ARÍSIO ANTONIO
FONSECA JUNIOR
arisiojunior@yahoo.com.br
Juiz de Fora,
Minas Gerais
(Brasil)
Falemos o que se
pode compreender
“Assim também
vós, se com a
língua não
pronunciardes
palavras bem
inteligíveis,
como se
entenderá o que
se diz? Porque
estareis como
que falando ao
ar.” 1 Co
14,9.
Outra vez
voltamos nossa
atenção às
sábias palavras
do Apóstolo dos
Gentios. Em sua
primeira carta
aos cristãos de
Corinto, Paulo
discorre, entre
outros assuntos,
sobre os dons
espirituais.
O Convertido de
Damasco nos
adverte acerca
da impropriedade
de utilizar-se o
ensino em outro
idioma, tendo em
vista o pouco ou
nenhum
aproveitamento
para aqueles que
ouvem.
Transposta a
mensagem
epistolar para o
âmbito dos
oradores,
expositores,
palestrantes ou
qualquer outro
nome que se
queira dar às
pessoas de boa
vontade que se
fazem
divulgadores da
Doutrina
Espírita, temos
que pensar
bastante a
respeito dessa
missão
evangelizadora.
Um grande número
de pessoas diz
ser a literatura
espírita de
difícil
compreensão.
Para
exemplificar o
que dizem,
mencionam as
obras escritas
por André Luiz,
Emmanuel, Joanna
de Ângelis e até
mesmo as
traduções dos
livros do
pentateuco
escritos por
Allan Kardec. De
certa forma,
muitas delas têm
razão. A
linguagem mais
elevada e as
palavras
requintadas
empregadas pelos
autores
referidos, e por
tantos outros,
não é de fácil
acesso àqueles
com pouca
instrução
formal. Não é
nossa intenção
neste artigo
direcionar a
advertência de
Paulo aos
superiores
irmãos que nos
enviaram tantas
lições do Mundo
Espiritual.
Os destinatários
deste texto
somos todos nós
que, aqui no
plano terrestre,
assumiram a
tarefa de
divulgar o
Espiritismo, de
evangelizar e
evangelizar-se
através das
palavras, seja
nas reuniões
públicas, seja
nos encontros de
Mocidade, seja
no trabalho na
Escola Espírita
de
Evangelização.
E, ainda, no
ensino na rua,
através dos
escritos e das
entrevistas.
Falar o que é
compreensível ao
outro. Simples!
A mensagem de
Paulo é
transparente e
singela: fala
aquilo que seu
interlocutor
pode entender.
Contudo,
infelizmente, o
que vemos,
muitas vezes,
somos nós nos
utilizando de
palavras
rebuscadas,
falando de forma
empolada,
soberba mesmo,
para
impressionar os
ouvidos dos que
nos ouvem. Se
algumas pessoas
acham que os
livros
mediúnicos são
difíceis de
compreender, em
virtude do
linguajar
utilizado, não
devemos dar
continuidade a
essa falta de
contato com a
Doutrina
Espírita.
Sejamos os
facilitadores
para o
entendimento.
As pessoas para
as quais
preparamos
nossos estudos
compõem um grupo
tão heterogêneo
com relação ao
aprendizado
formal, que
falarmos de
forma rebuscada
é um atentado à
moral cristã,
uma ofensa à
caridade.
Os Espíritos
Superiores nos
ensinam que a
Doutrina
Espírita não
possui nenhum
caráter secreto,
obscuro, que
impeça a chegada
de todos às suas
instruções.
Assim como Jesus
glorificou o Pai
por ter podido
levar o seu
conhecimento aos
simples e aos
pequenos
(Mateus, 11.25),
também o
Espiritismo abre
a verdade do
Mundo Espiritual
a todos os que
querem
compreendê-lo. É
certo que Kardec
deixa claro que
a “maturidade do
senso moral” é
imprescindível
para a
compreensão das
verdades
espirituais (ESE,
XVII, 4).
Dessa forma, não
sendo – nem
devendo ser –
privilégio de
alguns o saber
espírita, os
divulgadores do
Espiritismo têm
uma função de
grande
importância, que
não pode ser
obstada pela
vaidade e pelo
orgulho de ser
“alguém” na
Terra. Os
títulos
acadêmicos são
válidos somente
nos círculos que
lhes tocam. No
Centro Espírita,
somos apenas
instrumentos da
mensagem divina.
O que temos de
fazer é tentar
ser o
instrumento mais
límpido
possível.
Em razão de tudo
isso, devemos
estar sempre
atentos não só
ao que dizemos,
mas também a
como
dizemos, pois
que inúmeros
irmãos, os quais
vão às reuniões
para sentirem-se
confortados,
podem sair do
Centro Espírita
à maneira de
quem não ouviu
nada, apesar de
belas palavras
terem sido
pronunciadas. E
nós, que usamos
da palavra,
podemos sair do
nosso trabalho
“como se
estivéssemos
falando ao ar”,
conforme
advertiu o autor
da Carta aos
Coríntios.