JOSÉ PASSINI
passinijose@yahoo.com.br
Juiz de Fora, Minas
Gerais (Brasil)
Responsabilidade nossa
Cônscio da
responsabilidade que
cabe a todos nós
espíritas no sentido da
manutenção da fidelidade
à Doutrina que nos
ilumina os caminhos, é
que tomo a liberdade de
trazer-lhes algumas
considerações a respeito
do cuidado que devemos
ter quando usamos o nome
“Espiritismo”.
No Espiritismo não há
autoridades religiosas
que possam manifestar-se
a favor ou contra
qualquer publicação,
tachando-a
antidoutrinária, nem
tampouco condenar essa
ou aquela prática levada
a efeito numa sociedade
espírita.
O Espiritismo é uma
doutrina de
livre-exame, adotada
por livres-pensadores.
Seu embasamento dá-se em
Jesus e Kardec.
Noutras religiões, há
conselhos formados por
pessoas que detêm um
certo poder no campo
doutrinário, e esses
conselhos deliberam
sobre pessoas que devam
ser acatadas ou banidas
do grupo. Igualmente
deliberam sobre
inovações e
publicações.
No Espiritismo não há
nada disso. Todos nós,
espíritas, temos
responsabilidade
definida em tudo o que
apresentamos ou que
apenas prestigiamos em
nome da Doutrina. Cada
espírita é, no âmbito de
suas atividades, um
guardião dos princípios
básicos da Doutrina,
cabendo-lhe – para ter o
direito de dizer-se
espírita – o dever de
resguardar-lhe a
coerência, a nobreza, a
objetividade, a clareza,
a simplicidade e a
fidelidade aos
princípios ético-morais
do Evangelho de Jesus e
aos princípios
doutrinários
estabelecidos pelos
Espíritos Superiores,
codificados por Kardec.
Assim pensando, tomo a
liberdade de vir à sua
presença solicitar-lhe
alguns minutos no exame
de algo que me parece
estranho:
Fazendo-se um estudo
sobre materialização,
com base nas
experiências de William
Crookes, de Alexander
Aksakoff e de outros
cientistas que estudaram
o fenômeno nos primeiros
tempos do Espiritismo,
vê-se que para se obter
uma materialização ou um
simples efeito físico há
a necessidade do
concurso de várias
pessoas, de ambiente
equilibrado e
previamente preparado,
além de um médium.
André Luiz, no livro "Missionários
da Luz", cap. 10,
intitulado
"Materialização",
descreve detalhadamente
os trabalhos exaustivos
desenvolvidos por mais
de vinte entidades de
nobre hierarquia do
Mundo Espiritual, numa
sala mediúnica, onde se
desenvolveriam os
trabalhos de
materialização.
Como conciliar o
exaustivo trabalho dos
autores acima citados,
somado a esse minucioso
relato de André Luiz com
o que se lê na obra "Por
Amor ao Ideal", onde
um Espírito desencarnado
há um século teria
conseguido
materializar-se com os
fluidos do cadáver de um
bêbado, e teria saído,
materializado, de dentro
da cova, caminhado pelas
ruas e se consultado com
um médico psiquiatra,
por várias vezes, sem
sequer dizer seu nome? E
o psiquiatra não lhe
estranhou as vestes de
um século atrás? Nem há
explicação de como
falava Português. Se
fosse tão fácil e
corriqueira assim a
materialização, nunca se
saberia se a pessoa, que
encontramos na rua, está
encarnada ou se é um
Espírito
materializado...
No livro "A Escada de
Jacó" é descrito o
uso de fluidos de
um camelo agonizante no
socorro dado por um
Espírito a um menino
encarnado que tivera os
dois braços arrancados
por uma explosão e que
teria se tornado
vidente, pois falava com
o Espírito que o
socorria, comentando até
os seus planos futuros
de tornar-se médico
também.
Se é tão fácil a
obtenção de fluidos para
socorro a encarnados, a
ponto de estancar forte
hemorragia, a partir de
animais agonizantes, por
que os Espíritos têm de
se valer de encarnados
como doadores, conforme
descrito na obra de
André Luiz, acima
citada, no seu cap. 7?
Não seria mais fácil,
para os Espíritos, a
obtenção desse fluido
tão abundante nos
matadouros?
O que responderemos
àqueles que, ao
ingressarem nos estudos
da Doutrina, nos
perguntarem sobre isso?
Onde está a nossa fé
raciocinada? Onde está o
nosso zelo para com a
Doutrina a que tanto
devemos, face aos novos
horizontes que delineia
para nós? Vamos seguir o
sábio conselho de Paulo
(I Tes., 5:21):
"Examinai tudo. Retende
o bem."? Temos
examinado o que se
publica em nome do
Espiritismo? Ou temos
deixado correr? Quem é o
responsável pela
fidelidade doutrinária?
Urge, mais do que nunca,
uma ação corajosa,
consciente de fidelidade
não só à Doutrina, mas a
nós próprios, à nossa
consciência, pois "quem
cala, consente".