram
alvissareiras. Amigos
espirituais
esclareceram, quanto a
Ismênia, que ela
reencarnara e vivia na
fase juvenil das forças
físicas, havendo
renascido no mesmo
tronco doméstico a que
emprestara colaboração
na época em que Cláudio
a expulsara de casa. O
enfermo foi levado a uma
organização socorrista,
onde ficaria internado.
"Nosso amigo, durante
dois anos
aproximadamente, não
poderá ausentar-se desta
casa de assistência
fraterna. Permanece
ainda profundamente
identificado com a
atmosfera destes
sítios. Visitá-lo-emos
seguidamente,
amparando-o com os
nossos recursos, até que
possa respirar de novo
os ares da Crosta",
disse Cipriana, que
percebeu que a mente de
Cláudio não se
libertaria facilmente
das teias da
incompreensão e, nesse
estado, não volveria com
êxito ao educandário da
carne. Ela disse,
depois, a André ser
preciso trazer Ismênia
até ali, para os
trabalhos preparatórios
de reaproximação e,
antes de mais nada,
havia necessidade de
conquistar a simpatia
dela, em face do
programa de reerguimento
em pauta. Cipriana
tornou a afirmar que,
como o retorno de
Cláudio à esfera física
teria característicos
muito pessoais, sem
reflexos de maior
importância no espírito
coletivo, ela e seu
grupo poderiam
providenciar quase tudo.
Em seguida, rumaram
todos para o Rio, onde
Ismênia residia em
modesto lar de Bangu,
reencarnada então como a
sexta filha de uma
senhora que, na
existência física, era
conhecida como neta da
velha Ismênia. (Cap. 19,
pp. 238 e 239)
129. Cláudio revê
Ismênia - Era de
madrugada. Tudo naquela
casa respirava pobreza
digna e adorável
simplicidade. Cipriana
colocou a destra sobre a
fronte da jovem
adormecida, como a
chamá-la. De fato,
decorridos instantes,
ela compareceu e,
reparando que a
instrutora, envolta em
intensa luz, a cobria
com um gesto de bênção,
ajoelhou-se diante de
Cipriana, que lhe disse
ser apenas uma irmã que
a vinha ajudar. Em
seguida, perguntou-lhe
quais eram as suas
intenções na vida e,
antes que a jovem
respondesse,
acrescentou: "Precisamos
de tua colaboração e não
desejamos ser amigos
inúteis. Em que te
podemos servir?" A moça
hesitou um pouco e
depois de algum tempo,
com a voz entrecortada
pela comoção, disse:
"Minha mãe, se eu puder
rogar-vos alguma coisa,
peço-vos auxílio para
Nicanor. Somos noivos há
quase dois anos, mas
somos pobres. Trabalho
na indústria de
tecelagem, com salário
reduzido, para ajudar à
manutenção de nossa
casa, e Nicanor é
pedreiro... Temos
sonhado com a
organização de um lar
pequeno e modesto, sob a
proteção da Divina
Providência. Poderemos
aguardar a aprovação de
Deus?" A instrutora a
animou dizendo-lhe que
eles teriam o seu
amparo, mas precisava
também do concurso dela.
Em seguida, a levou até
o local onde Cláudio se
encontrava internado,
cuidando antes de
cobrir-lhe o rosto com
estreito véu de
substância semelhante a
gaze, para que não lhe
fosse dado ver as
paisagens que iria
atravessar. Em pouco
tempo, Ismênia estava
diante de Cláudio, que,
bastante aflito e de
alma torturada, lhe
pediu perdão pelo mal
que lhe fizera. A jovem,
porém, ficou em
silêncio, porque não
compreendia o que estava
ocorrendo. (Cap. 19, pp.
240 e 241)
130. Ismênia perdoa e
abraça Cláudio -
Cipriana perguntou à
jovem se ela sabia que
sua bisavó tivera um
irmão que a expulsou de
casa. Ela disse que sim.
Cipriana, apontando
Cláudio, perguntou-lhe
se ela o reconhecia. O
velhinho, nesse
instante, dirigiu-lhe a
palavra: "Ismênia,
Ismênia! eu sou Cláudio,
teu desventurado
irmão..." A jovem
continuava sem nada
entender, e Cipriana,
cingindo-lhe os lobos
frontais com as mãos, a
envolvê-la em abundantes
irradiações magnéticas,
insistiu em que ela
revisse o passado, para
poderem assim servir à
Obra Divina. Algo de
anormal sucedeu então na
mente da jovem, porque
seus olhos, antes doces
e tranqüilos,
tornaram-se dilatados e
inquietos. Ela tentou
recuar ante a súplice
expressão de Cláudio,
mas a energia da
instrutora a conteve.
"Agora, sim!
Lembro-me...", falou,
aterrada. Cipriana
perguntou-lhe se ela não
tinha piedade daquele
homem, e seu amor divino
triunfou no olhar
enternecido de Ismênia,
que, plenamente
modificada, abraçou-se
ao doente, exclamando:
"Pois és tu, Cláudio?
que te aconteceu?" O
ancião relatou-lhe suas
faltas e sofrimentos e,
mais lúcido e contente,
disse do conforto que a
reaproximação com ela
lhe conferia. Ismênia
conservou-o muito tempo
junto ao peito,
mostrando sua imensa
ternura, dedicação e
entendimento sem
limites. Quando pareciam
perfeitamente
reconciliados, Cipriana
abeirou-se dela e pediu
que ela o recebesse como
filho, se a lei divina
autorizasse seu
matrimônio. Ismênia
exclamou, convicta: "Se
o Céu me conceder a
felicidade de com algo
contribuir em benefício
de Cláudio, esse
benefício será feito a
mim mesma; e, se um dia
eu receber a ventura
conjugal, será nosso
primeiro e bem-amado
filhinho". Depois,
contemplando, enlevada,
o desditoso prisioneiro
das sombras, prometeu:
"Partilhar-nos-á a vida
pobre e honrada,
conhecerás as alegrias
do pão, filho do suor
com a Proteção Divina, e
olvidará, em nossa
companhia, as ilusões
que por tanto tempo nos
separaram..." Por fim,
evidenciando a
singeleza de seu
coração, previu: "Será
um pedreiro feliz, como
Nicanor! abençoará a
luta digna que
atualmente
bendizemos!..." Cipriana
a envolveu num terno
abraço e, também tocada
no coração e de olhos
úmidos, lhe disse:
"Bem-aventurada sejas
tu, querida filha, que
compreendes conosco o
celestial ministério da
mulher nobre, sempre
disposta à maternidade
sublime". Alguns minutos
depois,
Ismênia-reencarnada
acordou no corpo denso,
experimentando ignoto
júbilo. Sem saber como,
guardava naquele
instante absoluta
certeza de que se
casaria e de que Deus
lhe reservava ditoso
porvir. (Cap. 19, pp.
242 a 244)
(Continua no próximo
número.)