A Revue Spirite
de 1862
Allan Kardec
(Parte
15)
Damos seqüência ao
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1862. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela
EDICEL.
Questões preliminares
A. É possível a
comunicação mediúnica de
uma pessoa encarnada?
Sim. O caso da ex-esposa
de Guillaume Remone, que
já havia reencarnado,
comprova esse fato. Na
época da comunicação ela
estava com onze anos,
mas, ao se manifestar,
falou como uma pessoa
adulta e assumiu a
personalidade daquela
que fora casada com o
Sr. Remone. (Revue
Spirite de 1862, pp. 329
a 331.)
B. O duelo pode ser
considerado um crime aos
olhos do Criador?
Sim. Duas vezes
criminosos aos olhos de
Deus são os duelistas e,
por isso, duas vezes
terrível será sua
punição, porque nenhuma
escusa será admitida,
visto que por eles tudo
foi friamente calculado
e premeditado. (Obra
citada, pp. 343 a 347.)
C. Que importância tem a
fraternidade, segundo a
Doutrina Espírita?
Base da civilização do
futuro, a fraternidade
foi objeto de importante
mensagem assinada por
Léon de Muriane, em
Lyon, numa sessão
presidida por Kardec, na
qual aquele Espírito
fala dos fundamentos da
ordem social e assevera
que a fraternidade é a
base de todas as
instituições morais e o
único meio de elevar um
estado social que possa
subsistir e produzir
efeitos dignos. (Obra
citada, p. 347.)
Texto para leitura
157. Evocou-se, em
seguida, a esposa de
Guillaume Remone, que se
encontrava encarnada.
São João Batista, o guia
da sociedade, esclareceu
que naquele momento seu
corpo físico dormia e,
por isso, ela poderia
vir. A primeira
pergunta feita
produziu-lhe, contudo,
muita perturbação e ela
mesma pediu, com apoio
do guia espiritual, que
cessassem as perguntas.
São João explicou que se
tratava de uma criança
na vida corrente e a
fadiga do Espírito
poderia ter uma penosa
reação sobre seu corpo.
(P. 329)
158. São João prestou,
então, as seguintes
informações
relativamente ao caso: I
- Remone e a esposa não
se haviam, ainda,
perdoado. II - Se eles
se encontrassem na Terra
como encarnados teriam
mútua antipatia. III - A
esposa conservava na
atual existência o sexo
feminino e estava no
momento com onze anos.
IV - Filha de um rico
negociante, residia nas
Antilhas,
especificamente, em
Havana. V - Suas provas
na atual existência
serão a perda da
fortuna, um amor
ilegítimo e sem
esperança, acrescido da
miséria e de duros
trabalhos. (PP. 329 a
331)
159. A
fim de completar o
estudo em curso, o grupo
resolveu, com permissão
do guia espiritual,
evocar o cúmplice da
Sra. Remone, um Espírito
ainda muito atrasado,
que era, na época, um
simples chefe de
portaria no tribunal, de
nome Jacques Noulin.
(PP. 331 a 335)
160. A
Revue traz a
receita de uma pomada
que foi ditada, por seu
protetor espiritual, à
senhorita Ermance Dufaux
(a médium que escreveu
mediunicamente a
história de Joana d’ Arc),
de eficácia comprovada
em toda sorte de chagas
ou feridas. Um de seus
tios a trouxe da
América, mas a receita
se perdeu. Padecendo de
um mal na perna, muito
grave e muito antigo, e
que havia resistido a
todo tratamento, ela
perguntou a seu protetor
se para ela não haveria
cura possível. Ele
ditou-lhe então a
receita perdida. Em
pouco tempo, a perna da
senhorita Dufaux estava
cicatrizada e, como ela,
sua lavadeira e um
operário conhecido
também foram curados.
Aplicada sobre
furúnculos, abcessos,
panarícios, a pomada
consegue em pouco tempo
rebentar e cicatrizar.
(PP. 336 a 338. Ver
também nota constante da
pág. 386)
161. “Meu Testamento”,
recebido pela Sra. E.
Collignon, e “O Monólogo
do Burrico”, pelo Sr. J.
Joubert, de Carcassone,
são as poesias espíritas
da edição de novembro.
(PP. 338 a 341)
162. A
Revue publica,
ainda, uma carta
dirigida pelo Sr. J.
Joubert, Vice-Presidente
do Tribunal Civil de
Carcassone, ao Sr. Sabô,
de Bordeaux. Kardec
comenta, a propósito,
que o Espiritismo
contava já, naquela
época, com numerosos
adeptos nas fileiras da
magistratura e da
advocacia, bem como
entre funcionários
públicos, embora nem
todos ousassem enfrentar
a opinião pública, ao
contrário do que se dava
com o missivista Joubert.
(PP. 342 e 343)
163. Comunicação
recebida em Bordeaux
pelo Sr. Guipon, em
novembro de 1861, tece
várias considerações
sobre o duelo,
apresentando as
consequências
espirituais e humanas
dessa prática. Como se
sabe, duas vezes
criminosos aos olhos de
Deus são os duelistas e,
por isso, duas vezes
terrível será a sua
punição, porque nenhuma
escusa será admitida,
visto que por eles tudo
foi friamente calculado
e premeditado. (PP. 343
a 347)
164. Felizmente, lembra
Kardec, os duelos
tornavam-se cada vez
mais raros, ao menos na
França, o que indicava o
abrandamento dos
costumes. Hoje, ao
contrário de outras
épocas, a morte de um
homem é um acontecimento
que comove as criaturas,
enquanto no passado não
se ligava a isso grande
atenção. (P. 347)
165. Léon de Muriane
transmitiu em Lyon, em
sessão presidida por
Kardec, importante
comunicação em que fala
dos fundamentos da ordem
social e assevera que a
fraternidade é a base de
todas as instituições
morais e o único meio de
elevar um estado social
que possa subsistir e
produzir efeitos dignos.
(P. 347)
166. O mesmo Espírito
explicou, na referida
reunião, por que
inspirara ao médium
Émile V... a frase:
“Aqui jazem 18 séculos
de luzes”, que
servia de título a um
quadro alegórico onde
ele pintara um féretro.
Seu pensamento era que
dezoito séculos se
haviam passado desde que
Jesus nos legou o
Evangelho, colocando sua
mensagem ao alcance de
todos. Mas que lhe
aconteceu? “As paixões
terrestres se apoderaram
dela; esta foi metida
num caixão, de onde
acaba de tirá-la o
Espiritismo. Eis a
alegoria”, explicou Léon
de Muriane. (PP. 348 e
349)
167. Sanson, antigo
membro da Sociedade
Espírita de Paris,
escreve sobre o papel da
Instituição dirigida por
Kardec, asseverando que
ela faz jorrar seu
pensamento no mundo
todo. “Sua força -- diz
Sanson -- não está no
círculo onde se realizam
suas sessões, mas em
todos os países onde são
seguidas as suas
dissertações, em toda
parte onde ela faz lei,
à vista de seus ensinos
inteligentes.” (PP. 350
e 351)
(Continua
no próximo número.)