VLADIMIR POLÍZIO
polizio@terra.com.br
Jundiaí, São Paulo
(Brasil)
Poeta e médium-curador?
E por que não?
A Doutrina Espírita, em
seu campo religioso,
filosófico e científico,
abriga estudiosos
vinculados a todos os
segmentos profissionais
ou envolvidos em
atividades das mais
diversas áreas. São
pessoas que,
interessadas no
conhecimento ou
aprimoramento do que se
refere às contingências
da vida, ou seja, sobre
tudo aquilo que o homem
encarnado não é capaz de
controlar, procuraram um
dia aproximar-se dessa
fonte de conhecimento,
verdadeiro manancial
cristalino, para
absorver o que não
encontraram em outras
paragens.
Por isso mesmo, nada
pode surpreender,
especialmente quando são
encontrados personagens
de certa forma
históricos, em razão dos
feitos notáveis de que
tiveram participação e
que, por razões que a
própria razão às vezes
desconhece, não são
divulgados na altura em
que deveriam. É evidente
que quando se fala em
divulgação, fala-se dos
valores que essas
pessoas amealharam para
si, e que, em razão
mesmo do tempo que
modifica, abranda ou
tudo apaga, resultam em
ter esses registros
arquivados nas estantes,
sem que sejam eles
apresentados às várias
gerações que aí estão,
em busca de
aprendizado.
Sabe-se que a Doutrina
não guarda em seu seio
pessoas idolatradas na
condição de ‘santo’,
mesmo porque esse título
não está afeto à
classificação por parte
dos encarnados, por
fugir-lhes a
competência. Mas nada
impede, contudo, que as
figuras consideradas
como baluartes tenham
seus nomes amplamente
divulgados. Ora, como
contribuíram para que a
Doutrina dos Espíritos
alcançasse posição que
lhe permitisse respirar
comodamente, facilitando
o acesso às suas
orientações, da parte de
pessoas de todas as
classes econômicas e
intelectuais, é no
mínimo louvável que
essas pessoas todas
sejam lembradas, pois
desbravaram caminhos
onde não havia espaço
para isso.
Pelo ano de 1834, a 1º
de fevereiro, nascia na
cidade de Laranjeiras,
em Sergipe, aquele que
seria uma dessas colunas
basilares que se conhece
no Espiritismo:
Francisco Leite
Bittencourt Sampaio.
Viveu 61 anos e
desencarnou no Rio de
Janeiro, em 10 de
outubro de 1895.
Bacharelou-se pela
Academia de Direito do
Estado de São Paulo, em
1859, voltando à sua
terra natal, onde
exerceu a Promotoria
Pública. Posteriormente
assumiu a Inspetoria
Literária na Comarca de
Itabaiana até o ano de
1861, quando transferiu
residência para o Rio de
Janeiro, exercendo a
advocacia por muitos
anos.
Foi jurisconsulto,
magistrado, político,
funcionário público,
jornalista, literato e
poeta. Como jornalista
colaborou eficientemente
na Imprensa Paulista, em
diversos jornais e
revistas. Ainda como
estudante celebrizou-se
pela composição do Hino
“A Mocidade Acadêmica”,
cuja partitura musical
coube ao imortal maestro
Carlos Gomes (1).
E foi, aliás, com Carlos
Gomes, desencarnado em
1896, que a figura que
nos referimos,
Bittencourt Sampaio,
poeta de um lirismo
incomparável, soube
expressar todo o
sentimento e a grandeza
de seu coração
adamantino.
É dele um poema que
muitos pais e avós
cantarolavam.
“Tão longe/De mim
distante/Onde irá/Onde
irá/Teu pensamento...”.
Essa música, “Quem
Sabe”, composta por
Carlos Gomes com letra
de Bittencourt Sampaio,
tem nada menos que 150
anos, já que foi
composta em 1859.
Em uma de suas mensagens
transmitidas
mediunicamente a
Francisco Cândido
Xavier, ao final da
reunião levada a efeito
em 2 de junho de 1955,
como se fazia todas as
quintas-feiras, na sede
do Centro Espírita Luiz
Gonzaga, em Pedro
Leopoldo, Bittencourt
Sampaio assim se
expressou: ‘Não
ignorais que a
civilização de hoje é um
grande barco sob a
tempestade... Mas,
enquanto mastros tombam
oscilantes e estalam
vigas mestras, aos
gritos da equipagem
desarvorada, ante a
metralha que incendeia a
noite moral do mundo, o
Cristo está no leme!
Servindo-o,
infatigavelmente,
repitamos, confortados e
felizes: Cristo ontem,
Cristo hoje, Cristo
amanhã!... Louvado seja
o Cristo de Deus!’
(2).
(1)
Anuário Espírita/1984 –
IDE – Instituto de
Difusão Espírita.
(2)
Instruções Psicofônicas.
Francisco Cândido
Xavier – FEB – Federação
Espírita Brasileira.