MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(1a
Parte)
Iniciamos nesta edição o
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como Emmanuel, no
prefácio do livro,
descreve o esforço de
André ao escrevê-lo?
R.: Depois de contar a
lenda do peixinho
vermelho, Emmanuel diz
que o esforço de André
Luiz, ao escrever mais
este livro, é semelhante
ao do peixinho vermelho.
Buscando acender luz nas
trevas, retorna ele aos
recôncavos da Crosta
terrestre para anunciar
aos antigos companheiros
que, além dos cubículos
em que se movimentam,
resplandece outra vida,
mais intensa e mais
bela, exigindo, porém,
acurado aprimoramento
individual para a
travessia da estreita
passagem de acesso às
claridades da
sublimação. Ele fala,
informa, prepara,
esclarece, mas há muitas
pessoas que sorriem e
passam, entre a
mordacidade e a
indiferença, na espera
de um paraíso gratuito
depois da morte do
corpo. (Libertação,
prefácio de Emmanuel,
pp. 11 e 12.)
B. Que fator é
indispensável no
trabalho em benefício
dos irmãos infelizes?
R.: Os que se dispõem a
trabalhar em benefício
dos irmãos infelizes não
podem utilizar as mesmas
armas, sob pena de se
precipitarem no baixo
nível deles. "A
severidade pertencerá ao
que instrui, mas o amor
é o companheiro daquele
que serve", asseverou o
Ministro Flácus.
(Obra citada, cap. I,
pp. 13 e 14.)
C. De que o nosso
planeta necessita para
progredir realmente?
R.: Nosso mundo reclama,
disse o Ministro Flácus,
não apenas "a presença
daqueles que ensinam o
bem, mas principalmente
daqueles que o
praticam". "Cristo não
brilha apenas pelo
ensino sublimado.
Resplandece na
demonstração." (Obra
citada, cap. I, pp. 15 e
16.)
Texto
para leitura
1. A
lenda do peixinho
vermelho
- Em seu prefácio,
Emmanuel narra uma
antiga lenda egípcia
sobre o peixinho
vermelho, que saiu de
seu lago, através de
grade muito estreita, e
conheceu rios, lugares e
companheiros jamais
imaginados. Decidindo
relatar sua descoberta
aos companheiros do
limitado lago,
informou-lhes que havia
outro mundo líquido,
glorioso e sem fim.
"Aquele poço era uma
insignificância que
podia desaparecer, de
momento para outro. Além
do escoadouro próximo
desdobravam-se outra
vida e outra
experiência", revelou o
peixinho vermelho aos
seus irmãos. Descreveu
então o serviço das
tainhas e dos salmões,
das trutas e dos
esqualos. Falou sobre o
peixe-lua, o
peixe-coelho e o
galo-do-mar. Contou que
vira o céu repleto de
estrelas e que
descobrira árvores
gigantescas, barcos
imensos, cidades
praieiras, jardins
submersos, e ofereceu-se
para conduzi-los ao
Palácio de Coral, onde
viveriam todos,
prósperos e tranqüilos.
Disse, por fim, que
semelhante felicidade
tinha, todavia, seu
preço: "Deveriam todos
emagrecer,
convenientemente,
abstendo-se de devorar
tanta larva e tanto
verme nas locas escuras
e aprendendo a trabalhar
e estudar tanto quanto
era necessário à
venturosa jornada".
Assim que terminou,
gargalhadas estridentes
coroaram-lhe a preleção.
Ninguém acreditou nele.
Alguns oradores
disseram que o peixinho
vermelho delirava, que a
outra vida além do poço
era francamente
impossível e que aquela
história de riachos,
rios e oceanos era mera
fantasia de cérebro
demente... (Prefácio de
Emmanuel, pp. 7 a 11)
2. André é o nosso
peixinho vermelho
- O soberano da
comunidade, para melhor
ironizar o peixinho, foi
com ele até à grade de
escoamento, por onde o
peixinho havia ganhado o
mundo, e, tentando de
longe a travessia,
exclamou: "Não vês que
não cabe aqui nem uma só
de minhas barbatanas?
Grande tolo! vai-te
daqui! não nos perturbes
o bem-estar... Nosso
lago é o centro do
Universo... Ninguém
possui vida igual à
nossa!..." Expulso a
golpes de sarcasmo, o
peixinho realizou a
viagem de retorno,
instalando-se, em
definitivo, no Palácio
de Coral, aguardando o
tempo. Passados alguns
anos, apareceu pavorosa
e devastadora seca. As
águas desceram de nível.
E o poço onde viviam os
peixes pachorrentos e
vaidosos esvaziou-se,
compelindo a comunidade
inteira a perecer,
atolada na lama. E' esse
o esforço de André Luiz,
que busca acender luz
nas trevas, como fez o
peixinho vermelho.
Encantado com as
descobertas do caminho
infinito, realizadas
depois de muitos
conflitos no sofrimento,
retorna ele aos
recôncavos da Crosta
Terrestre, anunciando
aos antigos companheiros
que, além dos cubículos
em que se movimentam,
resplandece outra vida,
mais intensa e mais
bela, exigindo, porém,
acurado aprimoramento
individual para a
travessia da estreita
passagem de acesso às
claridades da
sublimação. Ele fala,
informa, prepara,
esclarece... "Há,
contudo, muitos peixes
humanos -- diz Emmanuel
-- que sorriem e passam,
entre a mordacidade e a
indiferença, procurando
locas passageiras ou
pleiteando larvas
temporárias". "Esperam
um paraíso gratuito com
milagrosos
deslumbramentos depois
da morte do corpo." Mas,
foi Jesus quem
pronunciou, muito antes
de nós, as indeléveis
palavras: "A cada um
será dado de acordo com
as suas obras".
(Prefácio de Emmanuel,
pp. 11 e 12)
3. Necessário
elevar-se o tom
vibratório - O
Ministro Flácus fazia a
algumas dezenas de
companheiros
interessante palestra
relativamente aos
trabalhos desenvolvidos
nas colônias
purgatoriais, que,
perfeitamente
organizadas para o
trabalho expiatório a
que se destinam,
arrebanham milhares de
criaturas arraigadas no
mal. Os ouvintes, ali,
eram todos candidatos ao
serviço de socorro aos
irmãos atormentados nas
sombras. O palestrante
mostrava-lhes que os que
se dispõem a trabalhar
em benefício dos irmãos
infelizes, não podem
utilizar as mesmas
armas, sob pena de se
precipitarem no baixo
nível deles. "A
severidade pertencerá
ao que instrui, mas o
amor é o companheiro
daquele que serve",
asseverou o Ministro. A
educação, elucidou o
palestrante, na maioria
das vezes, parte da
periferia para o centro,
mas a renovação,
traduzindo
aperfeiçoamento real,
movimenta-se em sentido
inverso. "Ambos os
impulsos, todavia, são
alimentados e
controlados pelos
poderes quase
desconhecidos da mente",
ensinou ele, explicando
que o espírito humano
lida com a força mental,
tanto quanto maneja a
eletricidade, com a
diferença de que, se já
aprende a gastar a
segunda, mal conhece a
existência da primeira,
que nos preside a todos
os atos da vida.
Entrando especificamente
no tema, Flácus
esclareceu: "A rigor
(...) não temos círculos
infernais, de acordo com
os figurinos da antiga
teologia, onde se
mostram indefinidamente
gênios satânicos de
todas as épocas e, sim,
esferas obscuras em que
se agregam consciências
embotadas na
ignorância,
cristalizadas no ócio
reprovável ou
confundidas no eclipse
temporário da razão.
Desesperadas e
insubmissas, criam zonas
de tormentos
reparadores. Semelhantes
criaturas, no entanto,
não se regeneram à
força de palavras.
Necessitam de amparo
eficiente que lhes
modifique o tom
vibratório,
elevando-lhes o modo de
sentir e pensar". E o
Ministro enfatizou:
"Reclamamos, na
atualidade, quem ajude o
pensamento do homem na
direção do Alto". (Cap.
I, pp. 13 e 14)
4. O mundo reclama
a prática do bem
- O palestrante lembrou,
na seqüência, que o
mundo teve sempre
grandes políticos e
veneráveis condutores,
mas é forçoso reconhecer
que a organização
humana, por si só, não
atende às exigências do
ser imperecível.
Péricles, apesar de ter
realizado edificante
trabalho educativo junto
dos gregos, não lhes
atenuou a belicosidade e
os pruridos de
hegemonia, sucumbindo ao
assédio de aflitivo
desgosto. Alexandre,
embora tenha
estabelecido uma
civilização respeitável,
não impediu que seus
generais prosseguissem
em conflitos
sanguinolentos,
difundindo o saque e a
morte. Augusto unificou
o Império Romano,
concretizando avançado
programa político em
benefício de todos os
povos, mas não conseguiu
banir de Roma o desvario
pela dominação a
qualquer preço.
Constantino, advogado
dos cristãos indefesos,
ofereceu novo padrão de
vida ao Planeta;
todavia, não modificou
as disposições
detestáveis de quantos
guerreavam em nome de
Deus. Napoleão, o
ditador francês, impôs
novos métodos de
progresso material à
Terra, mas não se
furtou, ele próprio, às
garras da tirania, pela
simples ganância da
posse. Vivemos, pois,
diante de um mundo
civilizado na
superfície, a reclamar
não apenas "a presença
daqueles que ensinam o
bem, mas principalmente
daqueles que o praticam"
-- asseverou o
Ministro. "Cristo não
brilha apenas pelo
ensino sublimado.
Resplandece na
demonstração." Em
companhia d' Ele, é
indispensável
mantenhamos a coragem de
amparar e salvar,
descendo aos recessos do
abismo, porquanto, não
longe de nossa paz
relativa, em círculos
escuros de desencanto e
desesperação,
misturam-se milhões de
seres, conclamando
comiseração... "Por que
não acender piedosa luz,
dentro da noite em que
se mergulham,
desorientados? por que
não semear esperança
entre corações que
abdicaram da fé em si
mesmos?" -- indagou
Flácus, propondo aos
seus ouvintes a
realização inadiável do
auxílio reparador.
(Cap. I, pp. 15 e 16)
5. O império
espiritual é vizinho
nosso - Após
comparar a Terra, em
relação ao Universo, a
uma minúscula laranja
perante o Himalaia,
Flácus esclareceu que
todos nós, encarcerados
ainda na lei de retorno,
temos efetuado
multisseculares
recapitulações, por
milênios consecutivos.
Há precisamente quarenta
mil anos que o espírito
humano lida com a razão,
explicou o Ministro.
Curiosamente, com o
mesmo furioso ímpeto com
que o homem de
Neandertal aniquilava o
companheiro a golpes de
sílex, o homem da
atualidade extermina o
próprio irmão a tiros de
fuzil. Nos campos da
Crosta Planetária,
queda-se a inteligência,
qual se fora anestesiada
por perigosos narcóticos
da ilusão; no entanto,
nós devemos auxiliá-la
a sentir e reconhecer
que o espírito permanece
vibrando em todos os
ângulos da existência.
"Cada espécie de seres,
do cristal até o homem,
e do homem até o anjo,
abrange inumeráveis
famílias de criaturas,
operando em determinada
freqüência do Universo",
asseverou Flácus. "E o
amor divino alcança-nos
a todos, à maneira do
Sol que abraça os sábios
e os vermes", ajuntou
ele, informando que, no
entanto, quem avança
demora-se em ligação com
quem se localiza na
esfera próxima. Os
animais aproveitam os
vegetais na obra de
aprimoramento. Os homens
se socorrem dos minerais
e dos vegetais para
crescerem mentalmente e
prosseguir adiante. E,
para lá das fronteiras
sensoriais que guardam
ciosamente a alma
encarnada, começa vasto
império espiritual,
vizinho dos homens. "Aí
se agitam milhões de
Espíritos imperfeitos
que partilham, com as
criaturas terrenas, as
condições de
habitabilidade da
Crosta do Mundo. Seres
humanos, situados noutra
faixa vibratória,
apóiam-se na mente
encarnada, através de
falanges incontáveis,
tão semiconscientes na
responsabilidade e tão
incompletas na virtude,
quanto os próprios
homens", advertiu o
Ministro. (Cap. I, pp.
17 e 18)
(Continua no próximo
número.)