MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Libertação
André Luiz
(4a
Parte)
Damos continuidade ao
estudo da obra
Libertação,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1949 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Que fazer para
desfrutarmos de paz após
a desencarnação?
R.: O instrutor Gúbio
foi quanto a isso muito
claro: “Não há paraísos
miraculosos”. Cada homem
sentará no trono que
levantou ou se projetará
no abismo que preferiu.
Se o lapidário aprimora
a pedra usando lima
resistente, o Senhor
aperfeiçoa o caráter dos
filhos transviados
usando corações
endurecidos. "Qualidades
morais e virtudes
excelsas não são meras
fórmulas verbalistas.
São forças vivas. Sem a
posse delas, é
impraticável a ascensão
do espírito humano",
acrescentou o Instrutor.
(Libertação, cap. II,
pp. 33 e 34.)
B. A quem cabe a
responsabilidade pelo
aperfeiçoamento do
planeta?
R.: A responsabilidade
pelo aperfeiçoamento do
mundo compete-nos a
todos, encarnados e
desencarnados. "Os
homens não se acham
sozinhos na estreita
senda de provas
salutares em que se
confinam”, afirmou o
instrutor Gúbio.
(Obra citada, cap. III,
pp. 38 e 39.)
C. Há materialização de
Espíritos no plano
espiritual?
R.: Sim. André descreve
o fenômeno e o gracioso
templo em que o fato se
deu, onde as vibrações
constantes das preces,
aí emitidas por vários
séculos, tinham criado
em torno da edificação
prodigioso clima de
encantamento. Melodia
celeste derramava-se à
surdina e uma claridade
cariciosa azul-brilhante
banhava o recinto,
adornado de flores
níveas, semelhantes aos
lírios da Terra. Logo
que se compôs o
conjunto para a oração,
André notou que os
doadores de energia
radiante, médiuns de
materialização do plano
espiritual, se
alinhavam, ali perto, em
número de vinte.
(Obra citada, cap. III,
pp. 40 e 41.)
Texto
para leitura
14. Não há
paraísos miraculosos
- Gúbio lembrou que os
átomos que integram a
hóstia de um templo são,
no fundo, iguais àqueles
que formam o pão pobre
de uma penitenciária.
Assim ocorre com toda
matéria em si mesma.
Passiva e plástica, é
análoga nas mãos das
entidades sábias ou
ignorantes, amorosas ou
brutalizadas, no estado
de condensação
conhecido na Crosta, e
além dele. Em razão
disso, são
compreensíveis as
transitórias construções
levantadas no plano
espiritual por criaturas
desviadas do bem. "Para
quem anestesiou as
faculdades no prazer
fugidio, a separação da
carne geralmente
constitui acesso a
doloroso estágio na
incompreensão", advertiu
Gúbio. Considerando,
então, que a maioria das
criaturas humanas
persegue as sensações do
corpo físico, qual se as
atrações genésicas e o
desvairado apego aos
bens encerrassem toda a
felicidade do mundo, a
colheita dessas
criaturas é sempre
inquietante. Conservam a
idéia da satisfação
egoística a qualquer
preço. Loucos perigosos,
dirigidos por entidades
especializadas em
dominação, constituem
hordas terríveis que, na
verdade, vigiam as
saídas das esferas
inferiores em todas as
direções. Nesse passo,
Elói, visivelmente
consternado, perguntou
por que Deus permite
semelhante
irregularidade. Não
bastaria ligeira ordem
do Eterno para sanar a
desarmonia? O Instrutor
repetiu a lição já
transmitida
anteriormente: não há
paraísos miraculosos;
cada homem sentará no
trono que levantou ou se
projetará no abismo que
preferiu; se o lapidário
aprimora a pedra usando
lima resistente, o
Senhor aperfeiçoa o
caráter dos filhos
transviados usando
corações endurecidos.
"Nem sempre o melhor
juiz pode ser o homem
mais doce", afirmou
Gúbio. "Qualidades
morais e virtudes
excelsas não são meras
fórmulas verbalistas.
São forças vivas. Sem a
posse delas, é
impraticável a ascensão
do espírito humano",
acrescentou o Instrutor.
O choque da morte
imprime nas
personalidades vulgares
tremendos conflitos à
organização
perispirítica. Após
perderem abençoados
anos na esfera carnal,
enredadas em conflitos
deploráveis, erram
aflitas, exânimes e
revoltadas, ajustando-se
ao primeiro grupo de
entidades viciosas que
lhes garantam
continuidade de aventura
em fictícios prazeres.
Formam, assim,
associações enormes e
compactas, com base nas
emanações da Crosta do
Mundo, onde milhões de
homens e mulheres lhes
sustentam as exigências
mais baixas e dos quais
sugam as energias, como
se lidassem com generoso
rebanho bovino... (Cap.
II, pp. 33 e 34)
15. Somos
herdeiros do Poder
Criador -
Encarnados e
desencarnados seremos,
contudo,
responsabilizados por
esse conúbio mental. Se
o perseguidor invisível
erige agrupamentos para
culto sistemático à
revolta e ao egoísmo, o
encarnado garante-lhe a
obra nefasta pela fuga
constante às suas
obrigações de cooperador
de Deus, no plano de
serviço em que se
localiza, alimentando
ruinosa aliança.
Existem, pois, espíritos
que atravessam séculos
inteiros jungidos às
criaturas encarnadas,
presos a lamentáveis
ilusões e a propósitos
sinistros,
obsidiando-se,
mutuamente, seja na
carne ou na ausência
dela. "Há milhões de
almas humanas que se não
afastaram, ainda, da
Crosta Terrestre, há
mais de dez mil anos",
afirmou Gúbio. Morrem no
corpo denso e renascem
nele, qual acontece às
árvores que brotam
sempre, profundamente
arraigadas no solo.
Recapitulam, individual
e coletivamente, lições
multimilenárias, sem
atinarem com os dons
celestiais de que são
herdeiras... O
Instrutor informou,
contudo, que, no fluir e
refluir das eras
numerosas, os filhos do
planeta que se conservam
atentos às determinações
divinas, livres da
antiga escravidão à
miséria moral, "tornam
ao ambiente escuro do
cativeiro que já
abandonaram, a fim de
ampararem os irmãos
ignorantes e
desvairados, em sublime
trabalho de compaixão".
"Formam as vanguardas do
Cristo, nos mais
diversos pontos do
Globo, e, aos milhões,
sob o patrocínio d' Ele,
operam no amor e na
renúncia, avançando,
dificilmente embora,
humanidade adentro,
enfrentando a ofensiva
incendiária e
exterminadora, com as
bênçãos da Luz
Celeste..." O Instrutor
elucidou, ainda, que,
apesar dos argumentos
teológicos de milênios
que vêm obstruindo os
canais da inteligência
humana, a criatura
prosseguirá na tarefa do
autodescobrimento.
Depende apenas de nós a
direção que nossa mente
venha a tomar. O coração
é um tabernáculo, e a
sublimação das potências
que o integram é a única
via de acesso às esferas
superiores. Herdeiros do
Poder Criador, geraremos
forças afins conosco,
onde estivermos. "Qual
de nós cometeria o
absurdo de exigir vôo ao
balão cativo?" --
indagou Gúbio. Pois bem,
a mente humana, quando
enraizada nos interesses
mais fortes da Terra,
não detém outro símbolo.
E' preciso, pois,
deixá-la librar rumo aos
interesses legítimos da
vida. (Cap. II, pp. 35 a
37)
16. A
responsabilidade pelo
mundo é de todos nós
- Antes da excursão à
Crosta, André disse a
Gúbio achar admirável
como se formam
verdadeiras expedições
na esfera espiritual
para atender a simples
caso de obsessão. De
fato, redargüiu o
Instrutor, os homens
encarnados "não
suspeitam a extensão
dos cuidados que
despertam em nossos
círculos de ação".
"Somos todos, eles e
nós, corações imantados
uns aos outros, na forja
de benditas
experiências. No romance
evolutivo e redentor da
Humanidade, cada
espírito possui capítulo
especial. Ternos e
ríspidos laços de amor e
ódio, simpatia e
repulsão, acorrentam-nos
reciprocamente",
acentuou Gúbio. E' que
as almas reencarnadas na
Crosta nada sabem quanto
às atividades
pregressas. O
esquecimento temporário
lhes faculta valiosa
segurança para retorno a
oportunidades de
elevação. Contudo,
enquanto mergulham em
olvido benéfico, as
entidades protetoras
demoram-se, por sua vez,
em abençoada vigília. Os
perigos que ameaçam seus
entes amados de agora ou
de épocas passadas não
as deixam impassíveis.
"Os homens não se acham
sozinhos na estreita
senda de provas
salutares em que se
confinam. A
responsabilidade pelo
aperfeiçoamento do mundo
compete-nos a todos",
asseverou o Instrutor.
Eles iriam visitar
Margarida, uma enferma
ligada ao passado
espiritual de Gúbio, de
quem fora filha em eras
recuadas. Contudo, ele
não fora designado para
servir naquele caso. "Em
cada problema de
socorro, é
imprescindível
considerar as várias
partes em jogo",
informou o Instrutor. Em
cada enigma de obsessão
a resolver, os
protetores espirituais
são levados a buscar
todas as personalidades
que compõem o quadro de
serviço. Perseguidores
e perseguidos
entrelaçam-se, em cada
processo de auxílio, em
grande número. Cada
espírito é um elo
importante em extensa
região da corrente
humana. Quanto mais
crescemos em
conhecimentos e
aptidões, amor e
autoridade, maior é o
âmbito de nossas
ligações na esfera
geral. Há almas que se
vêem sob o interesse de
milhões de outras almas.
Mas quando a perturbação
se estabelece, não é
fácil desfazer
obstáculos, porque,
nessas circunstâncias, é
indispensável proceder
com absoluta
imparcialidade, dando a
cada um quanto lhe
caiba. (Cap. III, pp. 38
e 39)
17. Materialização
no plano espiritual
- Acima da justiça
comum, outros tribunais
mais altos funcionam. Em
razão disso, todos os
casos de desarmonia
espiritual na Terra
movem extensa rede de
servidores que passam a
tratá-los, sem
inclinações pessoais, em
bases do amor que Jesus
exemplificou e, nessas
ocasiões, as entidades
se preparam para
satisfazer todos os
imperativos de trabalho
salvacionista que a
tarefa lhes imponha ou
proporcione. Nesse ponto
da conversa, Gúbio e
André chegaram a
gracioso templo
consagrado à
materialização de
entidades sublimes. As
vibrações constantes das
preces, aí emitidas por
vários séculos, tinham
criado em torno da
edificação prodigioso
clima de encantamento.
Melodia celeste
derramava-se à surdina.
Gúbio e André
penetraram o jardim que
circundava o aprazível
santuário. Alguns irmãos
adiantaram-se,
acolhedores. Um deles, o
Instrutor Gama, que se
encarregava dos
serviços da casa,
abraçou-os. Eles
entraram e ficaram
sabendo, de imediato,
que outro grupo de
serviço ali também se
achava. Uma claridade
cariciosa azul-brilhante
banhava o recinto,
adornado de flores
níveas, semelhantes aos
lírios da Terra. Logo se
compôs o conjunto para
a oração. Os doadores de
energia radiante,
médiuns de
materialização do plano
espiritual, se
alinhavam, ali perto, em
número de vinte. Logo
após a prece, a tribuna
se iluminou.
Esbranquiçada nuvem de
substância
leitosa-brilhante
adensou-se em derredor
e, pouco a pouco, desse
bloco de neve
translúcida emergiu a
figura viva e
respeitável de
veneranda mulher, que a
todos cumprimentou com
um gesto de bênção, como
que endereçando a cada
um os raios de luz
esmeraldina que, em
forma de auréola, lhe
exornavam a cabeça. Duas
moças que integravam o
outro grupo de serviço
avançaram discretas e
rojaram-se, genuflexas:
"Mãe querida -- clamou
uma delas --, ajuda-me a
falar-te! A saudade
longamente reprimida é
um fogo que consome o
coração. Auxilia-me! não
me deixes perder este
doce e divino minuto!"
(Cap. III, pp. 40 e 41) (Continua
no próximo número.)