A Revue Spirite
de 1862
Allan Kardec
(Parte
14)
Damos seqüência ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1862. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. Pode alguém estar
encarnado na Terra pela
primeira vez?
Sim. Uma primeira
encarnação na Terra é
possível, mas não a
primeira encarnação do
Espírito, visto que
todos nós estamos muito
longe das primeiras
encarnações que tivemos
e não temos delas
nenhuma consciência.
(Revue Spirite de 1862,
pp. 305 e 306.)
B. Quem custeava os
gastos de viagem, quando
Kardec viajava a serviço
do Movimento Espírita?
Ele próprio, com seus
recursos pessoais, e não
os confrades visitados
ou a Sociedade Espírita
de Paris, como muitos
pensavam. (Obra
citada, pp. 321 e 322.)
C. Por que Guillaume
Remone foi sepultado
vivo?
O próprio Guillaume, em
comunicação dada em
agosto de 1862, revelou
a causa. Sua expiação
deveu-se ao fato de
haver assassinado a
própria esposa, a quem
sufocara com dois
travesseiros, no leito
conjugal. O motivo desse
crime foi ciúme. Foi,
porém, por engano que o
sepultaram com vida.
(Obra citada, pp. 323 a
328.)
Texto para leitura
146. Kardec alude a seu
projeto de escrever a
história do Espiritismo,
mas ressalva que tal
obra não sairá tão cedo
e talvez nem mesmo em
sua vida. Para tanto,
uma farta documentação
ele já conseguira
reunir. (PP. 304 e 305)
147. De Cherbourg, a
Revue publica
comunicação transmitida
por um ex-marujo da
marinha chamado Arsène
Gautier, de que ninguém
se lembrava e que, no
entanto, deu provas de
ter estado na casa da
médium, onde falecera
quinze a dezesseis anos
antes. Como o Espírito
dissesse ser aquela a
sua primeira encarnação,
Kardec perguntou a um
dos guias da Sociedade
de Paris se isso era
possível. Eis a
resposta: primeira
encarnação na Terra é
possível; mas, como
Espírito, não. Estamos
todos muito longe das
primeiras encarnações
que tivemos e não temos
delas nenhuma
consciência. (PP. 305 e
306)
148. Em resposta a uma
senhora amiga, que lhe
perguntou ser possível a
um Espírito encarnado
recuar ante uma prova
começada, Kardec
respondeu que sim. Os
Espíritos recuam com
freqüência ante as
provas e aí está a causa
da maioria dos
suicídios. E eles recuam
também quando se
desesperam e murmuram,
perdendo assim os
benefícios da prova. (P.
307)
149. É possível evocar
um Espírito mentalmente,
sem pronunciar seu nome,
e ele responder a
perguntas feitas
mentalmente sem que o
médium de nada saiba?
Kardec disse que sim e
são até muito comuns,
mas raramente obtidas à
vontade, enquanto
ocorrem espontaneamente
a cada passo. (PP. 307 e
308)
150. “A criança e o
ateu”, do Espírito de
Dulcis, e “A abóbora e a
sensitiva”, de Dombre,
compõem também o número
de outubro de 1862 da
Revue . (PP. 309 a
312)
151. Hippolyte Fortoul,
comunicando-se no grupo
de Sainte-Gemme, escreve
sobre o Espiritismo e o
Espírito maligno,
afirmando que o orgulho
é o mais encarniçado
inimigo do gênero humano
e que virá o dia em que
serão obrigados a
explicar-se publicamente
todos aqueles que
atribuem as
manifestações espíritas
ao demônio. (PP. 312 a
316)
152. Três comunicações
assinadas por Sonnet,
Barbaret e Lamennais
fecham a edição de
outubro. Eis,
resumidamente, alguns
dos ensinamentos nelas
contidos: I - O orgulho
oblitera o julgamento
sobre o que fazemos. II
- Para subtrair-nos à
influência dos maus
Espíritos, precisamos
subir, subir bastante em
virtude, e eles não nos
atingirão. III - Buscai
na palavra a sobriedade
e a concisão: poucas
palavras, muita coisa. O
Livro dos
Espíritos é toda
uma revolução, porque é
conciso e sóbrio: poucas
palavras, muita coisa.
IV - Não devemos medir a
importância das
comunicações por sua
extensão, mas pelas
idéias que encerram em
pequeno espaço. V -
Limitado na inteligência
e nas sensações e não
podendo compreender além
de certos limites, o
homem pronuncia, então,
a palavra sacramental:
sobrenatural. VI
- O Espiritismo é a luz
que deve iluminar,
doravante, toda
inteligência votada ao
progresso comum. (PP.
316 a 319)
153. Kardec reporta-se,
na edição de novembro, à
viagem feita a Lyon,
Bordeaux e a diversas
outras localidades, num
total de 20, durante
mais de seis semanas, em
que percorreu o
equivalente a 693 léguas
e assistiu a mais de
cinqüenta reuniões. Como
o relato da viagem e as
instruções transmitidas
aos centros visitados
ocupariam quase dois
números da Revue,
foi feita então uma
separata do mesmo
formato. (N.R.: A
brochura constitui hoje
obra independente,
intitulada
“Viagem Espírita em
1862”, publicada
no Brasil pela Casa
Editora O Clarim.)
(PP. 321 e 322)
154. O Codificador
aproveitou o ensejo para
esclarecer que os gastos
dessa e de outras
viagens foram cobertos
por seus recursos
pessoais, e não pela
Sociedade Espírita de
Paris, como muitos
pensavam. (P. 322)
155. Kardec pede vênia
também aos
correspondentes pela
impossibilidade material
de responder a todas as
cartas que chegaram até
ele, no período de seis
semanas em que esteve
fora de Paris. (P. 322)
156. Evocado na
Sociedade Espírita de
Saint-Jean d’Angély, em
agosto de 1862,
comunicou-se ali o
Espírito de Guillaume
Remone, cujo corpo –
sepultado vivo – seria
um dos que se vêem
mumificados nos
subterrâneos da torre de
São Miguel, na cidade de
Bordeaux. Eis, em
resumo, o que o Espírito
informou: I - Sua
expiação deveu-se ao
fato de haver
assassinado a própria
esposa, a quem sufocara
com dois travesseiros,
no leito conjugal. II -
O motivo desse crime foi
ciúme. III - Foi por
engano que o sepultaram
com vida. IV - Logo
depois da morte, ele se
via na terra, impressão
que durou cerca de 18
dias. V - Ao deixar o
corpo, ele se viu
cercado de uma porção de
Espíritos, sofredores
como ele mesmo. VI - O
Espírito da esposa foi o
primeiro a lhe aparecer,
como que para censurar o
seu crime, e ele a viu
durante muito tempo,
também infeliz. (PP. 323
a 328)
(Continua
no próximo número.)