Ciência ínfima
Antero de Quental
Onde o grande caminho
soberano
Da Ciência que abriu a
nova era,
Investigando a entranha
da monera,
A desvendar-se no
capricho insano?
Ciência que se elevou à
estratosfera
E devassou os fundos do
oceano,
Fomentando o princípio
desumano
Da ambição onde a força
prolifera...
Ciência de ostentação,
arma de efeito,
Longe da Luz, da Paz e
do Direito,
Num caminho infeliz,
sombrio e inverso;
Sob o alarme guerreiro,
formidando,
Eis que a Terra te
acusa, soluçando,
Como a Grande Mendiga do
Universo!...
Antero de Quental, que
nasceu na ilha de São
Miguel, nos Açores, em
1842, e desencarnou em
1891, é vulto eminente e
destacado nas letras
portuguesas, em que se
caracterizou por seu
espírito filosófico. O
soneto acima,
psicografado por
Francisco Cândido
Xavier, integra o
Parnaso de Além Túmulo,
obra publicada pela FEB
em julho de 1932.