A Revue Spirite
de 1862
Allan Kardec
(Parte
11)
Damos seqüência ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1862. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Que aconteceu ao
bispo que determinou o
chamado auto-de-fé de
Barcelona?
O bispo, segundo notícia
publicada pela Revue,
faleceu nove meses
depois da queima pública
dos livros espíritas,
realizada em 9/10/1861.
Mas, ao comunicar-se na
Sociedade Espírita de
Paris, se disse
arrependido e pediu
preces. “Orai por mim”,
rogou o falecido. “Orai,
porque é agradável a
Deus a prece que lhe é
dirigida pelo perseguido
em favor do
perseguidor.” Kardec,
evidentemente,
perdoou-lhe o infeliz
ato, visto que perdoar é
também caridade. (Revue
Spirite de 1862, pp. 230
a 232.)
B. Como Santo Agostinho
define a religião de
Deus?
Convidado para ser o
patrono espiritual da
Sociedade Africana de
Estudos Espíritas,
formada em Constantina,
Santo Agostinho aceitou
o encargo e transmitiu
uma mensagem, de que
extraímos o seguinte: 1)
Todos os homens são
irmãos e o grande
objetivo do Espiritismo
é reuni-los um dia no
mesmo lar e fazer que se
sentem à mesa do Pai
comum: Deus. 2)
Amai-vos, amai-vos!
Poupai-me de me armar do
açoite com que se deve
ferir o mau. Embora isto
por vezes seja
necessário, não sejais
nunca desse número. 3)
Lembrai que a religião
de Deus é a religião do
coração; que ela tem por
base apenas um
princípio: a caridade, e
por desenvolvimento: o
amor à Humanidade.
(Obra citada, pp. 233 a
236.)
C. Krishna era também
reencarnacionista?
Sim, e isso está bem
claro no poema
Mahabárata, em que
Krishna diz claramente a
Arjuna, chefe dos Pandus,
que a alma passa a novos
corpos em seu processo
evolutivo. Comentando o
assunto, Kardec disse
que a idéia da
reencarnação está muito
bem definida nessa
passagem, como, aliás,
todas as crenças
espíritas o estavam na
antiguidade. “Só faltava
um princípio: o da
caridade”, diz o
Codificador. “Estava
reservado ao Cristo
proclamar esta suprema
lei, fonte de todas as
felicidades terrenas e
celestes.” (Obra
citada, pp. 239 e 240.)
Texto para leitura
112. Lamennais diz que a
guerra é permitida por
Deus e que é um erro não
ver em César senão um
conquistador, em Clóvis
senão um bárbaro, em
Carlos Magno senão um
déspota. (P. 217)
113. Como se diz, os
conquistadores são os
próprios joguetes
de Deus, os quais se
servem dos homens para
civilizar o homem,
levando às outras nações
o desenvolvimento, os
ideais e, em
conseqüência disso, o
progresso. (P. 217)
114. Tratando do mesmo
assunto, Barbaret, que
viveu ao tempo de
Henrique IV, diz que a
influência dos homens de
gênio sobre o futuro dos
povos é incontestável,
porque, sem eles, as
grandes reformas só
viriam muito depois. (P.
219)
115. Kardec analisa a
conferência feita na
Associação Politécnica
pelo dr. Trousseau,
professor da Faculdade
de Medicina, em que o
palestrante critica os
sábios da Academia de
Ciências que se dirigem
aos charlatães, trata
com desdém as
experiências de Mesmer e
ataca, ferino, as
comunicações e práticas
espíritas. (PP. 223 a
229)
116. A
Revue noticia a
morte do bispo que
determinou o chamado
auto-de-fé de Barcelona.
O falecimento ocorreu
nove meses depois da
queima pública dos
livros espíritas,
realizada em 9/10/1861.
O fato produziu enorme
expansão do Espiritismo
naquele país e foi, por
isso, inócuo.
Comunicando-se na
Sociedade Espírita de
Paris, o bispo se disse
arrependido e pediu
preces. “Orai por mim”,
rogou o falecido. “Orai,
porque é agradável a
Deus a prece que lhe é
dirigida pelo perseguido
em favor do
perseguidor.” Kardec,
evidentemente,
perdoou-lhe, porque
perdoar é também
caridade. (PP. 230 a
232)
117. A
morte da esposa de
Daniel Dunglas Home,
noticiada pelo jornal
NORD, de 15/7/1862, é
mencionada pela Revue.
Diz o repórter que a
senhora, antes de soltar
o último alento, abjurou
a religião grega, em
presença do bispo de
Périgueux, para unir-se
à mesma crença do
marido, adepto do
catolicismo romano. Home
disse ao jornal que ele
e a esposa continuavam a
se ver e a conversar tão
à vontade como quando
ela ainda habitava este
mundo. (P. 232)
118. O Espírito de
Jacques, falando à
Sociedade Africana de
Estudos Espíritas,
formada em Constantina,
diz que, antes de fazer
as evocações
particulares, é preciso
iniciar a reunião com
uma evocação geral, um
apelo aos bons Espíritos
que queiram comunicar-se
espontaneamente. Depois,
então, é que se partirá
para as evocações
pessoais. (P. 233)
119. Convidado a ser o
patrono espiritual da
Sociedade, Santo
Agostinho aceitou o
encargo e transmitiu uma
mensagem, de que
extraímos o seguinte: I
- Todos os homens são
irmãos e o grande
objetivo do Espiritismo
é reuni-los um dia no
mesmo lar e fazer que se
sentem à mesa do Pai
comum: Deus. II -
Amai-vos, amai-vos!
Poupai-me de me armar do
açoite com que se deve
ferir o mau. Embora isto
por vezes seja
necessário, não sejais
nunca desse número. III
- Lembrai que a religião
de Deus é a religião do
coração; que ela tem por
base apenas um
princípio: a caridade, e
por desenvolvimento: o
amor à Humanidade. (PP.
234 a 236)
120. A
Revue transcreve
a carta que o Sr. Jean
Reynaud, autor do livro
“Terre et Ciel”,
enviou ao Journal des
Débats, protestando
contra a pecha de ser
ele partidário do
panteísmo e da
metempsicose. Em seu
livro, Jean Reynaud
defende a doutrina da
reencarnação, repelindo,
porém, com toda a
ênfase, a metempsicose.
(PP. 237 e 238)
121. De Nantes (França),
um assinante da Revue
envia cópia do
poema Mahabárata,
em que Krishna diz
claramente a Arjuna,
chefe dos Pandus, que a
alma passa a novos
corpos em seu processo
evolutivo. Comentando o
assunto, Kardec diz que
a idéia da reencarnação
está muito bem definida
nessa passagem, como,
aliás, todas as crenças
espíritas o estavam na
antigüidade. “Só faltava
um princípio: o da
caridade”, diz o
Codificador. “Estava
reservado ao Cristo
proclamar esta suprema
lei, fonte de todas as
felicidades terrenas e
celestes.” (PP. 239 e
240)
122. O planeta Vênus é
considerado por Georges
um ponto intermediário
entre Mercúrio e
Júpiter. Eis outras
informações ditadas pelo
referido Espírito: I -
Os habitantes de Vênus
têm a mesma conformação
física que os da Terra.
II - As doenças são ali
ignoradas e seus
habitantes só se nutrem
de frutas e produtos do
leite, não tendo o
bárbaro costume de
alimentar-se de
cadáveres de animais.
III - A forma política
reveste a expressão da
família: cada tribo tem
seu chefe, eleito por
classe de idade. IV - A
velhice ali é o apogeu
da dignidade humana.
Isenta de doenças e
feiúra, é calma e
radiante, como bela
tarde de outono. V - A
vestimenta é uniforme:
grandes túnicas brancas
envolvem os corpos. VI -
A reencarnação é em
Vênus muitíssimo mais
longa que a prova
terrena. VII - Em Vênus
não estão todos no mesmo
nível de adiantamento
espiritual, mas os menos
adiantados de lá
equivalem às estrelas do
mundo terrestre, isto é,
aos nossos gênios e
nossos homens virtuosos.
VIII - Não existe ali
servidão: os superiores
não são senhores, mas
pais dos inferiores.
(PP. 240 a 244)
123. A
Revue reproduz
uma carta escrita por um
adepto do Espiritismo ao
jornal de
Saint-Jean-d’Angely,
protestando contra o
tratamento irônico e
leviano dado pelo jornal
aos partidários da
doutrina espírita. (PP.
244 a 246) (Continua
no próximo número.)