CHRISTINA NUNES
cfqsda@yahoo.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
A
visão tacanha da
sexualidade
Não existe para
onde correr. Se
esta jornada
material é
apenas um sonho,
fase transitória
de aprendizado
no qual nos
vimos
circunscritos a
determinadas
peculiaridades
da vida corpórea
que nos impõem
necessidades
passageiras e
nos suprimem a
vida a longos
haustos de
dentro daquele
contexto mais
verdadeiro e
pleno, qual o
que
reencontraremos
no nosso retorno
às dimensões
mais vastas da
vida, há que se
rever conceitos
e se
desvencilhar de
certos chavões
tacanhos no
entendimento do
papel da
sexualidade, em
voga na
mentalidade
humana desde a
conquista das
liberalidades
desenfreadas das
últimas décadas.
Um dos chavões
diz respeito ao
número ideal de
relacionamentos
sexuais mantidos
pelos
indivíduos, sem
se enfatizar
devidamente a
qualidade dos
mesmos, como se
este número,
única e
exclusivamente,
fosse o
responsável pela
felicidade e
saúde mental,
emocional e
física dos
casais.
Esquece-se com
isso de que sexo
é
preliminarmente
sinônimo de bom
entendimento e
boa química
entre seus
participantes,
de estima e de
respeito mútuos,
cumplicidade e
camaradagem; e
que disso, dessa
amálgama
bem-vinda, é que
advirá, de fato,
o desempenho de
uma sexualidade
saudável baseada
muito mais num
contexto
emocional e
espiritual
salutar do que
em paixões
fugazes,
obsessão doentia
por número de
vezes por mês e
normas
pré-concebidas
para uma questão
que
absolutamente
prescinde disso,
em razão de não
se prender a
padrões e a
receitas, como
na confecção de
um bolo.
A
saúde e a
felicidade
humana
requisitam bem
mais do que um
número
pré-concebido de
relacionamentos
sexuais:
requisitam
leveza de
consciência e de
espírito, de vez
que uma alma
conturbada com
dramas,
ressentimentos,
ódios e
desassossego nas
suas
convivências
diárias não
encontrará
ocasião para um
bom desempenho,
não somente na
área sexual de
sua vida – mas
em nenhuma
outra! Cobra
compreensão e
maturidade para
a manutenção do
equilíbrio
familiar, no
contexto do
respeito e do
carinho mútuos,
principalmente
relativos ao
exemplo na
conduta diária
dos casais, e no
enaltecimento
dos valores
individuais
antes da
preocupação em
se atormentar o
outro acerca de
suas falhas e
limitações,
emprestando a
esses relevância
maior do que a
existente nas
suas qualidades.
Quantos não
consideram seus
vínculos
amorosos, seus
relacionamentos,
enfatizando
somente o
aspecto
exclusivo do bom
desempenho
sexual,
excluindo todo o
resto?! E
quantos destes
mesmos
relacionamentos
não vemos
fracassar
diariamente, em
tempo recorde,
de vez que tudo
se reveste de
grande
transitoriedade
quanto mais seja
confinada ao
terreno movediço
e vertiginoso da
pouca duração de
um ato sexual
que, de resto, e
como tudo o mais
com o passar do
tempo, tende a
se desgastar,
modificar, e se
transformar ao
compasso das
mudanças
individuais e
dos interesses
envolvidos?!
Pergunta-se, não
raro, que foi
feito daqueles
antigos
relacionamentos
cujos últimos
representantes
ainda deparamos
nas pracinhas e
nas ruas dos
bairros das
nossas cidades –
casais que
atingiram o
inimaginável
tempo de
convivência de
cinqüenta ou
sessenta anos
apesar de todos
os percalços e
desgaste dos
fatores tanto
emocionais
quanto materiais
presentes no
histórico de
toda relação
mais duradoura.
Alguns
argumentam da
impossibilidade
deste contexto
em tempos
atuais, nos
quais a mulher,
principalmente,
não carrega a
obrigação da
manutenção de
uma relação que
não lhe agrade,
em vista das
suas conquistas
no terreno
psicológico,
emocional,
profissional e
na participação
da economia
doméstica. A
isto, todavia,
há que se
avaliar, do
ponto de vista
de sua
sexualidade,
quais foram as
conquistas de
fato. Será a
liberdade maior
de escolhas e,
de fato, a
responsável por
dias mais
felizes?! Então,
por que em
volta, e por
toda parte,
ainda a
existência do
desencanto, da
solidão crônica
que assola os
nossos dias? Se
o número de
relacionamentos
sexuais, ao
menos
teoricamente, é
maior, mais
liberto das
amarras antigas
dos tabus e
preconceitos,
por qual razão
por toda parte
os desencontros,
as tragédias
amorosas, o
descontentamento
nas relações
conjugais e
afetivas como
nunca se fez tão
crônico quanto o
observado nas
últimas décadas
de renovação
drástica de
rumos, de
entendimento e
de atitudes no
que se refere ao
âmbito da
sexualidade
humana?!
Amigos, a
realidade, mais
dia menos dia,
será uma só! A
da vida maior,
que nos aguarda
talvez que num
futuro nem tão
distante! Temos
em Allan Kardec
que, do ponto de
vista da vida
espiritual, o
item sexual não
impõe seus
imperativos tão
drasticamente
quanto na
matéria – lá,
onde os
requisitos da
procriação
corpórea, nos
mecanismos
regentes da
reencarnação nos
mundos físicos,
deixam de
existir.
Há que se
conviver, sim, e
assim como
acontece com
outros vícios e
necessidades
arraigadas que
desavisadamente
nutrimos ao
extremo durante
nossos períodos
mergulhados na
vida material,
com os
resquícios
incômodos dessas
mesmas
necessidades
que, nada
obstante, como
ecos
perturbadores,
nos flagelam em
certo grau,
requerendo a
atenção dos que
atingem as
paragens
espirituais para
com o seu campo
vibratório
saturado destes
miasmas mais
pesados e
inadequados ao
padrão vital
depurado das
moradas do
invisível.
Assim que o que
se vicia em
alimentação
animal haverá
que se depurar
gradativamente
do hábito
alimentar
nocivo,
objetivando o
contexto da vida
verdadeira no
qual a alma se
nutre de
substâncias mais
quintessenciadas,
destinadas à
profilaxia do
corpo espiritual
com vistas à
adaptação do
recém-chegado
aos moldes do
mundo ao qual
haverá de se
reintegrar; o
vício do fumo,
do álcool e
outros, bem como
as vibrações
funestas
nutridas
arraigadamente
nas expressões
baixas do nosso
campo emocional,
como as do ódio,
da mágoa,
vingança e
rancor, tanto
mais se vejam
entranhadas no
padrão
energético do
nosso espírito,
haverão de nos
chumbar,
infelizmente,
via sintonia,
durante período
indeterminado em
paragens
obscuras
condizentes,
para além das
portas da fugaz
passagem pela
vida corpórea.
E assim, também,
ocorre com o
entendimento
tacanho e a
obsessão doentia
acerca do que
seja a prática
sexual, através
da canalização
imprópria das
energias
reprodutoras
utilizadas ao
extremo, se
governadas
exclusivamente
em função de um
idealizado
"número de
vezes" tido
aleatoriamente
como saudável –
e ancorando, com
isso, o ser à
percepção
estreita do que
seja a função
mais nobre da
sexualidade
humana: jamais
número de vezes
em que se
pratica o sexo,
mas, sobretudo,
a qualidade, o
como; o de
dentro de que
contexto
emocional,
obedecendo ao
padrão mais ou
menos depurado
da química entre
os parceiros; o
saber canalizar
a mesma energia
para fins
outros, mais
criativos.
Deixemos,
portanto, de
lado, estes
clichês que mais
amarram os seres
em ansiedade,
expectativas
calcadas em
valores
inexistentes e
numa compreensão
mesquinha da
amplitude da
vida e das suas
inúmeras
possibilidades
de felicidade,
num contexto
insuspeitadamente
ilimitado para
todos nós. E
assim, sem o
peso
desnecessário
dessas amarras,
nos deixaremos
governar pelo
próprio fluxo
leve e salutar
dos
acontecimentos,
que haverão de
nos situar e
sintonizar com
as pessoas
certas e mais
necessárias ao
nosso
crescimento,
regozijo e
amadurecimento
espiritual, com
vistas a uma
melhor
adaptação, desde
já, aos
parâmetros
luminosos do
Mundo Maior!