LUIS ROBERTO
SCHOLL
robertoscholl@terra.com.br
Santo Ângelo,
Rio Grande do
Sul (Brasil)
A
matemática do
perdão
Na época
anterior a
Moisés o mal era
combatido com o
mal, de forma
ilimitada. Para
vingar a morte
de um membro da
tribo, era
sumariamente
eliminada a
tribo inteira do
agressor; para
um pequeno
delito, a morte
ao infrator era
fato comum. Com
a instalação por
Moisés da
Pena de Talião
– olho por olho,
dente por dente
– houve um
grande avanço
para aqueles
povos
primitivos, pois
se uma pessoa da
tribo era
assassinada,
matava-se um
membro da tribo
rival, quitando
o débito; se
alguém quebrava
um dente do
outro, era-lhe
quebrado também
um dente e não
mais a dentadura
inteira como
outrora. Uma
agressão era
anulada por uma
agressão
semelhante e a
dívida contraída
ficava
neutralizada por
outra dívida na
direção oposta e
de mesmo valor.
Na matemática
mosaica, dois
valores
negativos (duas
agressões) em
sentido oposto
se anulavam.
Assim,
representando a
ação e o revide:
(-1) + (-1) = 0
Durante muito
tempo essa era
considerada
“a matemática
correta”
para a justiça,
e serviu para
dirimir ódios
seculares e
abrandar maiores
vinganças.
Com o passar do
tempo, a
humanidade
evoluiu e
preparou-se para
uma nova
proposta
matemática: a do
perdão.
O portador dessa
boa nova era o
grande enviado
divino, o Mestre
Jesus. Declara o
profeta nazareno
não ser mais
possível
combater ou
compensar um mal
por outro mal.
Jesus apresenta
o Deus-amor, o
Deus-bondade, o
Deus-justiça,
denotando que o
sentimento de
“justiça-vingativa”
não deveria mais
habitar os
corações
humanos.
Esclarece que
uma ofensa
recebida não
será
neutralizada por
outra ofensa,
mas sim, somada,
pois, nessa
situação ambos
adquirem
débitos:
(-1) + (-1) =
(-2)
A revolucionária
fórmula
matemática
cristã decretou
a extinção da
pena de talião e
trouxe uma nova
proposta: para
cada ação
negativa, o
ofendido deve
responder com
sentimentos
positivos de
perdão e amor ao
ofensor. Somente
assim o mal se
extinguirá da
Terra; do
contrário ele se
multiplicará.
Temos, então:
(-1) + (+1) =
(0)
Amar os
inimigos; dar a
outra face;
perdoar não
sete, mas
setenta vezes
sete vezes;
fazer o bem a
quem nos faz o
mal..., em
inúmeras
oportunidades
Jesus demonstrou
qual era o
caminho para a
verdadeira
justiça e para a
paz: o perdão.
Quem contrai um
débito frente ao
próximo, contrai
um débito maior
frente às Leis
Divinas. Se o
ofendido
utiliza-se da
lei mosaica para
cobrar suas
dívidas, estará
também se
endividando,
desnecessariamente,
perante a Lei de
Deus. O fato de
perdoar, de
pagar o mal com
o bem, de não se
vingar, não
compromete o
ofendido, que
fica liberto,
mas não livra o
ofensor de seus
débitos, cujos
resgates
necessariamente
acontecerão.
A Doutrina
Espírita – o
Cristianismo
ressurgindo nas
suas raízes –
revela, como o
apogeu da
vivência cristã,
o próprio
sentimento de
não se sentir
ofendido. As
pessoas que se
encontram neste
estágio de não
mais se ofender
já estão em um
nível mais
elevado de
perfeição moral.
Para esses,
não há débito,
nem necessidade
de perdão, pois
não há ofensa.
Essa matemática
pode ser
demonstrada na
fórmula:
(0) + (+1) =
(+1)
Quem pratica
essa equação não
se ofende, e o
que o move e
preocupa é fazer
o bem que está
ao seu alcance.
Quando passarmos
a entender que o
agressor só age
assim porque
ainda não
compreendeu o
caminho da
felicidade, já
estaremos mais
próximos de
praticarmos essa
matemática.
Se ainda não
atingimos a
elevação
espiritual de
Jesus, Francisco
de Assis, Joana
de Cusa, Allan
Kardec, Madre
Tereza de
Calcutá, Mahatma
Gandhi ou Chico
Xavier, devemos
ter uma meta a
atingir. E o
trabalho a ser
feito deve ser
iniciado hoje,
para que, nas
reencarnações
futuras,
estejamos mais
próximos do
ideal cristão.