Solidariedade e
depressão
A tecnologia que trouxe
tanto conforto não tem
se mostrado capaz por si
só de dar às pessoas a
tão sonhada felicidade.
E vemos, no dia-a-dia,
crescer de maneira
espantosa o número de
pessoas deprimidas,
enchendo-se de remédios
para uma doença da alma
e não do corpo.
Um mal que se não
tratado a tempo vai
levar a civilização ao
fundo do poço, cujo
remédio está na alegria
de viver. Alegria esta
que não pode ser
encontrada somente no
conforto material, mas,
acima de tudo, na vida
digna que inclui também
este conforto.
E a solidariedade é uma
palavra que tem um papel
importantíssimo nesta
batalha travada pelo ser
humano contra si mesmo.
Estamos solitários em
meio a uma multidão de
seis bilhões de pessoas.
Não temos tempo para o
próximo mais próximo,
como nossos filhos,
nossos irmãos, cônjuges,
pais. Estes sofrem
calados ao nosso lado e
não somos capazes de
identificar isto.
Acabamos presos dentro
de nosso ego, buscando
cada vez mais conquistar
um espaço no mundo, para
nos firmarmos diante do
que a sociedade quer de
nós.
Deixamos de lado
questões imprescindíveis
para o despertar da
felicidade do ser: o que
a vida quer de nós? Por
que nascemos em
conjunto? De onde viemos
e para onde vamos?
Deixamos de lado nossa
capacidade de sermos
solidários por medo.
Medo de nos machucar, e
traírem nossa confiança,
por egoísmo muitas
vezes. E continuamos
marchando sozinhos,
buscando uma felicidade
que só poderíamos
encontrar coletivamente.
Mas que, paradoxalmente,
não está no outro, está
em nós. Ou melhor,
reside, sim, no que nós
podemos fazer pelo
outro, na maneira de
encarar a vida.
Fazer o bem é o remédio
da alma.
Fazer o bem é ajudar a
si próprio a não cair
numa vida sem sentido,
num vazio que a
experiência já comprovou
que não pode ser
preenchido por bens
materiais. Um buraco que
só pode ser tapado por
uma vida digna, cujo
objetivo principal é ser
útil, pelo simples
prazer de sê-lo.