RICARDO BAESSO
DE OLIVEIRA
kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora,
Minas Gerais
(Brasil)
Passeio
socrático
Frei Beto
caminhava por um
shopping de BH,
quando, diante
de uma loja, foi
interpelado por
um vendedor:
– O senhor
deseja algo?
E ele,
prontamente:
– Não, faço
apenas um
passeio
socrático?
– Mas do que se
trata? – indagou
o moço.
– Sócrates foi
um filosofo
grego que
gostava de
caminhar pelas
ruas de Atenas,
onde existiam
muitas lojas,
como a sua. E
certa feita, foi
abordado por um
vendedor, como
você, quanto ao
interesse em
adquirir algo.
Ele então
respondeu:
Apenas observo
as coisas que
existem que eu
não necessito
para ser feliz.
Passam-se os
séculos e os
tormentos e
ansiedades se
renovam: gastar,
comprar, trocar,
consumir cada
vez mais e
produtos mais
caros ou de
marca. Os
economistas
denominam esse
processo de
"esteira
hedonista", e as
consequências
disso para a
saúde emocional
(sem nos
referirmos aos
problemas
econômicos) são
evidentes:
insatisfação,
despeito,
brigas,
depressão.
Só existe uma
solução: a busca
de uma vida
interior mais
rica; o
entendimento de
que a essência
do bem-estar
íntimo não está
em possuir cada
vez mais e sim
em enriquecermos
de significado
as coisas que
possuímos.
Porque a miragem
de todo homem
que busca o
sucesso é uma
vida luxuosa.
Mas o que é o
luxo? O luxo é a
posse e
ostentação de
coisas raras. E
o que é raro em
nossos dias?
Conta bancária
gorda,
automóveis
importados,
mansões e
viagens para o
exterior não são
mais coisas
raras. Raros, em
nossos dias, são
o silêncio, o
tempo, a saúde,
a segurança, a
amizade sincera,
o afeto de
pessoas que nos
querem bem, a
serenidade
interior. E isso
não se adquire
com mercadoria
de troca.
Por tudo isso,
Jesus proclamou:
Buscai
primeiro o reino
de Deus e tudo o
mais vos será
acrescentado.