AMÉRICO DOMINGOS
NUNES FILHO
americonunes@terra.com.br
Rio de Janeiro, RJ
(Brasil)
A fascinação
rustenista
Muitos
profitentes
espíritas
creem que
a doutrina
mistificadora de
Roustaing está
extinta em nosso
meio
doutrinário.
Ledo engano,
pura
ingenuidade. Um
grupo organizado
e muito atuante
existe no Rio de
Janeiro,
tentando manter
ainda vivas as
mensagens
trevosas
recebidas pela
médium Emilie
Collignon e
coletadas por
J.- B.
Roustaing, em
meados do século
XIX.
A propósito,
recebi pela
Internet
comunicação de
um confrade
pernambucano
denunciando que
o rustenismo
está sendo
divulgado em seu
Estado,
abertamente, por
via federativa,
mesclado com a
doutrina
codificada pelo
excelso Kardec.
Por quanto tempo
o Espiritismo,
sem dúvida o
“Consolador
Prometido”,
estará
preservado desse
componente
malsão? Muitos
irmãos de crença
espiritista
afirmam que não
devemos nos
preocupar com os
pensamentos
divergentes de
Roustaing, mesmo
ferindo os
alicerces
doutrinários,
porquanto
devemos
respeitar e amar
seus adeptos.
Muito bem!
Sermos fraternos
com o próximo é
uma coisa,
convir com suas
idéias
desagregadoras é
caso
completamente
diferente.
Afinal, a
Doutrina
Espírita não
merece
igualmente o
nosso respeito e
acendrado amor?
Infelizmente,
tomamos
conhecimento de
que um médium
espírita, antes
de ir ao ar, em
programa de
televisão, pediu
para não lhe ser
feita qualquer
pergunta alusiva
ao rustenismo. E
o Espiritismo,
doutrina cristã
por excelência,
como é que fica?
O ensinamento de
Jesus é bem
claro: “Aquele
que me negar
diante dos
homens, eu o
negarei diante
do Pai”. A
consciência, no
momento certo,
arderá,
seguindo-se
depois o
remorso,
vivência
espiritual do
“morno”, do que
está “em cima do
muro”, advertido
no Apocalipse:
”Porque não és
quente, nem
frio, estou a
ponto de
vomitar-te da
minha boca“.
Para quem não
sabe, o
rustenismo,
pomposamente
denominado de “A
Revelação da
Revelação”, veio
a lume na mesma
época que estava
em curso “A
Terceira
Revelação à
Humanidade”.
Como poderia ser
o descerramento
de alguma coisa
que ainda estava
em execução?
Qualquer
estudioso do
Espiritismo,
lendo e
perscrutando a
obra “Os Quatro
Evangelhos” (“OQE”)
de Roustaing,
constata, de
imediato, a
mistificação de
seus textos,
inquestionavelmente
apócrifos, desde
que, segundo a
sofrível obra,
seus autores
são, nada mais,
nada menos, “os
próprios
evangelistas,
assessorados
pelos outros
discípulos e por
Moisés”, os
quais “voltaram
para restaurar
as letras
evangélicas”. Em
verdade, sequer
apontaram e
consertaram os
deslizes
cometidos pelos
clérigos que
manipularam a
bel-prazer os
ensinamentos do
Cristo, desde a
tradução do
grego para o
latim, realizada
por Jerônimo, a
chamada
Vulgata.
É incrível que
os
“evangelistas”
tenham voltado,
na mesma época
de Kardec,
quando estava em
curso a
santificante
“Doutrina do
Consolador”, e
mantiveram as
infelizes
incorreções
clericais de
antanho, atitude
assaz plausível,
sendo eles não
esclarecidos e
importantes
sequazes da
falange sombria
do anticristo,
onde se
encontram todos
aqueles que ”não
confessam Jesus
Cristo vindo em
carne; assim é o
enganador e o
anticristo” (2ª
Epístola de João
1:7).
Esses falsos
“evangelistas”
conseguiram
macular todas as
mais atuantes e
abençoadas
personagens do
“Novo
Testamento”.
Primeiramente,
os discípulos do
Cristo foram
tachados de
“pouco
adiantados” (4º
vol. de “OQE”,
pág. 329); “não
estavam aptos a
compreender os
mistérios e
tinham que
ignorá-los” (4º
vol. de “OQE”,
pág. 373); “não
tinham que saber
mais do que
podiam suportar”
(4º vol. de “OQE”,
pág. 366).
Exatamente o
contrário
podemos
verificar nos
textos
evangélicos: “A
vós outros é
dado conhecer os
mistérios do
reino dos céus”
(Mateus 13-11).
Prossegue o
Mestre:
“Bem-aventurados
os vossos olhos,
porque
veem; e
os vossos
ouvidos, porque
ouvem” (Mateus
13-16). O
evangelista
Marcos ressalta
a resposta de
Jesus aos
discípulos: “A
vós outros é
dado o mistério
do reino de
Deus, mas aos de
fora tudo se
ensina por meio
de parábolas”.
Confirmando a
sapiência dos
discípulos, o
Cristo, em
desacordo com os
“evangelistas de
Roustaing”,
esclarece: “Vós
sois a luz do
mundo”. (Mateus:
5-11).
Agora é com a
mãe de Jesus,
Maria. Os falsos
evangelistas a
denigrem,
tachando-a de
“ignorante das
leis da matéria”
(vol. 1 de “OQE”,
pág. 202); “...
teve completa
ilusão do parto
e da
maternidade”
(vol. 1 de “OQE”,
pág. 196); “...
cumpria muito
pouco dos
deveres que a
maternidade
impõe às
mulheres” (vol.
1 de “OQE”, pág.
246).
Os aleivosos
“discípulos do
Mestre” relatam
que a gravidez
de Maria foi
aparente e dão
uma informação
científica que
prima pela
infantilidade,
desconhecendo
inteiramente o
mecanismo
fisiológico de
uma prenhez:
“... Pela ação
dos fluidos
empregados, o
mênstruo parou
durante o tempo
preciso de uma
gestação,
contribuindo
este fato para a
aparência da
gravidez, pela
intumescência e
pelos incômodos
ocasionados”.
Aliás, os
“evangelistas”,
que ditaram “A
Revelação da
Revelação”,
desconhecem
mesmo a
fisiologia
humana, desde
que igualmente
afirmaram: “O
que entra no
homem vai aos
intestinos e daí
para o lugar
secreto” (pág.
557, vol. 4 de “OQE”).
É lastimável que
ainda seja
propagada, em
nosso meio
doutrinário,
essa peçonhenta
doutrina,
contendo tantos
absurdos de
conteúdo moral e
doutrinário,
como também
marcadas
incongruências
científicas.
Pelo fato de
ignorarem o que
é natural, por
certo nada sabem
do que é não
natural. Daí a
tese do corpo
fluídico do
Cristo ser uma
farsa, um
embuste,
transformando
todos os atos da
vida do Mestre
numa grande e
deliberada
mentira. Quanto
ao Cristo
fluídico,
Roustaing o
revela como
alguém que
pareceu ser
formado no
ventre de Maria;
depois simulou o
seu nascimento;
a seguir,
enganou a todos,
representando
que mamava;
fingiu que
sentia dor (“não
sofrera
materialmente e
não fraqueara
sob o guante da
dor”, em vol. 3
de “OQE”, pág.
462) e não
experimentava
emoções humanas.
Além de tudo,
simulou morrer.
Lastimavelmente,
enquadraram
Jesus, na
infância, como
uma criança que
“gostava da
solidão e seus
hábitos eram
tidos por quase
selvagens, visto
não conviver com
os meninos de
sua idade” (pág.
246, vol. 1).
Que truculência!
O amado Cristo,
Espírito puro
por excelência,
depreciado e
desrespeitado
mais uma vez
pelos sequazes
do anticristo.
Os Espíritos
trevosos,
juntamente com o
Sr. Roustaing,
conseguiram até
mesmo menoscabar
a figura poética
da “Rosa de
Sarom” (“Lírios
do Campo”),
tentando tornar
vil,
desprezível, a
bela imagem
inspirada pelo
Cristo, falando
do amparo
divino: “... nem
Salomão, em toda
a sua glória, se
vestiu como
qualquer deles”,
Mateus 6: 28-29,
dizendo que os
lírios eram
habitat de
larvas
constituídas de
substâncias
humanas, “que
rastejam ou
antes deslizam,
tendo os
membros, por
assim dizer, em
estado latente”,
encarnação de
“anjos
decaídos”,
Espíritos
superiores que
sofreram
processo de
retrogradação
espiritual, que
faliram por
terem se
transviado pelo
orgulho, quando
já estavam
trabalhando na
constituição de
planetas (vol.1
de “OLE”, pág.
313). Quanta
barbaridade!
A assertiva
rustenista de
que a encarnação
humana não é uma
necessidade, e
sim, um castigo,
citada no vol. 1
de “OQE”, pág.
317, fere
completamente um
dos princípios
básicos
doutrinários. A
Codificação
Kardequiana
ensina
exatamente o
contrário: “A
união do
espírito e da
matéria é
necessária” (“OLE”,
Q. 25), já que
os “espíritos
têm que sofrer
todas as
vicissitudes da
existência
corporal” (Q.
132 de “OLE”) e
“todos os
Espíritos
são criados
simples e
ignorantes e
se instruem
nas lutas
e tribulações
da vida
corporal”
(Q. 133 de “OLE”).
Na Doutrina
Espírita, os
bons Espíritos
não são os que
evoluíram na
dimensão
extrafísica, são
os que
conseguiram
“predominância
sobre a matéria”
(Q. 107 de “OLE”).
Bem clara a
afirmativa
doutrinária de
que “os
Espíritos puros
percorreram
todos os graus
da escala e se
despojaram de
todas as
impurezas da
matéria” (Q. 113
de “OLE”).
Enquanto
Roustaing diz
que a criatura
conhece o bem e
o mal nas
paragens
espirituais, o
Espiritismo
ressalta o
oposto: “Para
ganhar
experiência é
preciso que o
ser espiritual
conheça o bem e
o mal. Eis
por que
se une
ao corpo”
(Q. 634 de “OLE”).
Portanto, é na
vibração mais
densa que o
Espírito,
simples e
ignorante,
escolhe o seu
caminho: “Se não
existissem
montanhas, não
compreenderia o
homem que se
pode subir e
descer; se não
existissem
rochas, não
compreenderia
que há corpos
duros” (“OLE”,
Q. 634).
O Espírito,
centelha divina
aprimorada e
individualizada,
necessita da
arena física,
com sua
resistência
própria, para
despertar e
exteriorizar
suas
potencialidades
(“O Reino de
Deus dentro de
si”).
É dever de todos
os espíritas
exercer a
vigilância,
sabendo
distinguir o
joio do trigo e
não se mostrar
indiferente à
investida de
mentes
extrafísicas
sombrias: Na
obra “Elos
Doutrinários”,
pág. 36, o
rustenismo é
denominado de “Curso
Superior de
Espiritismo”,
confirmando a
fascinação de
seus
seguidores.
Na carta aos
Efésios,
Capítulo 5:11,
Paulo chama-nos
a atenção,
clamando: “Não
sejais cúmplices
nas obras
infrutíferas das
trevas; antes,
porém,
reprovai-as”.
Acima de tudo
nos foi confiada
a missão de
administradores
dos bens da
Terceira
Revelação Divina
à Humanidade.
Nossa
responsabilidade
é imensa diante
do Mestre e de
nossa
consciência.